1 de out. de 2009

Um site para aprender inglês praticando

o link: http://www.hylte.se/safirenglish/

"Tenho orgulho de ser jornalista", afirma Gay Talese

"As pessoas esquecem que os jornais vão e vêm. O jornalismo, não. As pessoas vão sempre precisar de notícia e informação. Sem informação não se administra um negócio, não se vende ingresso para o teatro, não se divulga uma política externa.

 Todos os dias, nos jornais das cidades grandes ou pequenas, repórteres vão à rua para fazer o que não é feito por mais ninguém. De todas as profissões, se um jovem estiver interessado em honestidade e não estiver interessado em ganhar muito dinheiro, eu aconselharia o jornalismo, que lida com a verdade e tenta disseminar a verdade. 

Há mentirosos em todas as profissões, inclusive no jornalismo, mas nós não os protegemos. Os militares acobertam mentirosos. Os políticos, os partidos, o governo, todos fazem isso. O escândalo do Watergate é uma crônica de acobertamento. Os jornalistas não agem assim, não toleram o mentiroso entre eles. Acho uma profissão honrosa, honesta. Tenho orgulho de ser jornalista."

Intrigas de Estado: jornalismo pra quê? Por Patrício Junior

De um lado, um jornalista experiente de um dos maiores jornais do mundo. Do outro, uma jovem blogueira responsável pelo braço on-line do jornal. No centro, um escândalo que envolve um promissor senador da república. Na tela, a crua diferença entre o jornalismo responsável e o jornalismo banal. Crua a ponto de você sentir saudades da época em que comentários eram cartas e audiência eram edições vendidas. Esse é um resumo de "Intrigas deEstado", que coloca Russel Crowe, Ben Affleck, Helen Mirren e Rachel McAdams num longa que tem gostinho de Oscar. De melhor filme.

A trama de "Intrigas de Estado" começa com dois crimes aparentemente sem relação. De um lado da cidade, um sem-teto é assassinado entre latas de lixo. Do outro, a assessora de um senador morre no metrô. Aos poucos, a investigação da imprensa liga esses dois crimes e aponta para uma grande conspiração envolvendo senadores, empresas e o Departamento de Defesa. Uma verdadeira bola de neve que desaba completamente na mesa dos dois jornalistas em questão.

A grande trama do filme, porém, é outra. Esta, muito mais burilada. O filme trata do fim do grande jornalismo com a chegada da internet. E vemos, ao longo de muitas reviravoltas de tirar o fôlego, a luta do personagem de Russel Crowe em não sucumbir à notícia fácil dos blogs e apurar a verdade até o fim. Até chegar ao supra-sumo da verdade.

Coincidência ou não, esta semana Gay Talese, grande nome do new journalism, deu uma entrevista à Veja em que fala um pouco sobre essa nova realidade da imprensa. Segundo ele, a internet tende a reduzir nossa visão de mundo ao responder diretamente nossas questões sem dar margem ao acaso. Não é um panorama a ser ignorado. E o filme trata dessa questão de uma forma muito inteligente: o que poderia ser apenas um crime sem importância, perdido entre as centenas de atualizações diárias de um portal jornalístico, acaba se revelando o furo jornalístico do ano. Tudo porque um profissional se empenha em fazer algo cada vez mais raro hoje em dia nas redações: apurar o fato.

O filme não puxa o lado pro jornalismo antigo, nem defende o jornalismo on-line. Apenas nos mostra uma realidade: na internet, não há grandes reportagens; ao passo que nos jornais impressos está cada vez mais difícil fazer esse tipo de trabalho. Uma fala da editora do jornal, interpretada grandiosamente por Helen Mirren, explica essa controvérsia: "Isso é uma notícia; o desmentido disso é outra notícia; a repercussão do desmentido é mais uma notícia; e tudo isso significa milhões de edições vendidas". Ao contrário do que se possa imaginar, Helen Mirren não interpreta uma vilã. É apenas uma editora desesperada por manter um negócio que não se mostra mais lucrativo. Uma dura realidade global.

"Intrigas de Estado" é muito mais que um filme de suspense e ação. Mas se você quer apenas um filme de suspense e ação, ele cumpre perfeitamente o papel. Tem seqüências de tirar o fôlego, reviravoltas impressionantes e um roteiro muito bem amarrado. Se depois do filme você quiser pensar um pouquinho, vai perceber que a cena inicial casa perfeitamente com a cena final. E o filme poderia se resumir a estas duas cenas: não fosse um jornalista que resolveu cumprir seu dever de apurar a verdade.

Fonte: http://colunas.digi.com.br/patricio/intrigas-de-estado-jornalismo-pra-que/. 

26 de set. de 2009

Belo Monte - ainda falta muito a ver

por Washington Novaes


Certamente ainda haverá tempestades no caminho do licenciamento e da
implantação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, que o
ministro do Meio Ambiente anunciou que "provavelmente" receberá
licença provisória do Ibama em novembro e, pelos cálculos oficiais,
deverá estar concluída até 2014, ao custo estimado de R$ 16 bilhões
(Estado, 23/9). Será a terceira maior hidrelétrica no mundo, com obras
de escavação de terras (150 milhões de m3) e de rochas (60 milhões de
m3) em volume superior ao do Canal do Panamá. Sua potência nominal
será de 11,2 mil MW nos períodos de vazão mais favorável e de menos de
1 mil MW nos mais desfavoráveis. Com isso, a chamada "energia firme"
será de 4 mil MW. Na média, seriam 4,5 mil MW.

O Ministério Público Federal, apoiado pela OAB e outras instituições,
já anunciou o ajuizamento de pedido para anulação das audiências
públicas realizadas, com o argumento de que a manifestação da
sociedade quanto aos impactos sobre 80 mil pessoas em 66 municípios
foi dificultada - além da falta de previsão para compensação de
dezenas de milhares de famílias atingidas, a "superestimação da
energia e dos empregos gerados na obra" e a não-avaliação das
consequências na floresta da provável secagem da água num dos canais.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) - dizem os jornais - pedirá a
revisão dos estudos e pronunciamento do Congresso, por entender que
não foram suficientemente avaliados os impactos em nove terras
indígenas.

O coordenador de um painel de 38 especialistas que analisaram o estudo
de impacto ambiental, professor Francisco Hernandes, da USP, diz que o
documento também subestima as consequências da migração de quase 100
mil pessoas para a área, atraídas pelas obras. A seu ver, o custo da
obra deveria incluir o das infraestruturas urbanas necessárias para
atender a esse contingente - mas não inclui; e isso deveria ser
computado no custo do kW/hora a ser produzido (Folha de S.Paulo,
20/9). Da mesma forma, não se avalia o que significará que quase 18
mil das 18.700 pessoas a serem contratadas para a obra serão
dispensadas no final. Nem se considera que com o seccionamento de
igarapés será fortemente afetada a pesca, da qual dependem 72,9% dos
moradores de Volta Grande.

Não é um problema diferente do que já surgiu em outros projetos de
hidrelétricas na Amazônia, desde a de Tucuruí, na década de 80. Sobre
essa, lembra o professor Maurílio de Abreu Monteiro, da Universidade
Federal do Pará, no número 53 da revista Estudos Avançados, da USP,
que o orçamento de US$ 2,1 bilhões chegou ao final a US$ 7,5 bilhões,
sem incluir o custo das linhas de transmissão, rede viária, sistema
portuário, etc. E como a energia para os grandes usuários (produtoras
e exportadoras de alumínio e ferro gusa) foi subsidiada (em mais de
50%), o primeiro contrato gerou para a Eletronorte prejuízos (há quem
diga que foram US$ 4 bilhões, repassados para as contas de energia de
todos os usuários no País; no segundo contrato o subsídio foi
ligeiramente reduzido). E ainda sem falar no consumo de 5 milhões de
toneladas de carvão vegetal para produzir até 2004 quase 5 milhões de
toneladas de ferro-gusa.

E ainda não é essa a parte mais contundente de estudos sobre Belo
Monte. O Boletim Regional, Urbano e Ambiental, do Ipea (julho de
2009), que pertence à Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República, traz análise que considera extremamente
problemáticos projetos como esse, examinados sob o ângulo da
sustentabilidade da produção de alumínio primário na Amazônia. É uma
análise do coordenador de Meio Ambiente e do Fórum do Ipea de Mudanças
Climáticas, José Aroudo Mota, e da pesquisadora Dumara Regina Mota, do
Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB. Para eles, a produção do
alumínio, "atividade intensiva em recursos naturais e de grande
impacto ambiental", além de "intensiva em capital e tecnologia",
associada ao comércio internacional, "ainda não se demonstrou capaz de
contribuir para a redução das desigualdades sociais e regionais, que
colocam os índices de desenvolvimento humano da região abaixo dos
índices nacionais". Mais ainda: essa atividade precisa "internalizar"
os impactos sociais e ambientais de sua exploração.

Será difícil para os governos federal e estadual ignorar esse
diagnóstico, no qual está dito que a indústria dos eletrointensivos,
"controlada por um pequeno número de grandes corporações", desde a
transformação do minério até os produtos finais, forma também um
"cartel de exportação" que "controla igualmente os preços e mercados".
E isso está presente no aproveitamento da terceira maior reserva
mundial de bauxita, na Amazônia. Mas a implantação do polo exportador
"envolve o reassentamento de comunidades inteiras, o inchaço de
cidades, o desflorestamento e a perda da diversidade biológica e
cultural, além de mudanças no regime hidrológico e a geração de
resíduos contaminantes do solo, da água e do ar". Mais: gera conflitos
com a população, como no entorno de Tucuruí, que "sofre ainda com
problemas de abastecimento de energia".

Sob esse ângulo, destaca o estudo a incapacidade dos municípios de
responder à nova demanda por saúde, educação e infraestruturas urbanas
- até porque os projetos que utilizam a energia são beneficiados pelas
isenções de impostos. Como destaca que não se leva em consideração que
"o alumínio responde pela emissão de perfluorcarbono, e que tem um
potencial de 6.500 a 9.000 vezes maior que o do dióxido de carbono". E
Belo Monte, conclui o estudo, significa o aumento da oferta de energia
para aquele setor, que induz "padrões intensivos de exploração de
recursos e serviços naturais, bem como contribui para o acirramento
das desigualdades sociais em escala local.

Parece claro que não há como ignorar tantas questões. É preciso
colocá-las na balança antes de licenciar a obra.

Washington Novaes é jornalista E-mail: wlrnovaes@uol.com.br

Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090925/not_imp440644,0.php

17 de set. de 2009

Jornalismo no divã da telona por Leonardo Leal

Explorando uma relação conturbada no mundo real, que é a do jornalista
com as fontes. O filme Intrigas de Estado (State of Play, EUA,
Inglaterra, 2009) analisa, por consequência, os dilemas e caminhos do
jornalismo no século XXI, que tem seguido a tendência de ser dominado
por corporações e, aumentado a perseguição pelo lucro em detrimento do
papel social. O diretor Kevin Macdonald (que já havia feito um
trabalho reflexivo com O Último Rei da Escócia) aborda aspectos
contemporâneos que estão mudando a forma de se fazer e de se comprar
notícias.

Russel Crowe, que faz o papel do jornalista Cal McAffrey, é
caracterizado como um jornalista veterano (outsider), que escreve
pouco e tem um custo alto para a empresa. Ele ao chegar à redação vê
uma placa sendo afixada embaixo do nome do jornal, que mostra a
aquisição do jornal pela 'MediaCorp' – um provável monopólio de
informações. O detalhe da cena é um dos aspectos que o filme vai
explorar durante o desenrolar, o domínio das corporações,
principalmente, a dos serviços de segurança, como a 'PointCorp'.

No longa metragem, a 'PointCorp' está sendo investigada por um
deputado americano, Ben Affleck no papel de Stephen Collins, que
desconfia das licitações do governo em relação a 14 diferentes
empresas de segurança, tanto dentro do país como nos serviços de apoio
ao exército americano no Iraque e Afeganistão. O deputado quer provar
que as empresas fazem parte de um único grupo que monopoliza os
serviços e têm forte influência política – semelhante à vida real, com
os tradicionais lobbies.

A atriz coadjuvante é a repórter iniciante Della Frye, interpretada
por Rachel McAdams, que atende aos objetivos do jornal, nas palavras
da editora Hellen Mirren (Cameron Lynne): escreve um artigo atrás do
outro; tem um custo baixo para o jornal e um blog no qual especula as
relações pessoais dos políticos.

Ao conversar com a editora, o veterano repórter se queixa do
computador antigo e diz que a edição impressa não vai muito bem, mas
que a versão online tem tido muito sucesso, mesmo que a Internet não
tenha conseguido adquirir credibilidade do impresso.

A história se desenvolve a partir da morte de uma funcionária do
congressista Collins que investigava a empresa de segurança e os
lobbies dela junto ao governo. Após a morte da secretária do deputado,
a mídia vai explorar a morte com o escândalo do envolvimento de
Collins com a funcionária. As lágrimas do deputado em frente às
câmeras servem como ponto de partida para as especulações midiáticas.

A hipótese inicial é que ela tenha cometido suícidio, porém McFrey e
Della Frye vão mais além do senso comum e passam a investigar outra
hipótese: Quem matou Sônia Baker? Na investigação o suspense se
desenvolve e revela uma cadeia de eventos relacionando políticos,
empresários e ex-militares.

A relação de amizade entre o jornalista e o deputado, que se
conheceram nos tempos da universidade é explorada no filme com a
questão: Até que ponto um amigo é inocente? Acreditando nesta
premissa, o repórter defende o congressista com ações questionáveis
por seus colegas e superiores da redação.

Além do dilema citado acima, o filme também propõe outros
questionamentos relevantes no qual o jornalismo é o ator principal.
Pode-se perceber uma pressão maior sobre repórteres e editores na
atualidade, provocada pelo surgimento da Internet e das inovações que
ela trouxe, como os blogs, o excesso de informação e a batalha para
informar o leitor a cada segundo.

A mistura de informação, interpretação, opinião e entretenimento é
abordada no filme. Provando que aquilo que pode ser bom para quem
escreve, muitas vezes se torna um labirinto para quem lê; obrigando o
leitor a confirmar informações e separar opiniões de notícias, sem ser
avisado.

Sutilmente, o longa questiona o caráter do jornalista ao apresentar
uma relação de amizade com toques de romance entre o repórter e a
mulher do deputado, Anne Collins, interpretado pela atriz Robin Wright
Penn. Em diversos momentos os amigos do repórter o questionam se as
perguntas que ele faz, não são do tipo que se faz para as fontes;
novamente se questiona a mistura entre amizade e relação profissional

Como uma história sempre leva a outra, e como um filme dedicado à arte
de informar não poderia deixar de fora, aquilo que é mais comum do que
parece: a virada de pauta ou, reviravolta no caso; e que muitas vezes
é um questionamento do próprio trabalho do repórter sobre a certeza
das informações que se apura, que às vezes leva a caminhos diferentes
do real.

O edifício Watergate faz referência ao famoso caso que derrubou o
presidente Nixon. Outras referências também vão levar à comparação com
Todos os homens do presidente. Principalmente quando os repórteres
McFrey e Della Frye vão em busca das fontes.

Intrigas de Estado se tornará um filme obrigatório nos cursos de
jornalismo. O motivo principal será mostrar que o que se aprende na
faculdade deverá ser complementado com o cotidiano e a experiência dos
'dinossauros' das redações. Também porque a ética é de fundamental
importância na profissão.

Embora os jornalistas não coloquem em risco a vida das pessoas, com
certeza as reputações estão em jogo, e há casos de pessoas que cometem
suicídio ao terem sua reputação abalada após a divulgação de uma
notícia.

Ele também vai demonstrar que, independente das adaptações a que são
obrigados os jornalistas, os princípios permanecem e dão credibilidade
ao jornalismo não importando o meio em que a mensagem é transmitida.
Como neste exemplo da tela grande.

11 de set. de 2009

A lógica do STF na questão da não exigência do diploma de jornalista por Yone de Carvalho Abelaira

Um dos argumentos dos ministros do STF para derrubar a obrigatoriedade
do diploma para o exercício do jornalismo foi de que tal exigência
fere a Constituição Federal no artigo que garante ao cidadão a
liberdade de expressão. Tal argumento é, no mínimo, pobre, se
considerarmos o fato de que nunca antes neste país, e nem em qualquer
outra parte do mundo, tantos produziram tanta informação. É
desnecessário lembrar a revolução que a Internet provocou na
quantidade, na velocidade, no conteúdo e na forma como a informação
passou a circular pelo planeta. Falar em falta de liberdade de
expressão na era de sites, blogs, fotologs, twitter, facebook e mais
não sei é querer tapar o sol com a peneira.

Seguindo no terreno do lugar comum, já que não adianta chorar pelo
leite derramado, proponho, então seguindo a lógica do STF, uma
revolução nos nossos costumes. Todos hão de concordar que se a
liberdade de expressão garantida na Constituição Federal, precisa ser
mantida à custa de assassinar uma carreira, podemos sugerir ao STF uma
ação que proponha extinguir a necessidade de carteira de habilitação
para o motorista, já que tal exigência fere o direito de ir e vir dos
cidadãos. Segundo a lógica dos ministros do Supremo, assim como
qualquer alfabetizado pode exercer a função de jornalista, o cidadão
que dirige bem e nunca foi multado está apto a exercer a função de
motorista, sem que seja necessário fazer uma prova de habilitação. Aí,
alguém pode argumentar: "mas ele não precisa ir de carro! Pode pegar
um ônibus, o metrô, ir de táxi". Mas, assim, ele estaria tolhido de
optar por dirigir o próprio veículo e isso fere sua liberdade de ir e
vir.

A exigência do diploma não proibia ninguém de se expressar, de tornar
públicas as suas ideias, ainda mais nos dias de hoje. O que ela
preservava era a qualidade da informação, era a formação e a ética no
ato profissional de informar. Haverá quem argumente que o diploma não
garante um bom profissional. Concordo. Cabe aos empresários julgar e
contratar aqueles que exercem o cargo com competência e ética. E isso
é válido para qualquer profissão. Existem médicos bons e ruins, todos
com diploma. O bom hospital só contrata os melhores. Bons e maus
advogados existem aos milhares. Os grandes escritórios só contratam os
eficientes. Há, também, juízes respeitáveis. E há os medíocres, os
vendidos aos interesses do grande empresariado. Acho que boa parte
desses acaba de enterrar uma profissão e milhares de sonhos.

Um bom conselho aos que estão cursando a faculdade de Comunicação
Social e que, até ontem, sonhavam em ser jornalistas é de que
abandonem a carreira e peçam transferência para o curso de Direito.
Quem sabe, no futuro, não consigam escrever para alguma coluna de
defesa do consumidor de algum jornal comunitário?

fonte: http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2009/06/18/a-logica-do-stf-na-questao-da-nao-exigencia-do-diploma-de-jornalista-756404486.asp

4 de set. de 2009

Gabeira escreve na folha sobre a pirotecnia do pré-sal

Você diz alô, eu digo adeus

No momento em que o governo faz uma grande festa pelo pré-sal, a
revista "Foreign Policy" publica um número sobre o longo adeus do
petróleo.
É tão grande o impacto festivo que um prefeito de Pernambuco
perguntou: já posso contar este mês com o dinheiro do pré-sal?
Ao governo interessa desinformar -para isso tem um grande aparato. Mas
é fundamental nesse confronto fortalecer algumas teses. A primeira
delas é de que o recurso do óleo deveria ser usado para nos
libertarmos dele.
Parece simples. No entanto, pesquisas indicam que um terço dos
royalties são gastos por algumas cidades para aumentar a máquina
administrativa. Isso quer dizer dar mais empregos e aumentar o poder
dos grupos políticos locais.
Fala-se em usar a Noruega como modelo econômico de exploração. Mas
nada se fala no modelo de proteção ecológica de lá.
O interessante é que o Estado não combinou com os russos, e o modelo
talvez não seja atrativo para empresas. A Petrobras cuida de quase
tudo, drenando imensos recursos que poderiam se voltar para a energia
renovável.
O importante é que houve uma grande festa. Alguns, como Sarney, saíram
de sua pirâmide para celebrar; outros, como Dilma, de resguardo contra
perguntas delicadas, reapareceram protegidos. Já havia legislação e
toda uma história do petróleo no país. Mas a pressa em festejar parece
maior que a de pesquisar e contabilizar os recursos para saber o que
fazer com eles.
A diferença entre Obama e Lula em energia está no ministro que
escolheram. Lá é um Prêmio Nobel de Física; aqui é o Lobão, que
prepara uma nova estatal, para a alegria de netos, filhos e amantes.
Fazer um fogo e distribuir espelhinhos foi tática do poder desde a
chegada dos portugueses.
Caramuru.

Censura para alguns, vale-tudo para outros por Washington Novaes

(fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090904/not_imp429373,0.php )

Quando faltavam três dias para completar um mês desde que um juiz de
Brasília impôs a inacreditável censura prévia a este jornal -
impedindo-o de cumprir sua missão de levar informações que deveriam
ser públicas à sociedade (que tem o direito de acesso a elas) -, o
Judiciário envolveu-se em mais um desses episódios que o tornam parte
decisiva da atual crise institucional do País. E o fez com uma
sentença do Supremo Tribunal Federal (STF) - por maioria escassa - que
retira mais um direito dos cidadãos, o do sigilo em suas contas
bancárias, e na prática dá a autoridades livre acesso a elas, que lhes
deveria ser vedado. E ainda com a diferença de entender que o único
culpado é o dirigente da instituição bancária que violou o sigilo; um
ministro (na época do incidente) e seu assessor de Comunicação, a quem
as informações sigilosas foram levadas, de nada têm culpa. Com isso o
ex-ministro não precisa ser processado e pode candidatar-se a altos
cargos públicos, embora ainda responda a uma dezena de processos por
improbidade administrativa.

Não é o primeiro imbróglio que leva o Judiciário à frente do palco
onde já se encontram o Legislativo e o Executivo. O primeiro, com
escândalo atrás de escândalo, tem 30 dos 81 senadores respondendo a
processos por crimes de natureza pública, ao lado de 165 deputados
federais processados pelas mesmas razões. O segundo, no jogo da
manutenção do poder, alia-se a inimigos que denunciava ontem, fecha os
olhos ao que for preciso. Mas tudo configura um quadro que leva a
temer rupturas indesejáveis, dado o horror que vai tomando conta de
boa parte da sociedade.

Censura à comunicação nos termos em que foi decretada por um juiz leva
a memória de volta aos tempos mais duros do regime militar, em que até
porteiros de Ministérios se davam ao desplante de, por telefone,
ordenar a órgãos de comunicação que não divulgassem este ou aquele
fato. Sem apelação. Ainda com muitos textos em seus arquivos, todos
simplesmente vedados por inteiro com um enorme X atravessando as
páginas, o autor destas linhas se lembra de um episódio muito
demonstrativo da prepotência, na época em que dirigia a redação do
Globo Repórter (da Rede Globo), na década de 70. Ali, os roteiros
finais e os programas gravados tinham de ser vistos e aprovados por
censores da Polícia Federal, que impunham cortes parciais ou totais,
sem nem sequer justificar a decisão. Foi assim com programas sobre as
invasões no Pontal do Paranapanema, sobre o desaparecimento de Sete
Quedas, sobre riscos da energia nuclear, sobre poluição em Salvador e
em rios que deságuam em sua baía, sobre a vida de um delinquente
juvenil - Wilsinho Galiléia - morto aos 17 anos pela polícia (programa
dirigido por João Batista Andrade).

Talvez o caso mais aberrante tenha sido o de um documentário adaptado
da TV inglesa e ali já exibido, sobre pigmeus africanos. A censora que
assistia à versão final determinou a este escriba que cortasse toda a
sequência mais bonita e emocionante, que documentava com muita
delicadeza o nascimento de um pigmeu, sua saída do ventre da mãe. E
ante a pergunta sobre as razões desse corte, limitou-se a censora a
responder: "Porque uma criança não pode ver isso, uma mulher nua dando
à luz." Ante o argumento de que as crianças do Rio de Janeiro (onde
estávamos) e de outros lugares viam todos os dias mulheres de biquíni
e "fio dental" nas praias, praticamente nuas, insistiu: "Mas é
imoral." Um terceiro argumento - "é inacreditável que a senhora,
mulher, considere imoral o momento mais bonito da vida das mulheres" -
de nada adiantou, a censora foi categórica: "Corta!" E cortada foi
toda a sequência.

Estaremos nos aproximando de tempos semelhantes, e não apenas por
causa de censura prévia à comunicação, de um lado, e liberalidade
inaceitável para poderosos? Que dizer do quadro da Justiça no País,
que a toda hora volta a ser objeto de noticiário, por causa de
episódios extremos?

Quando escreveu o capítulo A conquista dos direitos e o acesso à
Justiça para o Relatório do Desenvolvimento Humano no Brasil 1996 (do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o autor destas
linhas documentou na Justiça brasileira um quadro preocupante: 25% dos
cargos de juiz não preenchidos, processos acumulados às centenas de
milhares em todos os graus, a cidadania "em boa parte um atributo de
apenas uma parte da população; em amplas áreas a exclusão social não
permite sequer o reconhecimento dos direitos fundamentais, muito menos
o acesso à Justiça" (será que o caseiro Francenildo, que teve seu
sigilo bancário violado, aí se reconheceria?).

Seria outro o quadro hoje? O noticiário das últimas semanas informa
que há 45 milhões de processos à espera de julgamento na Justiça. Só
em 2008 deram entrada 70,1 milhões de ações novas; em 2007 haviam sido
67,7 milhões. E o estoque crescendo.

A garantia do reconhecimento dos direitos do cidadão inscritos na
Constituição é um dos pressupostos da democracia. Mas quando não pode
contar com a Justiça, a quem o cidadão recorrerá? À força, correndo
riscos? E se a isso se agrega a descrença nos outros Poderes da
República, como ocorre agora com parte dos cidadãos?

Teremos de repensar esse quadro institucional, inclusive para escrever
na Constituição que a informação é um bem da sociedade e o acesso a
ela, um pressuposto da democracia ("quem tem mais informação tem mais
poder", costuma-se dizer). A experiência da censura no período militar
mostrou à exaustão os males a que se submete a sociedade. Não podemos
chegar a outra situação terminal. Mas é fundamental que a sociedade
seja capaz de formular os caminhos reparadores. É preciso repetir e
repetir que apenas a "retórica da indignação" que presenciamos hoje,
sozinha, a nada leva. É decisivo fazer chegar ao mundo da política as
propostas da sociedade para mudar os nossos rumos.

Washington Novaes é jornalista
E-mail: wlrnovaes@uol.com.br
Artigo publicado na pág. 2 do Jornal O Estado de SP

2 de set. de 2009

Science Facts

Deixai que os fatos sejam fatos naturalmente
Sem que sejam forjados para acontecer
Deixai que os olhos vejam os pequenos detalhes
Lentamente deixai que as coisas que lhe circundam
Estejam sempre inertes como móveis
Inofensivos para lhe servir quando for
Preciso e nunca lhe causar danos
Sejam eles morais físicos ou psicológicos
.
.
let the facts be facts naturally
without they be forged to happen
let our eyes to see the small details
slowly let things that surround you
be always mobile and harmless inert
to serve you when you need and never cause
physical, moral or psychological damages

Fonte: http://www.drliteratura.blogspot.com/

26 de ago. de 2009

Manifesto Jornalístico por Leandro Fortes

Uni-vos!

Não tem mais "barriga" nos jornais brasileiros, ninguém é sequer advertido quando faz uma cagada. Só pode ser. Ou é má fé explícita. Essa matéria recente sobre Tião Viana, na Folha de S.Paulo, tirada do nada, é uma investigação jornalística enviesada, usada para encobrir uma óbvia encomenda editorial. A assessoria do senador já havia informado à repórter sobre o fato de o imóvel estar no nome da mulher dele. Mas aí aparecem os tais "especialistas" convocados, sistematicamente, para dar suporte às chifradas jornalísticas dessa que ainda se intitula "grande imprensa".

 Olhem o trecho da chamada do portal UOL, do qual sou assinante, e, por isso, cobro duplamente:

 "A assessoria do senador alegou que o terreno não foi declarado à Justiça Eleitoral porque pertencia à sua mulher, Marlúcia Cândida Viana. Mas, como o senador é casado em regime de comunhão total de bens, o imóvel pertence aos dois, segundo tributaristas ouvidos pela Folha."

O que significa isso? A interpretação ocasional de tributaristas como mecanismo para se montar um escândalo! Não nutro nenhuma simpatia pelo senador Tião Viana, tão novo e já deslumbrado com a chaga do patrimonialismo, a ponto de ter dado à filha, em viagem de férias ao México, um celular do Senado para que ela gastasse à vontade. Coisa, aliás, que ela levou a sério: a conta foi de 14 mil reais, só ressarcidos aos cofres públicos porque a mordomia foi descoberta. Isso, no entanto, não justifica o exercício de um certo tipo, este sim, escandaloso, de jornalismo, cada vez mais difundido como normal e corriqueiro. E é coisa diária, diuturna, que despreza a inteligência alheia, o poder da internet, a capacidade de reação dos leitores e dos jornalistas, estes, culpados em última instância.

A canalha é de jornalistas, não de patrões, é preciso que se diga. Quem faz o trabalho sujo nas redações não são os donos dos meios de comunicação, são os jornalistas. O problema é que as redações, hoje, têm gente demais disponível para fazer qualquer coisa. Vive-se a primazia da má fé e louva-se a inversão dos valores como condição primordial à sobrevivência dentro do mercado. Não é verdade. É possível ser jornalista e trabalhar em qualquer lugar sem se submeter ao mau-caratismo. Arriscado, mas possível.

O pior é que nós, jornalistas, temos uma arma institucional com alto potencial de marketing corporativo, a cláusula de consciência do Código de Ética, mas a coisa virou letra fria. Tinha que ter uma campanha dos sindicatos e da Fenaj, dentro das redações, com o slogan "Isso eu não faço!". Para o jornalista novo, o foca, o repórter que está angustiado se sentir apoiado pela categoria. Para dizer, sem medo: isso eu não faço porque é ilegal, é imoral, é desrespeitoso, é injusto, é antijornalístico, enfim.

A internet abriu uma perspectiva sem limites para se fazer alguma coisa de concreto, além de expor esse estado de coisas na blogosfera, que já é uma coisa sensacional. Eu queria muito que todos nós, jornalistas do Brasil, pensássemos na possibilidade de criar um blog coletivo, jornalístico, independente, com receita publicitária capaz de fazer as coisas funcionarem. Para se posicionar acima dessas figuras que aí estão, cheias de cargos, títulos honoríficos e salários polpudos, mas incapazes (ou capazes até demais) de entender o valor agregado da blogosfera e o potencial crítico – e realmente jornalístico – do mundo virtual.

As grandes estruturas de comunicação do Brasil têm dinheiro, crédito, pessoal e equipamento, mas, apesar de toda essa vantagem, estão aprisionadas por compromissos políticos e econômicos cada vez mais restritos. Ficam assustadíssimas, contudo, com a capacidade que a internet tem para tornar explícita essa relação e, mais ainda, colocar a nu o mundinho autista e auto-referencial no qual estão encapsuladas. Um mundo onde repórteres e colunistas escrevem uns para os outros, se auto elogiam e compartilham vaidades ensaiadas, numa tentativa patética de se parecer com quem lhes paga o salário. O resultado disso é um descolamento absoluto da realidade social, na qual se inserem de forma superficial e, por isso mesmo, descompromissada, como se fazer jornalismo fosse, como quer o STF, tarefa para qualquer um.

A Sociedade Americana de Revistas dos Estados Unidos calculou, no ano passado, que criar uma revista de papel e lança-la nacionalmente custa cerca de 15 milhões de dólares por mês. Uma, na web, sai por 100 mil dólares. Essa relação não deve ser muito diferente no Brasil. Talvez seja até mais barato. Entre 1976 e 1983, jornalistas do Rio Grande do Sul, jogados no desemprego por se posicionarem contra a ditadura militar, fundaram e tocaram o Coojornal, uma experiência jornalística corajosa e altamente profissional, baseada no cooperativismo. Talvez seja a hora de pensarmos em algo semelhante, antes que só restem maus exemplos – embora, dizia Santo Agostinho, sejam esses os melhores exemplos para quem se disponha a aprender, verdadeiramente,  a diferença entre o bem e o mal.

Fonte: http://brasiliaeuvi.wordpress.com/2009/08/25/180/#comment-1083

21 de ago. de 2009

Teach Yourself Programming in Ten Years by Peter Novig

Obs: Este texto tem tradução em português no link: http://pihisall.wordpress.com/2007/03/15/aprenda-a-programar-em-dez-anos/

Como o jornalismo também é uma linguagem o texto se torna instrutivo.

Why is everyone in such a rush?

Walk into any bookstore, and you'll see how to Teach Yourself Java in 7 Days alongside endless variations offering to teach Visual Basic, Windows, the Internet, and so on in a few days or hours. I did the following power search atAmazon.com:
      pubdate: after 1992 and title: days and       (title: learn or title: teach yourself)
and got back 248 hits. The first 78 were computer books (number 79 was Learn Bengali in 30 days). I replaced "days" with "hours" and got remarkably similar results: 253 more books, with 77 computer books followed by Teach Yourself Grammar and Style in 24 Hours at number 78. Out of the top 200 total, 96% were computer books.

The conclusion is that either people are in a big rush to learn about computers, or that computers are somehow fabulously easier to learn than anything else. There are no books on how to learn Beethoven, or Quantum Physics, or even Dog Grooming in a few days. Felleisen et al. give a nod to this trend in their book How to Design Programs, when they say "Bad programming is easy. Idiots can learn it in 21 days, even if they are dummies.

Let's analyze what a title like Learn C++ in Three Days could mean:

  • Learn: In 3 days you won't have time to write several significant programs, and learn from your successes and failures with them. You won't have time to work with an experienced programmer and understand what it is like to live in a C++ environment. In short, you won't have time to learn much. So the book can only be talking about a superficial familiarity, not a deep understanding. As Alexander Pope said, a little learning is a dangerous thing.

  • C++: In 3 days you might be able to learn some of the syntax of C++ (if you already know another language), but you couldn't learn much about how to use the language. In short, if you were, say, a Basic programmer, you could learn to write programs in the style of Basic using C++ syntax, but you couldn't learn what C++ is actually good (and bad) for. So what's the point? Alan Perlis once said: "A language that doesn't affect the way you think about programming, is not worth knowing". One possible point is that you have to learn a tiny bit of C++ (or more likely, something like JavaScript or Flash's Flex) because you need to interface with an existing tool to accomplish a specific task. But then you're not learning how to program; you're learning to accomplish that task.

  • in Three Days: Unfortunately, this is not enough, as the next section shows.

Teach Yourself Programming in Ten Years

Researchers (Bloom (1985)Bryan & Harter (1899)Hayes (1989)Simmon & Chase (1973)) have shown it takes about ten years to develop expertise in any of a wide variety of areas, including chess playing, music composition, telegraph operation, painting, piano playing, swimming, tennis, and research in neuropsychology and topology. The key is deliberativepractice: not just doing it again and again, but challenging yourself with a task that is just beyond your current ability, trying it, analyzing your performance while and after doing it, and correcting any mistakes. Then repeat. And repeat again. There appear to be no real shortcuts: even Mozart, who was a musical prodigy at age 4, took 13 more years before he began to produce world-class music. In another genre, the Beatles seemed to burst onto the scene with a string of #1 hits and an appearance on the Ed Sullivan show in 1964. But they had been playing small clubs in Liverpool and Hamburg since 1957, and while they had mass appeal early on, their first great critical success, Sgt. Peppers, was released in 1967. Malcolm Gladwell reports that a study of students at the Berlin Academy of Music compared the top, middle, and bottom third of the class and asked them how much they had practiced:
Everyone, from all three groups, started playing at roughly the same time - around the age of five. In those first few years, everyone practised roughly the same amount - about two or three hours a week. But around the age of eight real differences started to emerge. The students who would end up as the best in their class began to practise more than everyone else: six hours a week by age nine, eight by age 12, 16 a week by age 14, and up and up, until by the age of 20 they were practising well over 30 hours a week. By the age of 20, the elite performers had all totalled 10,000 hours of practice over the course of their lives. The merely good students had totalled, by contrast, 8,000 hours, and the future music teachers just over 4,000 hours.

So it may be that 10,000 hours, not 10 years, is the magic number. Samuel Johnson (1709-1784) thought it took longer: "Excellence in any department can be attained only by the labor of a lifetime; it is not to be purchased at a lesser price." And Chaucer (1340-1400) complained "the lyf so short, the craft so long to lerne." Hippocrates (c. 400BC) is known for the excerpt "ars longa, vita brevis", which is part of the longer quotation "Ars longa, vita brevis, occasio praeceps, experimentum periculosum, iudicium difficile", which in English renders as "Life is short, [the] craft long, opportunity fleeting, experiment treacherous, judgment difficult." Although in Latin, ars can mean either art or craft, in the original Greek the word "techne" can only mean "skill", not "art".

Here's my recipe for programming success:

  • Get interested in programming, and do some because it is fun. Make sure that it keeps being enough fun so that you will be willing to put in ten years.

  • Talk to other programmers; read other programs. This is more important than any book or training course.

  • Program. The best kind of learning is learning by doing. To put it more technically, "the maximal level of performance for individuals in a given domain is not attained automatically as a function of extended experience, but the level of performance can be increased even by highly experienced individuals as a result of deliberate efforts to improve." (p. 366) and "the most effective learning requires a well-defined task with an appropriate difficulty level for the particular individual, informative feedback, and opportunities for repetition and corrections of errors." (p. 20-21) The bookCognition in Practice: Mind, Mathematics, and Culture in Everyday Life is an interesting reference for this viewpoint.

  • If you want, put in four years at a college (or more at a graduate school). This will give you access to some jobs that require credentials, and it will give you a deeper understanding of the field, but if you don't enjoy school, you can (with some dedication) get similar experience on the job. In any case, book learning alone won't be enough. "Computer science education cannot make anybody an expert programmer any more than studying brushes and pigment can make somebody an expert painter" says Eric Raymond, author of The New Hacker's Dictionary. One of the best programmers I ever hired had only a High School degree; he's produced a lot of great software, has his own news group, and made enough in stock options to buy his own nightclub.
  • Work on projects with other programmers. Be the best programmer on some projects; be the worst on some others. When you're the best, you get to test your abilities to lead a project, and to inspire others with your vision. When you're the worst, you learn what the masters do, and you learn what they don't like to do (because they make you do it for them).

  • Work on projects after other programmers. Be involved in understanding a program written by someone else. See what it takes to understand and fix it when the original programmers are not around. Think about how to design your programs to make it easier for those who will maintain it after you.

  • Learn at least a half dozen programming languages. Include one language that supports class abstractions (like Java or C++), one that supports functional abstraction (like Lisp or ML), one that supports syntactic abstraction (like Lisp), one that supports declarative specifications (like Prolog or C++ templates), one that supports coroutines (like Icon or Scheme), and one that supports parallelism (like Sisal).

  • Remember that there is a "computer" in "computer science". Know how long it takes your computer to execute an instruction, fetch a word from memory (with and without a cache miss), read consecutive words from disk, and seek to a new location on disk. (Answers here.)

  • Get involved in a language standardization effort. It could be the ANSI C++ committee, or it could be deciding if your local coding style will have 2 or 4 space indentation levels. Either way, you learn about what other people like in a language, how deeply they feel so, and perhaps even a little about why they feel so.

  • Have the good sense to get off the language standardization effort as quickly as possible.
With all that in mind, its questionable how far you can get just by book learning. Before my first child was born, I read all theHow To books, and still felt like a clueless novice. 30 Months later, when my second child was due, did I go back to the books for a refresher? No. Instead, I relied on my personal experience, which turned out to be far more useful and reassuring to me than the thousands of pages written by experts.

Fred Brooks, in his essay No Silver Bullet identified a three-part plan for finding great software designers:

  1. Systematically identify top designers as early as possible.

  2. Assign a career mentor to be responsible for the development of the prospect and carefully keep a career file.

  3. Provide opportunities for growing designers to interact and stimulate each other.

This assumes that some people already have the qualities necessary for being a great designer; the job is to properly coax them along. Alan Perlis put it more succinctly: "Everyone can be taught to sculpt: Michelangelo would have had to be taught how not to. So it is with the great programmers".

So go ahead and buy that Java book; you'll probably get some use out of it. But you won't change your life, or your real overall expertise as a programmer in 24 hours, days, or even months.


References

Bloom, Benjamin (ed.) Developing Talent in Young People, Ballantine, 1985.

Brooks, Fred, No Silver Bullets, IEEE Computer, vol. 20, no. 4, 1987, p. 10-19.

Bryan, W.L. & Harter, N. "Studies on the telegraphic language: The acquisition of a hierarchy of habits. Psychology Review, 1899, 8, 345-375

Hayes, John R., Complete Problem Solver Lawrence Erlbaum, 1989.

Chase, William G. & Simon, Herbert A. "Perception in Chess" Cognitive Psychology, 1973, 4, 55-81.

Lave, Jean, Cognition in Practice: Mind, Mathematics, and Culture in Everyday Life, Cambridge University Press, 1988.


Answers

Approximate timing for various operations on a typical 1GHz PC in 2001:

execute single instruction1 nanosec = (1/1,000,000,000) sec
fetch word from L1 cache memory2 nanosec
fetch word from main memory10 nanosec
fetch word from consecutive disk location200 nanosec
fetch word from new disk location (seek)8,000,000 nanosec = 8 millisec


Appendix: Language Choice

Several people have asked what programming language they should learn first. There is no one answer, but consider these points:

  • Use your friends. When asked "what operating system should I use, Windows, Unix, or Mac?", my answer is usually: "use whatever your friends use." The advantage you get from learning from your friends will offset any intrinsic difference between OS, or between programming languages. Also consider your future friends: the community of programmers that you will be a part of if you continue. Does your chosen language have a large growing community or a small dying one? Are there books, web sites, and online forums to get answers from? Do you like the people in those forums?
  • Keep it simple. Programming languages such as C++ and Java are designed for professional development by large teams of experienced programmers who are concerned about the run-time efficiency of their code. As a result, these languages have complicated parts designed for these circumstances. You're concerned with learning to program. You don't need that complication. You want a language that was designed to be easy to learn and remember by a single new programmer.
  • Play. Which way would you rather learn to play the piano: the normal, interactive way, in which you hear each note as soon as you hit a key, or "batch" mode, in which you only hear the notes after you finish a whole song? Clearly, interactive mode makes learning easier for the piano, and also for programming. Insist on a language with an interactive mode and use it.
Given these criteria, my recommendations for a first programming language would be Python or Scheme. But your circumstances may vary, and there are other good choices. If your age is a single-digit, you might prefer Alice or Squeak(older learners might also enjoy these). The important thing is that you choose and get started.

Appendix: Books and Other Resources

Several people have asked what books and web pages they should learn from. I repeat that "book learning alone won't be enough" but I can recommend the following:


Notes

T. Capey points out that the Complete Problem Solver page on Amazon now has the "Teach Yourself Bengali in 21 days" and "Teach Yourself Grammar and Style" books under the "Customers who shopped for this item also shopped for these items" section. I guess that a large portion of the people who look at that book are coming from this page. Thanks to Ross Cohen for help with Hippocrates

24 de jul. de 2009

La vita è adesso

La vita è adesso,
Nel vecchio albergo
Della terra e ognuno in una
Stanza e in storia di mattini piú legerri e cieli
Smarginati di speranza e di silenzi da ascoltare
E ti sorprenderai a cantare ma,
Non sai perché

La vita è adesso
Nei pomeriggi appena freschi
Che ti viene sonno e le campane
Girano le nuvole e piove
Sui capelli e sopra i tavolini
Dei caffè all'aperto
E ti domandi incerto chi sei tu

Sei tu, sei tu, sei tu,

Sei tu che spingi avanti il cuore, ed il lavoro duro
Si essere uomo e non sapere, cosa sarà il futuro
Sei tu, nel tempo che ci fa più grandi e soli in mezzo al mondo
Con l'ansia di cercare insieme, un bene più profondo

E un altro che ti dia respiro e che si curvi verso te
Con una attesa di volersi di più senza capire cos'è
E tu che mi ricambi gli occhi in questo instante immenso
Sopra il rumore della gente, dimmi se questo ha un senso

La vita è adesso
Nell'aria tenera
Di un dopocena e musi
Di bambini contro i vetri e i prati che si lisciano
Come gattini e stelle che si appicciano ai lampioni millioni
Mentre ti chiederai dove sei tu,

Sei tu, sei tu, sei tu

Sei tu che porterai il tuo amore per cento e mille strade
Perchè non c'è mai fine al viaggio anche se un sogno cade
Sei tu che hai un vento nuovo tra le braccia
Mentre mi vieni incontro
E impanerai che per morire ti basterà un tramonto

In una gioia che fa male di più della malinconia
E in qualunque sera ti troverai non ti buttare via
E non lasciare andare un giorno per ritovar te stesso
Figlio di un cielo così bello perché la vita è adess

4 de jul. de 2009

Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor

Mar Português__Fernando Pessoa

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da Dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

29 de jun. de 2009

O doutor que desqualificou os jornalistas por Gerson Moreira Lima

Fonte: http://www.boqnews.com/coluna.php?cod=2145

Só ocupo esse espaço semanalmente porque existo. E se existo, devo a algumas pessoas,
entre elas minha avó Calixta, espanhola da gema. Foi por intermédio de suas mãos que cheguei ao mundo, em um quarto arejado de um sobrado na Rua João Guerra, 330, em Santos.

Agradeço até hoje sua perícia de parteira. Habilidade, aliás, elogiada pelo médico que visitou mamãe, posteriormente:“Dona Calixta se saiu melhor do que muito obstetra”,ouvi de minha própria mãe anos mais tarde.

Também o juiz do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, surgiu no STF pelas mãos
de alguém. Claro, não foi de dona Calixta, mas sim de uma indicação do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

Pois foi exatamente o doutor Gilmar quem, como relator, praticamente definiu que, a partir de agora, o diploma de Jornalismo deixa de existir como pré-requisito para aqueles que pretendem exercer a profissão.

Em um arroubo de argumentação, equiparou o Jornalismo à arte da Culinária. Bem, entendo que há pessoas extremamente competentes em todos os segmentos e, é lógico,
também na cozinha. Mas considero que todas essas pessoas, se tiverem a oportunidade de frequentar um bom curso na área, terão condição de se tornar melhores profissionais ainda.

Claro, pode até haver autodidatas, e há. Alguns que até demonstrem desempenho melhor
do que formados recém saídos dos bancos universitários. Mas é óbvio - só mesmo
quem esbarra na miopia não entende - que, por mais talento tenha o sujeito, um bom curso no qual se discutam os dilemas éticos e mesmo técnicos das profissões será de fundamental relevância para melhores profissionais no mundo.

Fico aqui imaginando minha avó parteira se tivesse a oportunidade de frequentar uma escola de Medicina. Provavelmente teria alcançado fama na área médica. Da mesma forma, pessoas que desde a infância apresentam sensos crítico e ético apurados, amplo repertório cultural e facilidade de expressão parecem me ter futuro assegurado no Jornalismo. Mas aí tenho que ouvir, ver e ler baboseiras de que Medicina e Jornalismo são diferentes. Um profissional da área branca mata, o das letras não. Ignorância.

A Grande Reportagem interpretativa tem historicamente suas raízes no crack da Bolsa
dos EUA, em 1929. A crítica na época foi a de que o Jornalismo precisaria mudar para dar mais contexto para seus leitores. Explicar aos investidores que a Bolsa sobe, mas também cai. Ocorre que o Jornalismo de então não cumpriu seu dever. Resultado: desespero dos aplicadores. Consequência imediata: diversos suicídios nos EUA.

A verdade é que, tanto quanto qualquer profissão, o Jornalismo mal feito traz consequências desastrosas. Por isso, precisa, cada vez mais, de base científica para ser praticado.

Minha avó Calixta, se estivesse viva, tenho certeza, pensaria assim. Pena que o ministro do STF Gilmar Mendes não pense. Tanto que em uma simples canetada, com o apoio de outros juízes, jogou todos os jornalistas brasileiros dentro de uma cozinha. Acendeu o fogo e, debaixo de sua toga, parece torcer para que uma das profissões mais importantes do Planeta vire pó.

Aliás, está na Bíblia: do pó vieste e ao pó retornarás. Até lá doutor Gilmar!!!

Em tempo, prometo falar de futebol na semana que vem.

Obs: reproduzido do jornal Boqueirão News – A mudança no título do artigo foi feita pelo autor do blog visando especificar o tema.

24 de jun. de 2009

Primeira Página por Ailton Medeiros

Leitor compulsivo, entrei à madrugada lendo "Os Melhores Jornais do
Mundo", do jornalista Matias M. Molina.

O livro é um catatau de 675 páginas.

São perfis de 17 dos principais jornais do mundo. Dois deles foram
fundados no século XVIII, onze no século XIX e quatro no século XX.

O espanhol "El País, fundado em 1976, é o caçula da turma. Os mais
antigos são os ingleses "The Times" (1785) e "The Guardian" (1821).

Estão lá o alemão "Neue Zurcher Zeitung", os americanos "New York
Times", "The Washington Post" e "Los Angeles Times", os franceses "Le
Monde" e "Le Figaro", o italiano "Corriere della Sera", os japoneses
"Asahi Shimbun" e "Nihon Keizai Shimbun", entre outros.

Quais os critérios para se avaliar uma publicação?

Molina cita a revista "Time" que atribui como característica de um
jornal de qualidade sua preocupação com a comunidade.
"Um bom jornal diário tem de servir de consciência, de guardião e de
guia dessa comunidade", escreve.

"Também precisa ter uma curiosidade universal e fazer com que seus
leitores participem dela". Ou, nas palavras do dramaturgo americano
Arthur Miller, um bom jornal é uma nação falando para si mesma.

Molina conta histórias que engrandecem algumas publicações em
detrimento de outras.
Uma delas:

Quando Harrison Salisbury, do "New York Times", escreveu de Hanói que
a aviação americana tinha atingido populações civis, o "Washington
Post" saiu em defesa do bombardeio e acusou seu concorrente de estar à
serviço de Ho Chi Min, o líder do Vietnã do Norte.

Dias depois, as informações de Salisbury foram confirmadas pelo
próprio governo e também pelo "Post" que esqueceu de pedir desculpas
pelas relações incestuosas com o goveno Lyndo Johnson.

Katharine Graham, a toda poderosa dona do "Post", era defensora da
manutenção das tropas americanas no Vietnã. Achava, como a maioria da
imprensa da época, que a fronteira dos Estados Unidos estava no rio
Saigon.

Molina também conta episódios nada edificantes para a história do "New
York Times".

Nos anos de chumbo da era macartista, na década de 50, o jornal
demitiu dois jornalistas por se recusarem a depor perante o comitê do
Senado.

Mas vale ressaltar que o "Times" não apenas recusou transferir do
Vietnã o correspondente David Halberstam a pedido de John Kennedy,
como também cancelou suas férias para que o governo não achasse que o
jornal estava cedendo à pressão do presidente. (Halberstam ganharia
depois o Prêmio Pulitzer com suas reportagens sobre o conflito no
sudeste asiático).

Os republicanos, nesse terreno, não são muito diferentes dos democratas.

Molina relata uma reunião de Bush com Arthur Ochs Sulzberger Jr.,
"publisher" do "Times", na Casa Branca, em dezembro de 2005.
Bush não queria que o jornal publicasse que a Agência de Segurança
Nacional tinha instalado escutas clandestinas no país sem autorização
da Justiça.

A notícia saiu uma semana depois e teve ampla repercussão internacional.

Como resultado, o Senado não aprovou a prorrogação do Patriot Act e
Bush acusou o "New York Times" de "traidor" e "desleal".

Recheado de informações, "Os Melhores Jornais do Mundo" é leitura obrigatória.

Vamos, leitor hipócrita, tire a bunda da areia.

A vida não é só praia, cerveja e sol.

fonte: http://www.ailtonmedeiros.com.br/primeira-pagina-3/2008/01/17/

19 de jun. de 2009

O erro de Gilmar por João Campos (advogado especialista em direito do consumidor)

Você já viu uma ilha de edição? Você sabe como fazer uma matéria sobre menores infratores, quais os limites, as cautelas?  Um texto sobre portador de deficiência física? Qual é o jargão do jornalismo econômico, do jornalismo científico, do texto político? Como tratar adequadamente uma matéria sobre um cadáver ou um acidente?


Quando um box (texto menor que o principal, que traz informações extras etc. Ele se diferencia da retranca por estar dentro de uma "caixa", em negrito) é necessário na sua reportagem principal?  Como saber fazer o relato de um fato, apontando todos os lados envolvidos. O que são os critérios de proximidade, relevância e atualidade de uma matéria? O que é uma notícia quente ou fatual, o que vem a ser notícia fria ou de "validade expandida"?


Você sabe o que é um "lead" ou consegue escrever um título adequado à matéria, ou seja, que não revele tudo, que atraia a atenção do leitor para o texto, que caiba em duas, três, quatro colunas?


Por que o título costuma ser na voz ativa? Quando deve estar no tempo passado ou refletir o presente?


 


O que é "chapéu" (geralmente uma ou duas palavras, colocadas acima do título, que identificam o assunto geral tratado por aquela notícia) ou "olho" (frase colocada em destaque na matéria, que oferece uma informação a mais sobre o assunto).


 


Qual é o ritual para uma entrevista coletiva, o que é pauta, réplica, direito de resposta ou sigilo da fonte? Ou pior, como checar as fontes e apurar a verdade que vai para as páginas do jornal? Ou linha fina, créditos de repórter, de fotos ou ilustrações, retranca e selo?


Tudo isso você terá de saber no Google depois que o Ministro Gilmar Mendes, assinando o maior equívoco de todos os tempos cometido pelo Supremo Tribunal Federal (afinal, nove ministros o acompanharam no erro), extinguiu a obrigatoriedade da formação acadêmica do jornalista.


Batendo uma vez no prego, outra na estopa, o Ministro disse que não extinguia os cursos superiores de jornalismo, o que é verdade. A Corte apenas disse que o diploma não é obrigatório para o exercício da profissão.


Na verdade, não há como se exercer a profissão sem a formação acadêmica, sem uma faculdade, pois são tantos os detalhes técnicos, as facetas, os equipamentos, as exigências do jornalismo moderno, o tratamento da cor em uma foto, a localização precisa de um texto na página que um pretendente a jornalista, a bem da verdade, nunca vai chegar lá.


Ou seja, o Supremo errou feio, decidiu contra uma categoria inteira que acreditou na prevalência da formação sobre a aventura e não chegou a lugar algum. Os grandes jornais e as maiores emissoras de TV vão preferir o jornalista formado. Não por uma questão de lei, de jurisprudência ou de reserva de mercado, mas de qualidade na prestação de um dos bens mais preciosos da humanidade: a informação. 

Em berço esplêndido

Na cidade de Joinville houve um concurso de redação na rede municipal de ensino. O título recomendado pela professora foi:

 

 'Dai pão a quem tem fome'.


Incrível, mas o primeiro lugar foi conquistado por uma menina de apenas 14 anos de idade. E ela se inspirou exatamente na letra de nosso Hino Nacional para redigir um texto, que demonstra que os brasileiros verde amarelos precisam perceber o verdadeiro sentido de patriotismo.


'Certa noite, ao entrar em minha sala de aula, vi num mapa-mundi, o nosso Brasil chorar: 

O que houve, meu Brasil brasileiro?
Perguntei-lhe!

E ele, espreguiçando-se em seu berço esplêndido, esparramado e verdejante sobre a América do Sul, respondeu chorando, com suas lágrimas amazônicas: Estou sofrendo. Vejam o que estão fazendo comigo...

Antes, os meus bosques tinham mais flores e meus seios mais amores.
Meu povo era heróico e os seus brados retumbantes. O sol da liberdade era mais fúlgido e brilhava no céu a todo instante.

Onde anda a liberdade, onde estão os braços fortes?
Eu era a Pátria amada, idolatrada. Havia paz no futuro e glórias no passado. Nenhum filho meu fugia à luta. Eu era a terra adorada e dos filhos deste solo era a mãe gentil.

Eu era gigante pela própria natureza, que hoje devastam e queimam, sem nenhum homem de coragem que às margens plácidas de algum riachinho, tenha a coragem de gritar mais alto para libertar-me desses novos tiranos que ousam roubar o verde louro de minha flâmula.

Eu, não suportando as chorosas queixas do Brasil, fui para o jardim.
Era noite e pude ver a imagem do Cruzeiro que resplandece no lábaro que o nosso país ostenta estrelado. Pensei... Conseguiremos salvar esse país sem braços fortes? Pensei mais... Quem nos devolverá a grandeza que a Pátria nos traz?

Voltei à sala, mas encontrei o mapa silencioso e mudo, como uma criança dormindo em seu berço esplêndido.'

18 de jun. de 2009

O Diploma e o Curso de Jornalismo por Jonatha Carvalho

"Acredito que estamos encarando um desafio. É preciso repensar os cursos de comunicação e as novas especificidades de nossa área.

Questionar a obrigatoriedade ou não do diploma deixa para trás um debate mais profundo: na prática, nas rotinas de assessorias e redações, o que nos diferencia de um bom leitor com o mínimo de técnica para um lead e a "inteligência" de fazer um clipping?

Qualquer um aprende os métodos.

Tenho percebido no dia a dia que o curso pelo qual passamos é extremamente deficiente em diversos pontos.

Aprendemos sociologia, filosofia, sim. Mas quase tudo a que somos instruídos se perde no limbo do tempo (dead line) e nas necessidades empresariais que sobrepõem qualquer livre pensamento. 

E nossa profissão não está ligada ao simples escrever bem - atribuição mínima - mas, também e principalmente, à discussão de como solucionar problemas de comunicação e novas ferramentas que levem a mensagem (opinativa, informativa, o que for...) a quem dela necessita. Isso vale para periódicos como vale para estratégias de assessoria. Somos comunicólogos, acima de tudo.

Se não encontrarmos novas soluções para os problemas de comunicação existentes hoje - caso consigamos identificá-los, já que não "nos orientaram" sobre isso - não haverá muito sentido em insistir num atestado que nos reconhece como uma "categoria de pensadores que, por motivos óbvios, não pode pensar, sob o risco de ficar desempregada". Devemos enveredar para o estudo da comunicação em si. Devemos ser mais teóricos da comunicação do que idealistas com mordaças. Acredito que seria uma melhor justificativa para nosso suado diploma.

Quero chegar ao ponto de que, como profissionais de comunicação, precisamos repensar os formatos (e meios) de comunicação existentes com o objetivo de nos tornarmos profissionalmente mais independentes do sistema ao qual temos que nos sujeitar - e que tanto aprendemos a criticar no meio acadêmico, e sempre sem propor soluções, infelizmente. Assim devem pensar as universidades e assim devem pensar os estudantes e jornalistas. 

O futuro é esse. Ou então podemos continuar a despejar sorrisos amarelados em entrevistas de emprego (agora concorrendo com ex-atletas, administradores, advogados...).

 

Vale ressaltar de quem veio o latido para a não obrigatoriedade do diploma."

26 de mai. de 2009

Adapt or die by Robert Picard

 

Why journalists deserve low pay
 
The demise of the news business can be halted, but only if journalists commit to creating real value for consumers and become more involved in setting the course of their companies.

 

Journalists like to think of their work in moral or even sacred terms. With each new layoff or paper closing, they tell themselves that no business model could adequately compensate the holy work of enriching democratic society, speaking truth to power, and comforting the afflicted.

Actually, journalists deserve low pay.

Wages are compensation for value creation. And journalists simply aren't creating much value these days.

Until they come to grips with that issue, no amount of blogging, twittering, or micropayments is going to solve their failing business models.

Where does value come from?

Moral philosophers differentiate intrinsic and instrumental value. Intrinsic value involves things that are good in and of themselves, such as beauty, truth, and harmony. Instrumental value comes from things that facilitate action and achievement, including awareness, belonging, and understanding. Journalism produces only instrumental value. It is important not in itself, but because it enlightens the public, supports social interaction, and facilitates democracy.

Economic value is rooted in worth and exchange. It is created when finished products and services have more value – as determined by consumers – than the sum of the value of their components.

To comprehend journalistic value creation, we need to focus on the benefits it provides. Journalism creates functional, emotional, and self-expressive benefits for consumers. Functional benefits include providing useful information and ideas. Emotional benefits include a sense of belonging and community, reassurance and security, and escape. Self-expressive benefits are provided when individuals identify with the publication's perspectives or opinions, or when they're empowered to express their own ideas.

These benefits used to produce significant economic value. Not today. That's because producers and providers have less control over the communication space than ever before. In the past, the difficulty and cost of operation, publication, and distribution severely limited the number of content suppliers. This scarcity raised the economic value of content. That additional value is gone today because a far wider range of sources of news and information exist.

The primary value that is created today comes from the basic underlying value of the labor of journalists. Unfortunately, that value is now near zero.

The total value is the value of content plus the value of advertising. However, advertisers don't care about journalism – only the audience that it produces. Thus the real measure of journalistic value is value created by serving readers.

What are journalists worth?

Economic outcomes have traditionally held low priority for journalists. That's got to change.

Journalists are not professionals with a unique base of knowledge such as professors or electricians. Consequently, the primary economic value of journalism derives not from its own knowledge, but in distributing the knowledge of others. In this process three fundamental functions and related skills have historically created economic value: Accessing sources, determining significance of information, and conveying it effectively.

Accessing sources is crucial because information and knowledge do not exist as a natural resource that merely has to be harvested. It must be constructed by someone. The journalistic skill of identifying and reaching authorities or others who construct expertise traditionally gave journalists opportunities to report in ways that the general public could not.

Determining significance has been critical because journalists sort through an enormous amount of information to find the most significant and interesting items for consumers.

Effective presentation involves the ability to reduce information to its core to meet space and time requirements and presenting it in an interesting and attractive manner. These are built on linguistic and artistic skills and formatting techniques.

Today all this value is being severely challenged by technology that is "de-skilling" journalists. It is providing individuals – without the support of a journalistic enterprise – the capabilities to access sources, to search through information and determine its significance, and to convey it effectively.

To create economic value, journalists and news organizations historically relied on the exclusivity of their access to information and sources, and their ability to provide immediacy in conveying information. The value of those elements has been stripped away by contemporary communication developments. Today, ordinary adults can observe and report news, gather expert knowledge, determine significance, add audio, photography, and video components, and publish this content far and wide (or at least to their social network) with ease. And much of this is done for no pay.

Until journalists can redefine the value of their labor above this level, they deserve low pay.

Well-paying employment requires that workers possess unique skills, abilities, and knowledge. It also requires that the labor must be non-commoditized. Unfortunately, journalistic labor has become commoditized. Most journalists share the same skills sets and the same approaches to stories, seek out the same sources, ask similar questions, and produce relatively similar stories. This interchangeability is one reason why salaries for average journalists are relatively low and why columnists, cartoonists, and journalists with special expertise (such as finance reporters) get higher wages.

Across the news industry, processes and procedures for news gathering are guided by standardized news values, producing standardized stories in standardized formats that are presented in standardized styles. The result is extraordinary sameness and minimal differentiation.

It is clear that journalists do not want to be in the contemporary labor market, much less the highly competitive information market. They prefer to justify the value they create in the moral philosophy terms of instrumental value. Most believe that what they do is so intrinsically good and that they should be compensated to do it even if it doesn't produce revenue.

A century and half ago, journalists were much closer to the market and more clearly understood they were sellers of labor in the market. Before professionalism of journalism, many journalists not only wrote the news, but went to the streets to distribute and sell it and few journalists had regular employment in the news and information business. Journalists and social observers debated whether practicing journalism for a news entity was desirable. Even Karl Marx argued that "The first freedom of the press consists in it not being a trade."

Adapt or die

If the news business is to survive, we must find ways to alter journalism's practice and skills to create new economic value.

Journalism must innovate and create new means of gathering, processing, and distributing information so it provides content and services that readers, listeners, and viewers cannot receive elsewhere. And these must provide sufficient value so audiences and users are willing to pay a reasonable price.

If value is to be created, journalists cannot continue to report merely in the traditional ways or merely re-report the news that has appeared elsewhere. They must add something novel that creates value. They will have to start providing information and knowledge that is not readily available elsewhere, in forms that are not available elsewhere, or in forms that are more useable by and relevant to their audiences.

One cannot expect newspaper readers to pay for page after page of stories from news agencies that were available online yesterday and are in a thousand other papers today. Providing a food section that pales by comparison to the content of food magazines or television cooking shows is not likely to create much value for readers. Neither are scores of disjointed, undigested short news stories about events in far off places.

Some news magazines have confronted the issue and are already changing and trying to provide unique news content. Newsweek has moved away from creating a compendium of events to a publication that explores the issues and implications of events and trends. US News & World Report has emphasized its consumer review and rankings activities.

Daily newspapers don't have quite as much leeway with content but they can emphasize uniqueness. The Boston Globe, for example, could become the national leader in education and health reporting because of the multitude of higher education and medical institutions in its coverage area. Not only would it make the paper more valuable to readers, but it could sell that coverage to other publications. Similarly, The Dallas Morning News could provide specialized coverage of oil and energy, The Des Moines Register could become the leader in agricultural news; and the Chicago Tribune in airline and aircraft coverage. Every paper will have to be the undisputed leader in terms of their quality and quantity of local news.

Finding the right formula of practice, functions, skills, and business model will not be easy, but the search must be undertaken.

It is not just a matter of embracing uses of new technologies. Journalists today are often urged to change practice to embrace crowd sourcing, to search specialty websites, social networks, blogs, and micro-blogs for story ideas, and to embrace in collaborative journalism with their audiences. Although all of these provide useful new ways to find information, access knowledge, and engage with readers, listeners, and viewers, the amount of value that they add and its monetization is highly debatable. The primary reason is that those who are most highly interested in that information and knowledge are able to harvest it themselves using increasingly common tools.

Finding the rights means to create and protect value will require collaboration throughout news enterprises. It is not something that journalists can leave to management. Journalists and managers alike will need to develop collaboration skills and create social relations that make it possible. Journalists will also need to acquire entrepreneurial and innovation skills that makes it possible for them to lead change rather than merely respond to it.

The demise of the news business can be halted, but only if journalists commit to creating value for consumers and become more involved in setting the course of their companies.

Robert G. Picard is a professor of media economics at Sweden's Jonkoping University, a visiting fellow at the Reuters Institute at Oxford University, and the author and editor of 23 books, including "The Economics and Financing of Media Companies." This essay is adapted from a lecture Professor Picard gave at Oxford. He blogs at http://themediabusiness.blogspot.com/

22 de abr. de 2009

Buscar dentro de si a resposta e a força para encontrar a saída -- por Mahatma Gandhi

"Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida.

A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora.

Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem.

Daria a capacidade de escolher novos rumos, novos caminhos.

Deixaria, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável.

Além do pão, o trabalho.

Além do trabalho, a ação.

Além da ação o cultivo à amizade.

E, quando tudo mais faltasse, deixaria um segredo:

O de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída".