17 de dez. de 2007

Cenário de ficção científica no dia-a-dia

Leonardo Leal Martins

(Matéria publicada em A Tribuna, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007)


Há exatos dez anos, o campeão mundial de xadrez Gary Kasparov enfrentou o 'Deep Blue', um supercomputador capaz de analisar 200 milhões de movimentos em um único segundo. A derrota do mestre russo foi tida por muitos como uma visão do futuro, onde as máquinas irão sobrepujar o cérebro humano.


Mas, na verdade, o que o Deep Blue fez foi 'apenas' analisar milhões de partidas arquivadas em seu cérebro eletrônico, compará-las com os lances feitos por Kasparov e optar por uma determinada resposta. O Deep Blue não raciocinou e nem teria como fazer isso.

Raciocínio é algo muito, mas muito mais complexo. Os computadores atuais não são capazes, por exemplo, de responder perguntas aparentemente simples.

É como aquela brincadeira de quem olha para a foto principal dessa página e pergunta se os copos estão meio cheios ou meio vazios. Para responder é preciso lidar com variáveis as quais os cérebros eletrônicos não são capazes. Ainda.

Elevador inteligente


Por isso, para que no futuro a tão sonhada empregada robótica possa saber se um bife está bem ou mal passado, será preciso dotá-la de Inteligência Artificial, um dos mais modernos ramos da pesquisa científica, na qual a Cidade de Santos é um dos principais pólos de desenvolvimento no País.

Trata-se do Grupo de Estudos em Lógica Paraconsistente Aplicada (GLPA — veja reportagem abaixo) da Universidade Santa Cecília (Unisanta). Atualmente, o GLPA reúne alunos e professores e desenvolve aplicações em áreas como a Engenharia, Medicina e Administração.

Há vários projetos em desenvolvimento. Um deles é um software que otimiza o funcionamento de um elevador. De acordo com a distância a percorrer entre os andares e o número de passageiros, o elevador que raciocina é capaz de aumentar ou reduzir a velocidade de acordo com as necessidades do momento.

O programa foi desenvolvido por Fernando Marques do Amaral e Milton Gomes de Oliveira Júnior, do curso de Engenharia Eletrônica, sob a orientação do professor João Inácio da Silva Filho, um dos coordenadores do GPLA.

Diagnósticos mais precisos


Já em parceria com a Eletropaulo, o grupo está desenvolvendo um software para controle das subestações de fornecimento de energia elétrica. Segundo o coordenador do curso de Engenharia Elétrica, Alexandre Rocco, ele é capaz de propor a melhor alternativa para o restabelecimento da energia no caso de 'apagões'.

A medicina é outra área onde a Lógica Paraconsistente pode trazer inúmeros benefícios aos seres humanos. Gilberto Holms, estudante de Engenharia da Computação, criou um software que antecipa os riscos do paciente sofrer de hipertensão e de doenças do coração.

Para isso, ele leva em consideração diversas variáveis, tais como pressão arterial, tabagismo ou sedentarismo entre outras, possibilitando um diagnóstico muito mais preciso. Sistema semelhante foi criado para a área da odontologia. Na prática, ele permite definir pelo melhor tratamento para a correção das irregularidades nos dentes.

Software 'anticalote'

As possibilidades da Lógica Paraconsistente são tantas que no futuro uso ela poderá definir se você será ou não capaz de pagar um empréstimo bancário. O software 'anticalote' foi desenvolvido pelos estudantes de Engenharia Eletrônica André Luis Gomes e Anderson Alves de Almeida. "O objetivo é facilitar a análise de crédito identificando as diversas possibilidades do cliente pagar ou não um empréstimo", declarou Gomes. Semelhante a um analista de finanças, o programa calcula as possibilidades de pagamento de cada cliente. Na análise são ponderados fatores como comprometimento de renda, responsabilidade do cliente, garantias de pagamento e possíveis restrições do cliente entre outras variáveis. O software analisa o grau de certeza e dúvida de cada item, com valores que oscilam entre zero e um. Dessa forma, o programa pondera se aprova ou não o empréstimo. Produtos como esse são de grande interesse não só para os bancos, como para toda a sociedade. Afinal, a taxa de juros também leva em conta o risco de calote. Na medida em que as análises são mais precisas, pelo menos em teoria, o perigo de inadimplência cai, o que facilita o acesso ao crédito.

Grupo santista é pioneiro no mundo

(Matéria publicada em A Tribuna, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007)


O conceito de Inteligência Artificial (IA) faz parte de um ramo da Matemática que teve origem na Filosofia. Batizada de 'Lógica Paraconsistente', ela foi criada na década de 1960 pelo polonês Stanislaw Jaskowski e pelo brasileiro Newton Carneiro da Costa.

Hoje, sabe-se que essa ferramenta é capaz de ser usada em várias atividades do nosso cotidiano, da Medicina ao monitoramento de aeronaves.

É comum, por exemplo, que um paciente em estado grave receba diagnósticos variados. Um computador comum não entenderia essas contradições e não poderia buscar auxílio em um banco de dados.

Porém, se dotado de Lógica Paraconsistente, ele seria capaz de reconhecer os diferentes diagnósticos e recolher dados relevantes para o auxílio daquele doente.

Processo semelhante também pode ser aplicado no controle do tráfego aéreo. Na maioria dos acidentes, como se viu no caso do jato Legacy e do avião da Gol, boa parte das inúmeras variantes que cerca a atividade ainda depende muito dos pilotos e dos controladores de vôo.

Com softwares inteligentes e capazes de assimilar eventuais contradições, como dois aviões na mesma rota, as falhas poderiam ser drasticamente minimizadas.

Pioneirismo

No Brasil, porém, são poucos os pesquisadores nessa área. Segundo o professor João Inácio Silva Filho, coordenador do Grupo de Lógica Paraconsistente da Unisanta, o pólo de pesquisa santista "é pioneiro no mundo a usar a metodologia da Lógica Paraconsistente com anotação de dois valores (LPA2v)", que desenvolve projetos de inteligência artificial e lida com dados contraditórios.

Atualmente, o Grupo conta com 18 integrantes das diversas universidades onde existem estudos da Lógica Paraconsistente.

As ações desenvolvidas incluem cursos, seminários, encontros científicos, divulgação de trabalhos e de novas tecnologias na revista semestral 'Seleção Documental'.

De acordo com o pesquisador, as aplicações práticas da Lógica Paraconsistente também motivam os alunos a desenvolver diversos projetos.

"A criação do Grupo se deu em função da necessidade de aglutinar os resultados das contribuições das pesquisas e desenvolver projetos práticos para atender às exigências do mercado tecnológico atual", afirma.

Livro em quadrinhos explica Lógica Fuzzy

(Matéria publicada em A Tribuna, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007)


Explicar a Lógica Fuzzy de forma simples e objetiva não é uma tarefa fácil. Em termos leigos, pode-se dizer que essa ciência lida com dados nebulosos e incompletos, como, por exemplo, qual a altura de um jogador de basquete para ele ser considerado alto ou como saber quando um bife está bem ou mal passado.

Os exemplos acima, que estão no livro 'Conheça e Entenda a Lógica Fuzzy em quadrinhos', do professor João Inácio da Silva Filho, com a colaboração do professor Jair Minoro Abe e do ilustrador Ed Carlos Santana.

Seu objetivo é explicar os conceitos da Lógica Fuzzy com situações do dia-a-dia e ilustrações que facilitam a compreensão.

Um dos princípios é a teoria dos conjuntos matemáticos. No livro, essa questão é explicada por meio de um garçom que atende aos personagens e, nas horas vagas, toca em um conjunto musical.

Na Lógica Clássica, ou ele pertence ao conjunto dos garçons ou ao dos músicos. Já na Lógica Fuzzy ele pode pertencer aos dois conjuntos. As informações são equacionadas de acordo com o resultado que se pretende, de modo semelhante ao que fazemos em situações cotidianas.

Os personagens, inspirados em cientistas que contribuíram para o progresso científico, vão ao encontro do objetivo do professor Silva Filho, de desenvolver nos estudantes o interesse pela ciência.

SERVIÇO — Livro: Conheça e Entenda a Lógica Fuzzy em quadrinhos
Editora Paralogike, 112 páginas, R$ 20,00 www.paralogike.com.br

16 de nov. de 2007

Um boêmio no céu’ retrata a história de Catulo da Paixão Cearense

(Matéria publicada no jornal Metrópole, edição de 3 a 9 de novembro de 2007)


Após morrer, o poeta Catulo da Paixão Cearense encontra São Pedro, conta seus pecados, defende a vida artística e fala de seu amor pela natureza na peça “Um boêmio no céu”. O espetáculo faz parte de um projeto de inclusão social, por meio do ensino de teatro para deficientes visuais, desenvolvido pelos atores voluntários Fátima Queiroz e Ivan Mativichuc, junto ao Instituto Braille de Santos.

Os personagens são representados por deficientes que também tocam violão e pandeiro. A peça, de autoria do poeta Catulo, e adaptada por Mativichuc, conta com nove integrantes, e intercala passagens da vida do compositor com episódios contemporâneos ligados à destruição do meio ambiente, guerras, escândalos políticos e corrupção.

Canções de festas juninas e do próprio autor também são apresentadas no espetáculo. Na peça, a morte de Catulo ocorre no dia de São Pedro. O poeta é recebido com um sermão ao chegar no céu festejando e alega que na Terra comemora-se o dia do santo.

Aprendizes - Vandernilson Nogueira Chaves, que tem quatro por cento de visão, faz o papel do poeta Catulo, numa interpretação natural, como se fizesse teatro há muito tempo. Ao estudar a peça, ouvir diversas vezes a gravação e repetir o texto, ele diz ter conseguido desenvolver as características do personagem. “Eu faço o que todos os atores deveriam fazer, procuro vivenciar o personagem da maneira mais intensa. O Catulo, como boêmio, é uma figura que me dá asas para eu extrapolar na peça”.
O aprendizado do teatro funciona para Chaves como uma terapia, uma forma de extravasar tensões e se divertir. “O teatro é uma forma de botar para fora. Há situações em que eu extrapolo e me libero no personagem”.

O anjo mensageiro é interpretado por Iracema Pessoa de Lima, que visita a Terra e, após quebrar a asa ao acompanhar as agruras do mundo, faz um relatório para entregar ao Criador, com uma crítica à sociedade. “Na terra, as artes estão morrendo aos poucos e os homens, sem Deus, estão ficando loucos”. Ela decora o texto pelo sistema braille.
O espetáculo conta ainda com o auxílio de “anjos videntes” que orientam o posicionamento dos atores durante a apresentação.

Projeto - De acordo com Mativichuc, o projeto começou como uma oficina de expressão corporal para melhorar a fala e trabalhar a parte física e mental. Ele explica que os deficientes visuais são introvertidos e, com o teatro, melhoram o relacionamento interpessoal, inclusive com a família. “Eles têm uma capacidade de improvisação muito boa. Ao se apresentarem no palco, decoram a quantidade de passos da cena. A gente aprende muito com eles”.

Para Fátima, diretora da peça, o teatro reúne elementos de várias artes, além de ensinar ritmo e música. “Os deficientes têm interesse em cultura, em uma boa peça, e, na maioria das vezes, ficam isolados em casa. Com o projeto, trazem a família e passam a interagir mais”.

Instituto - Trabalhar a parte cultural e social é um dos objetivos do Instituto Braille de Santos. A presidente da instituição, Ireni Souza de Oliveira, diz que “o teatro ensina por meio da vivência e da experiência. Os deficientes se expressam melhor e não sentem vergonha por falar o que pensam sobre as coisas”, conclui.

Nos cinco anos de existência o grupo já apresentou as peças: “Ensaio de Natal”, “Uma Família na Roça” e “A Linda, Meu Bem”.
Mais informações sobre o instituto e sobre a peça podem ser obtidas pelo telefone 3234-4815.

13 de nov. de 2007

Mistura que dá Samba

(Matéria publicada na revista Viração - n° 36 – Setembro de 2007)

Por Leonardo Leal e Marta Molina

Foi com os acordes da canção Maracatu Atômico que o músico, compositor e escritor, Jorge Mautner, e seu parceiro no violão, Nelson Jacobina, iniciaram a perfomance com os integrantes da banda Querô, do Instituto Arte no Dique. A interação, que não havia sido ensaiada, aconteceu no galpão do Instituto Arte no Dique, na Zona Noroeste, região da periferia de Santos (SP).

Mautner homenageou o amigo e dramaturgo Plínio Marcos com uma canção de Assis Valente, e com seu violino executou alguns sambas, além de composições de sua autoria como: Samba dos animais, Homem Bomba e Morre-se Assim.

“Muito bom, uma alegria e uma emoção muito grande”, diz o violonista Nelson Jacobina sobre a apresentação na Baixada Santista

Mautner e Jacobina desenvolvem um projeto de apresentações e palestras em Pontos de Cultura espalhados por todo o Brasil. Nesse projeto fazem contatos com a cultura local e dividem experiências. “Cada um tem autonomia de mostrar a sua diversidade”, ressaltou o compositor sobre a iniciativa do Ministério da Cultura. “Há um ano e meio a gente está fazendo esse projeto. Em março do ano passado, eu e o Jorge fomos ao Nordeste, tocamos com os rabequeiros do Norte, músicos de Goiás e Minas Gerais”.

“O Brasil tem uma cultura inata tremenda, é só você despertar, dá um sopro que cresce além das dimensões que você calculou, planejou”, explicou Jorge Mautner, que considera a arte como uma das formas de se reduzir a violência e desigualdade do País. “Se você der um mínimo de incentivos aos jovens, eles se transformam de maneira total.”

Para os integrantes da banda Querô, o projeto deve continuar porque funciona como uma aprendizagem. “As interações com os Pontos de Cultura são muito interessantes. Não só o Jorge Mautner, outros artistas também têm que participar. Isso para os alunos é um aprendizado, tem que continuar”, disse Ubiratan dos Santos, professor de percussão, que está há quatro anos participando dos projetos do Instituto Arte no Dique e faz parte do grupo Olodum.
”Foi uma experiência que a gente ainda não havia tido. Tocamos músicas diferentes que a gente ainda não havia colocado no repertório”, afirmou a integrante Liliana Lima, de 14 anos. Os integrantes da banda Querô ensaiam três horas diariamente. A percussionista Juliana Rosa, de 15 anos, também se emocionou com a experiência. “Foi muito bom, vou lembrar para o resto da vida”, disse.

Para a gestora do convênio do Ponto de Cultura, Thaís Polydoro Ribeiro, alcançou-se o objetivo proposto de proporcionar o encontro entre o artista e a comunidade. “Trazer acesso à cultura, às coisas que a população daqui não tem no seu cotidiano, é o que me nutre, é o que me faz buscar esse tipo de parceria dentro dos Pontos de Cultura”.

11 de nov. de 2007

Uma conversa com o zagueiro Antônio Carlos

(matéria publicada no jornal metrópole, edição de 27/out a 02/nov)


O Santos FC, na luta por uma vaga na Taça Libertadores da América de 2008, já conta com o zagueiro Antônio Carlos, recuperado de uma cirurgia no joelho, realizada em maio, após uma contusão no jogo contra o Caracas, da Venezuela. Atualmente, ele treina com a equipe juvenil do clube e diz estar confiante para atuar nas próximas rodadas do Campeonato Brasileiro, afirmando estar à disposição do técnico Wanderley Luxemburgo.

A volta aos gramados, o jogador de 38 anos credita à própria força de vontade e ao departamento médico do clube, onde enfrentou intensos treinos físicos durante o período de tratamento, inclusive aos domingos.
O veterano futebolista já participou de testes de dividida, que avaliam a resistência real do atleta aos choques que enfrentará quando voltar às partidas oficiais.


O esquema com três zagueiros ajuda a superar a falta de ritmo?

Dependendo da equipe, o treinador muda. A maioria dos treinadores da Europa usa esse esquema. Eu acho que ajuda o Santos a ter mais entrosamento. Independente do esquema em que o time joga, o importante é levarmos em conta que há mais três jogos dentro de casa e precisamos fazer de tudo para vencê-los. A classificação para o próximo ano na Libertadores nós vamos conseguir com estes jogos.

Você atuará no Santos em 2008?

Eu estou vivendo a expectativa de voltar a jogar, então, prefiro curtir esse momento e ver se consigo participar de alguns jogos. Quero ver o que vai acontecer comigo até o final do ano. Agora, tendo a oportunidade de jogar, preciso ver como será meu rendimento.

Esta decisão depende da vaga para a Libertadores?

Antônio Carlos - Depende da vaga na Libertadores e depende do Santos também. Nós vamos conversar no final do ano. Por enquanto, tenho que recuperar-me e ver se consigo jogar.

Você pensa em integrar a comissão técnica de Wanderley Luxemburgo quando parar de jogar?

Se aparecer a oportunidade... fazer parte da comissão técnica é importante para adquirir uma maior experiência, até porque pretendo ser treinador no futuro. Mas o Wanderley tem dois ótimos auxiliares. Eu ainda não sei o que vou fazer no próximo ano.

Como você avalia a participação de veteranos nos grandes times brasileiros?

Eu acho normal. Na Europa é comum. Aqui no Brasil as pessoas vêem de uma maneira diferente. Quando o jogador passa dos 30 anos, para a maioria das pessoas, é considerado velho. No entanto, um jogador com 30 anos já adquiriu uma ótima experiência e, se ele se cuidou durante a vida, tem muito a dar ao futebol. A mescla de jogadores jovens e experientes é importante e ajuda bastante dentro do grupo.

Como é o relacionamento do treinador com os jogadores, antes e depois das partidas?

O Wanderley é um treinador que motiva muito, principalmente antes do jogo, durante a semana. A motivação ajuda para que se chegue concentrado à partida, seja no domingo ou na quarta-feira. Depois do jogo, é normal ele cumprimentar os jogadores pelo que fizeram em campo. Às vezes, dá uma dura quando o time perde, ou quando o time não joga aquilo que ele esperava. O trabalho do Wanderley, durante a semana e antes do jogo, tem uma porcentagem muito grande no rendimento de cada jogador dentro de campo.

23 de out. de 2007

Sarau para o povo

(Matéria feita para a Revista Movimento dos alunos da Unisanta)


O papel que normalmente desempenha a imaginação do leitor tomou forma. Guimarães Rosa estava diante de uma escrivaninha e dividia os pensamentos de sua obra com os ouvintes. Na biblioteca os personagens ganhavam e revelavam o que antes estava escondido no preto e branco das páginas. As pessoas que acompanhavam, por um momento, tiveram a impressão de adentrar em um livro vivo e fazer parte do universo do escritor.

“Começamos a conhecer o mundo, O medo é maior que uma pressa, o medo é uma pressa que vive todos os diabos, uma pressa sem cachimbo, é ruim ser boi de carga, é ruim viver com galho nos ossos, as coisas ruins vêm dos homens, tristeza, fome, calor”.

Além de retratar o sertão, o texto e as canções recordavam o Brasil mitológico e brejeiro. O espetáculo apresentado em agosto, na biblioteca central da Universidade Santa Cecília, relembrou a importância do folclore brasileiro e buscou democratizar a poesia, principal meta dos Poetas Vivos.

“O objetivo do grupo é trazer essa literatura ao alcance do povo, ou seja, democratizar”, diz Romualdo Rodrigues Simões, integrante dos Poetas Vivos que explicou sobre o processo criativo, “os textos e as poesias são colocados numa linha de forma a montar texto e contexto, alinhavando o espetáculo, não é uma coisa jogada”.

A integrante Regina Alonso afirma que “a poesia exige criatividade e sentimento, porque o português você corrige. A gente começou a abrir esse universo que vivia somente nas prateleiras. O pensamento de democratizar a poesia, e também, da criatividade e do sentimento estarem acima do português castiço não é idéia nossa, você vê na maioria dos autores, como por exemplo, o Patativa do Assaré que é uma pessoa simples”.

Para Jaíra Presa, uma das coordenadoras do grupo, “a poesia não é gênero popular, mas quando você coloca a palavra viva com interpretação, ela realmente entra na pessoa e se torna verdadeira, é mais fácil de ser entendida, a gente também percebeu que os objetos do cenário ajudam no contexto e facilitam a compreensão”.

O grupo tem sete integrantes e nestes dois anos e meio de existência já apresentou 25 espetáculos diferentes, mesclando literatura e música. Alguns dos homenageados foram Mário Quintana, Cecília Meirelles, e Hilda Hist.

“Gostar de poesia é uma questão de educação, a pessoa assiste e mesmo quem não gosta acaba gostando. A poesia tem uns termos mais difíceis que, se a pessoa buscar no dicionário começa a compreender e admirar”, diz Antônio Carlos Corrêa que fez o papel de Guimarães Rosa no espetáculo. Naquela terça-feira o grupo cumpriu com o que havia dito o escritor Nelson Abissou: “tirar literatura das bibliotecas empoeiradas para os palcos da vida”.

15 de set. de 2007

Novidades da Ciência mais perto do público

( a seguinte reportagem foi feita para o Jornal Online da Unisanta)


As publicações científicas informam a sociedade, debatem temas polêmicos e servem para aproximar o público do universo dos pesquisadores. Seus objetivos são contribuir para o desenvolvimento científico e demonstrar a importância da pesquisa para o país. Revistas, sites e jornais especializados se dedicam a traduzir a linguagem dos cientistas para os leigos.

A professora Elenice dos Santos conheceu a revista Scientific American Brasil (Sciam) na faculdade, quando cursava licenciatura em Física. Para ela, a revista aumentou o interesse pelas descobertas científicas, por temas relacionados ao que leciona e sobre as novas teorias do cosmo. Atualmente, Elenice compra também a Astronomy Brasil e edições especiais da revista que retratam a vida dos cientistas.

"A Scientific American nos dá uma visão diferente, um jeito novo de olhar as coisas. Você observa a lua e não vê simplesmente um pontinho branco. Existem mil informações por trás da imagem que contemplamos", explica a professora do ensino médio.

As publicações científicas procuram desmistificar o conhecimento científico e, ao mesmo tempo, criar interesse no campo da ciência para enriquecer o conhecimento acumulado da sociedade.Além da Sciam e da Astronomy Brasil, as pessoas podem acessar outros periódicos como o Jornal da Ciência, a revista Pesquisa FAPESP, a Ciência Hoje e alguns sites de universidades que acompanham e divulgam os resultados das pesquisas.

O professor do Instituto de Física da USP Reynaldo Daniel Pinto acompanha com maior freqüência o Jornal da Ciência e a Revista da FAPESP. "O Jornal da Ciência é excelente porque discute política científica, assuntos polêmicos e éticos, como por exemplo, o caso do estudo das células tronco. A revista da FAPESP, além de publicar sobre as pesquisas e financiamentos dentro do estado de São Paulo, também publica assuntos e resultados de pesquisas novas e inovadoras em nível nacional e internacional".

De acordo com o professor, as revistas têm um jornalista que faz a redação final do artigo para adequá-lo ao público leigo. Segundo ele, o resultado do artigo depende da qualidade do jornalista, o que às vezes ocasiona desentendimentos entre pesquisadores e jornalistas. "Quando isso acontece, a qualidade do trabalho fica muito ruim e até pode acontecer de sair publicada uma coisa que não é nem próxima da realidade da pesquisa que está sendo feita", diz Reynaldo Pinto.

O jornalista e editor da Scientific American Brasil, Ulisses Capozzoli, discorda da do ponto de vista do professor Reynaldo Pinto porque a Scientific American sempre envia, antes de publicar, um arquivo no formato pdf aos colaboradores para aprovação. Capozzoli afirma que "a maioria dos artigos que chega às redações não tem como serem publicados sem serem trabalhados o que, em alguns casos, inclui até mesmo problemas de informação que o jornalista precisa checar ou corrigir".

"O jornalismo Científico é um tipo de jornalismo interpretativo, contextualizado historicamente que possibilita uma inteligibilidade possível que consiste em passar para o leitor noções das leis científicas de forma clara para que ele use os conceitos e compreenda o significado das informações. Guardadas as proporções, é o mesmo que um cientista ou pesquisador faz: observa os fenômenos da natureza, aplica conceitos científicos, faz deduções, e descobre as razões dos fenômenos. Dessa forma o jornalismo ensina, desperta o interesse pela ciência e contribui na construção de cidadania", esclarece Capozzoli

Para ele, "o conhecimento é o produto mais sofisticado de uma sociedade e, essa é a razão da importância dos centros de pesquisa de boa qualidade". Com a divulgação das pesquisas e dos trabalhos científicos ocorre um reconhecimento do trabalho do pesquisador e da importância do desenvolvimento científico para o país.

Interesse Científico – Ulisses Capozzoli explica que todas as pessoas têm interesse em ciência, até as mais simples, porque, por exemplo, quando alguém vê um meteoro à noite, esta pessoa tem a curiosidade de querer saber o que acontece quando ele risca o céu noturno e por quê isso acontece.Segundo Capozzoli, o estudo da Ciência no Brasil é uma tradição recente que teve origem à época em que a Corte de Portugal se transferiu para o País em 1808. À época, Dom João VI criou a Imprensa Régia e trouxe também os primeiros pesquisadores.

13 de set. de 2007

Notícias, curiosidades e cultura nos Podcasts

Análise de três podcasts para Jornalismo Online

Por Liliana Caldeira e Leonardo Martins

As séries de tv têm um podcast exclusivo com comentários, notícias e curiosidades. Ouça o podcast nº 8 ( Primeiro Programa de 2007). Apresentado por Flávia Motta, Carlos Alexandre Monteiro e Cláudia Kroik.

Pontos Positivos: O aúdio está bom, o download foi rápido. Os apresentadores são descontraídos e envolvem o internauta/ouvinte. O conteúdo é bastante adequado, e os apresentadores sabem de todas as novidades das séries americanas. Pra quem é amante delas, é muito legal ouvir esse podcast para se atualizar sobre os detalhes daquela de sua preferência. (The O.C,Prision Break, Hannah Montana,entre outras) Músicas, personagens, comentários sobre a temporada, informações de jornais, revistas e sites do Brasil e do exterior. O programa inteiro é dedicado às séries que dão o que falar na TV Brasileira. Bem legal.

Pontos Negativos: O tempo é um pouco comprido, mais de 30 minutos, pode ser um pouco cansativo. Nesse podcast, os apresentadores, algumas vezes, se perderam no assunto e demoraram para voltar no caminho. Não gostei das más analogias que os apresentadores fizeram da série infantil Hannah Montana. Eu achei um pouco preconceituosa. Para melhorar, poderia até haver um podcast das séries infantis, mais precisamente as da Disney. Ia ser bem legal para a criançada ouvir um podcast com as novidades dessas séries e também de filmes da Disney.

Canal de Podcast do Estadão - O Estadão tem um canal de podcasts com com vinhetas, músicas de fundo e ilustrações. O site tem reportagens do jornal adaptado para o rádio, sem vinhetas, mas com depoimentos das fontes. O Podcast Sub trata de canções, motociclismo e vida urbana é muito parecido com um programa de rádio. Às vezes fica um pouco cansativo devido aos apresentadores não terem um limite de tempo para falar. Um outro podcast fez um obituário do tenor Luciano Pavarotti e na página havia links para o internauta escutar algumas interpretações do tenor. Uma das vantagens do canal é a facilidade do acesso aos links com possibilidade de ouvir e baixar os arquivos. As etiquetas (tags) facilitam a busca.

FrenchPodClass - Uma outra função dos Podcasts é, além de oferecer o acesso a um idioma estrangeiro, aprendê-lo. O site FrenchPodClass tem esta finalidade, com a estrutura de um programa de rádio, com abertura, vinhetas e um apresentador que fala pausadamente facilitando o aprendizado. Conversações e canções francesas com explicação das palavras, inclusive os neologismos, fazem parte do programa. O site aborda assuntos atuais e leva o idioma para próximo dos internautas. A desvantagem é que a tradução é inglesa e o ouvinte precisa conhecer bem o idioma americano. No programa foi falado sobre a volta da frança e uma canção francesa foi traduzida com os significados das expressões. Mesmo não sendo um programa jornalístico, faz com que o internauta aumente seu conhecimento da atualidade.

9 de set. de 2007

Quadrinhos juntam poesia, filosofia e comunicação

(Reportagem feita para o Jornal Online da Unisanta - edição especial do Intercom 2007)

O trabalho sobre os quadrinhos poéticos-filosóficos de Gazy Andraus, apresentado pelo professor Elydio dos Santos Neto, da Universidade Metodista de São Paulo foi indicado pelo Núcleo de Produção Editorial como o que melhor reflete os objetivos do Intercom, por apresentar elementos de interdisciplinaridade entre arte, comunicação e filosofia.

A história do Hurizen, baseado no personagem do poeta inglês William Blake e publicada por Andraus em um fanzine, foi analisada pelo Elydio. Ele falou sobre os elementos filosóficos, poéticos e espirituais contidos na obra. Elydio estabeleceu relações entre a concepção antropológica, a visão do filosófo Kant do ser humano e o conceito de Homo Complexus de Edgar Morin.

Na obra de Gazy Andraus, o professor vê reflexão, auto-conhecimento e a crítica aos valores dominantes. Elydio também falou sobre o processo criativo do autor. "Ele muitas vezes desenha direto com a caneta nanquin, que se torna o traço definitivo. Às vezes ele desenha ouvindo música".

Circo Editorial - O professor Roberto Elísio dos Santos apresentou um panorama da Circo Editorial, responsável por uma produção alternativa durante as décadas de 80 e 90. Santos analisou as produções do período dentro do contexto histórico e as características do humor urbano, político, erótico, social e de comportamento. De acordo com Santos, o período foi de intensa criatividade para os quadrinhos brasileiros.

O professor e cartunista Luiz Gê comentou o trabalho e explicou que a criação underground era uma tentativa para se criar fora dos moldes do mercado. Ele falou de uma maior influência dos quadrinhos europeus, da questão política e da tentativa de se criar quadrinhos brasileiros.

Núcleo discute Cony, livros de bolso e obras didáticas

(Reportagem feita para o Jornal Online da Unisanta - edição especial do Intercom)

O sétimo encontro do Núcleo de Pesquisa em Produção Editorial do Intercom, em sua segunda sessão, tratou do livro brasileiro.

João Elias Nery, pesquisador da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) apresentou trabalho feito em parceria com Gisele Taboada da Silva, da Universidade Cândido Mendes, sobre o livro O Ato e o Fato e as crônicas do escritor Carlos Heitor Cony. Na visão de Nery, existe uma relação entre a imprensa e os folhetins, romances apresentados em capítulos publicados pelos jornais. "Muitos escritores passaram a escrever regularmente na imprensa e o folhetim se tornou muito importante", explicou.

A análise de João Elias Nery mostrou que Carlos Heitor Cony é um autor que transita entre as diferentes mídias. Ele usou como exemplo os comentários do quadro Liberdade de Expressão, veiculado na rádio CBN, que depois foram compilados e transformados em crônicas publicadas em livro e no site do escritor.

O professor Livio Lima de Oliveira, da Faculdade Editora Nacional (Faenac), apresentou trabalho sobre os livros de preços acessíveis e fez um panorama do livro de bolso durante as décadas de 60 a 90. De acordo com ele, a recente coleção Companhia de Bolso é uma tentativa da editora de oferecer o livro ao público pelo mesmo preço que custaria uma fotocópia.

A coleção Heróis e Campeões foi apresentada como um estudo de caso pela professora Monica Martinez, das Faculdades Integradas Alcântara Machado (Unifiam/FAAM), junto com o professor Dimas Kunsch. Monica explicou o planejamento da coleção e o uso de técnicas do jornalismo literário, como narrativa, descrição de cenas e ambientação, entre outras.

A pesquisadora Célia Cassiano apresentou trabalho mostrando que na América Latina, com exceção do México, a produção editorial de livros didáticos é feita por empresas privadas e que o Governo brasileiro é o maior comprador de livros, por meio do Programa Nacional do Livro Didático. Célia também falou sobre a concentração do mercado em grandes editoras, que produzem livros didáticos e sistemas de ensino.

De acordo com Célia, três editoras espanholas (Oceano, Santillana e Planeta) lideram o mercado na América Latina. As pequenas editoras são incorporadas pelas grandes.

3 de set. de 2007

J-Aliança quer mídia mais responsável e com participação da sociedade

( A seguinte reportagem foi publicada no jornal Online da Unisanta durante o Intercom)

A Aliança Internacional (J-Aliança) dos jornalistas promoveu um debate sobre responsabilidade da mídia com professores universitários, jornalistas brasileiros e estrangeiros, representantes da sociedade civil e estudantes, nesta sexta-feira, na Unimonte. A questão abrangeu diversos assuntos, como a concentração da imprensa em poucos grupos, a fragmentação da comunicação pela Internet e a necessidade da sociedade civil apresentar sua opinião e ser representada nos veículos de comunicação. Debateu-se também a imprensa alternativa, as rádios comunitárias e a Internet como meio aglutinador de todos os canais.

A professora Cicília Peruzzo, da Metodista, disse que para se chegar a práticas de comunicação cidadã, é preciso começar melhorando a qualidade da mídia. Ela explicou que a mídia presta serviços à sociedade, dentro de uma lógica que gera contradições. "Há falhas no sistema jurídico, como incriminar rádios comunitárias, apesar do serviço social que elas prestam".

Citando Claude-Jean Bertrand, especialista em ética, Cicília disse que é "preciso criar sistemas de responsabilização da mídia". Ela usou como exemplos os conselhos de ética e de imprensa, bem como algumas ONGs, que são experiências de mecanismos que funcionam.

Cicilia lembrou, também, da campanha Ética na TV, que classificou programas de baixo nível, como o Tardes Quentes, apresentado por João Kleber, e moveu ações contra o programa Domingo Legal, por veicular falsas entrevistas com supostos integrantes de uma facção criminosa.

A questão das mídias alternativas também foi abordada por Cicília Peruzzo, que falou da rádio comunitária Heliópolis, do site Overmundo e de grupos como a Central Única das Favelas e o Nós do Morro. "Centenas de experiências criam a possibilidade de uma outra comunicação, de um outro nível de comunicação", afirmou.

A jornalista Sílvia Costa, representante do jornal A Tribuna, citou os meios que o leitor pode usar, como: Jornal Escola e Comunidade, Agenda Cidadã, Plantão AT, Carta ao Leitor e Tribuna livre. Sílvia disse que os canais para a sociedade se manifestar no jornal são abertos, mas que poucos se utilizam deles. Ela acredita que é preciso dar poder ao leitor para que ele possa exercer seu papel de cidadão.

Para a jornalista Ísis de Palma, responsável pela Aliança Internacional de Jornalistas (J-Aliança) no Brasil, "a participação da sociedade é uma necessidade imensa". Ísis citou números da concentração da mídia no Brasil: 686 veículos e 286 emissoras estão concentradas em seis redes de TV do Brasil. Somente 35 emissoras escapam das grandes redes por pertencerem à rede pública de TV.

Ísis também citou o controle da informação por quatro agências internacionais. De acordo com a jornalista, a responsabilidade é proporcional ao poder e ao conhecimento. E citou o escritor Eduardo Galeano, ao afirmar que quando se diz que a responsabilidade é de todos, ela não é de ninguém. "Existe a necessidade de se assumir responsabilidades compartilhadas para sair da imobilização".

Antonio Martins, representante do jornal Le Monde Diplomatique – Brasil, explicou que, atualmente, há uma crise tanto na democracia como nos meios de comunicação.

O professor de Ética Helder Marques, da UNISANTA, lembrou que está havendo um enxugamento das redações, e, por outro lado, o crescimento do número de jornalistas nas assessorias dos órgãos governamentais. De acordo com Marques, há o risco da máquina pública ser usada em benefício dos candidatos que ocupam cargos nos governos.

No início do debate foi feita uma uma homenagem à jornalista e professora Ivanéa Pastorelli, falecida recentemente. O mediador, jornalista Alessandro Atanes, fez uma breve apresentação da carreira da professora e citou um trecho do poema Memória, de Carlos Drummond de Andrade.

Jornalista do Le Monde Diplomatique aponta crise na democracia e na comunicação

( A seguinte matéria foi publicada no jornal Online da Unisanta durante a cobertura do Intercom)

O representante do jornal Le Monde Diplomatique – Brasil, Antonio Martins, afirmou durante debate sobre responsabilidade da mídia, promovido pela J-Aliança nesta sexta-feira, na Unimonte, que quando se fala em responsabilidade da mídia há duas questões envolvidas: a dos jornais e a da democracia. Segundo Martins, hoje existe uma crise na democracia e nos meios de comunicação.

Antonio Martins considera que é responsabilidade dos jornais oferecer um conjunto de informações para que o leitor possa tirar suas conclusões e escolher seu próprio caminho. "Os meios de comunicação têm um poder que lhe é atribuído desde a Revolução Francesa, que é o quarto poder".

Na sua origem, os jornais estavam ligados aos partidos políticos. Hoje, pertencem às empresas e correspondem a interesses empresariais, disse Martins. Assim, há uma mudança de objetivos com ênfase nos interesses do mercado. Os jornais querem conquistar cada vez mais público e oferecer este público para os anunciantes.

O jornalista vê uma "docilidade" dos meios de comunicação em relação às empresas. Para ele, há uma movimentação de recursos financeiros volumosos e um desenvolvimento tecnológico que subverte a relação entre emissor e receptor. Ao mesmo tempo foram surgindo outros poderes, que são as organizações multilaterais de poder internacional, sem teor democrático, como por exemplo o Fundo Monetário Internacional, a Organização Mundial do Comércio e o Banco Mundial.

Martins explica que a sociedade tem se articulado por meio de diferentes movimentos para buscar uma representação, como uma alternativa às eleições que ocorrem a cada quatro anos. "É uma outra forma de tentar ser político".

Ele considera positiva a multiplicação dos emissores, por gerar formas de participação, mas alerta que se corre o risco de criar um "caos informativo". "A responsabilidade da mídia está em aceitar os desafios dos múltiplos emissores e construir formas de diálogo e de sujeitos sociais para criar formas de democracia".

O Le Monde Diplomatique - Brasil passou a ter edição impressa a partir de mês de agosto de 2007. Com tiragem de 40 mil exemplares, a edição é mensal e tem como editor o jornalista Antonio Martins.

16 de ago. de 2007

Das ondas curtas para as ondas digitais, o novo rádio

(A seguinte reportagem foi feita para o Jornal Online da Universidade Santa Cecília, na edição de sábado, 11 de agosto de 2007)

Se antes, para saber o que acontecia com o mundo, as pessoas sintonizavam, através das ondas curtas, estações como a BBC de Londres, hoje, com a Internet, é possível escutar estações de rádio dos cinco continentes. Os mais diversos tipos de informação, música e notícias estão disponíveis nas "webrádios".

Os recursos multimídia dos computadores e o acesso à Internet por banda larga têm possibilitado aos ouvintes escolher, com qualidade digital, os diferentes tipos de programação.

O assistente de contas a pagar, Luiz Veloso, sintoniza uma estação digital assim que liga o computador. A música vai acompanhá-lo em mais uma jornada de trabalho. “Os que trabalham com computador aqui na empresa sempre sintonizam alguma webrádio. Eu costumo ouvir a Multishow”, diz Veloso que não costuma acessar os canais de música dos portais. “Visito os portais quando quero ouvir alguma música ou cantor como, por exemplo, Jota Quest”, explica.

Uma das emissoras da região, a Santa Cecília FM vai fazer um ano que transmite sua programação pela Internet. Segundo a coordenadora administrativa do sistema Santa Cecília, Rosana Ramalho, a rádio passou a transmitir sua programação pela rede mundial de computadores para “atender ao apelo da população”. Rosana diz que hoje a Internet é prioritária “porque as pessoas ligam o computador e logo acessam alguma estação para ouvir música”.

A professora de radiojornalismo da UNISANTA, Valéria Vargas, considera a Internet um novo caminho para o rádio devido à sua segmentação, todavia, o rádio tem a característica da mobilidade. As pessoas escutam música e notícias enquanto dirigem ou correm na praia e a Internet até o momento não permite esse tipo de acesso, embora em alguns países europeus e nos Estados Unidos já existam pontos de acesso público e gratuito à Internet em banda larga que, em longo prazo, podem auxiliar nesse processo de adaptação.

“A principal característica do rádio é a mobilidade, que foi conseguida com a invenção do transistor. Com a chegada da televisão, o transistor deu mobilidade ao rádio e o reviveu”, explica Valéria.

“A super segmentação é uma característica da Internet que está relacionada com o rádio”, diz a professora ao comparar as diversas estações de rádio e suas programações com o universo da Internet.

Nessa diversidade, o internauta pode acessar estações que vão da música clássica, como a Cultura FM de São Paulo e a All Classical, do Oregon, a estações alternativas que promovem novas bandas de Rock e MPB como a Mondo 77 FM.

28 de jul. de 2007

Carta a los heredeiros ( Por Antonio Gala)

Cuanto se resigna a sobrevivir me entristece. Lo que importa es vivir a cualquier precio. Pero vivir no es solo seguir vivo, sino participar del mistério dadivoso de la vida, de sus enigmáticos vaivenes, de sus desalmadas siembra y recolecciones; más aun engendrar la vida, enriquecerla e crearla alrededor.
(...) En esto consiste mi único consejo: que os construyais con cuidado y con lujo a vosotros mismos, para que ninguno se llame a engaño cuando sea demasiado tarde. Las arrugas del corazon son las mas difíciles de se planchar... Por lo demás, la vida es sempre hoy. No es prudente mirar atrás con excessiva insistencia; todo lo anterior fue solo uma manera mas o menos buena de llegar hasta ahora y hasta aqui; el camino no puede estropearnos la posada. Pero tenéis que fabricar mientras los subis, los peldaños de cada dia para que la escalera se complete, al final, sin peligros ni saltos y vuestro ofícios mas significativos han de ser el de juzgar sin prejuzgar e el de sentir sin presentir.

18 de jul. de 2007

A une passante ( Par baudelaire)

La rue assourdissante autour de moi hurlait.
Longue, mince, en grand deuil, douleur majestueuse,
Une femme passa, d'une main fastueuse
Soulevant, balançant le feston et l'ourlet ;

Agile et noble, avec sa jambe de statue.
Moi, je buvais, crispé comme un extravagant,
Dans son oeil, ciel livide où germe l'ouragan,
La douceur qui fascine et le plaisir qui tue.

Un éclair... puis la nuit ! - Fugitive beauté
Dont le regard m'a fait soudainement renaître,
Ne te verrai-je plus que dans l'éternité ?

Ailleurs, bien loin d'ici ! trop tard ! jamais peut-être !
Car j'ignore où tu fuis, tu ne sais où je vais,
Ô toi que j'eusse aimée, ô toi qui le savais !

15 de jul. de 2007

BRASIL Bicampeão da Copa América

Nem sempre o favorito é o que ganha, acontece muito em corridas de cavalo...
Hoje, para variar, não seria diferente.
Valeu Brasil!!! Três a zero de forma tranqüila. Usando a estratégia do adversário.
Se a melhor defesa é o ataque, o Brasil mostrou essa teoria na prática.
Parabéns a todos os jogadores. Mas que o Dunga sofreu, ah sofreu.
O jogo mais emocionante foi contra o Uruguai. Depois da cobrança do último penalty e da defesa do Dony. Ali, já merecia o caneco.
Braaaaaaaaaaasiiiiiiiiiiiiiillllllllllll

12 de jul. de 2007

A América e seus heróis

Heroes, doravante denominado Heróis é uma série americana em que seus personagens principais possuem habilidades especiais, como voar, ficar invisível, mover objetos, viajar através do tempo e do espaço, ouvir pensamentos, regenerar o corpo, atravessar paredes entre outros que podem surgir a cada novo episódio.

Cada personagem tem um dom particular, porém dois deles são diferentes Peter (Milo Ventimiglia) e Sylar (Zachary Quinto). O mocinho e o vilão. O primeiro absorve os poderes quando está próximo de outra pessoa que possua algum poder. O segundo mata os heróis para ficar mais poderoso, aniquilar todos os outros e ser único.

Os 23 episódios da primeira temporada contam a origem dos personagens e seus poderes. A primeira vista são pessoas normais que de uma hora para outra se deparam com algum poder que desconheciam anteriormente e agora não sabem como usá-lo ou até que ponto esta nova habilidade pode ser útil ou prejudicial.

A histórias se passam em vários estados norte-americanos, do Texas à Nova York. Como existem personagens japoneses e indianos, alguns episódios apresentam cenas no Japão e na Índia. O herói japonês, Hiro Nakamura (Masi Oka), tem o dom congelar tempo e espaço, além de viajar para o passado e futuro.

O Indiano Mohinder Suresh (Sendhil Ramamurthy) não tem habilidades especiais à primeira vista, contudo, o pai dele, Chandra Suresh (Erick Avari), que era geneticista, teve uma filha especial, descobriu as mudanças genéticas que fazem as pessoas desenvolverem os poderes, cruzou os diferentes códigos genéticos e fez uma lista com os nomes e os endereços dos que nasceram diferentes.

Chandra Suresh procura localizar as pessoas com estas aptidões e estudá-las, porém, o resultado não ocorreu como ele esperava.

Mortes cruéis acontecem no decorrer dos episódios. Não há pistas para a polícia. Os agentes federais encontram o nome de Sylar por trás dos assassinatos, todavia, os crimes acontecem em diversos estados. O assassino seria somente uma pessoa ou várias e por que as mortes ocorrem de forma desumana

Se dividíssemos a série em três partes. A primeira vai narrar o surgimento dos heróis, do vilão, de uma agência do governo com a fachada de uma fábrica de papel e da batalha para o mocinho salvar a líder de torcida. “Salve a líder de torcida e salve o mundo”, é o refrão dos diferentes personagens no decorrer dos primeiros episódios acompanhado dos conflitos que envolvem a vida da garota.

A segunda parte relata uma reviravolta na história decorrentes do surgimento de novos personagens, dos heróis que se rebelarem contra a agência e a descoberta de uma nova missão. Proteger Nova York de uma explosão nuclear que ocorrerá poucos dias após as eleições congressistas.

Como cada personagem tem histórias pessoais, uma boa parte da série envolve a vida das pessoas e como elas lidam com seus poderes no dia-a-dia. Os dramas particulares são explorados nos episódios. Vale lembrar que um seriado tem estrutura semelhante a uma novela e para se cativar o telespectador é preciso fazer com que a vida dos heróis possuam características em comum com a de quem assiste.

A inovação na série é que os heróis não são imortais. Na terceira parte, mais alguns deles morrem. Outros passam a se ajudarem mutuamente na tentativa de evitar a explosão nuclear e se livrarem dos perigos. A luta do bem contra o mal, maniqueísmo que faz parte do modo americano de ver as coisas, é bem delimitada em toda a série, apesar dos mistérios. Reflexões filosóficas permeiam quase todos os episódios da série, numa tentativa de se juntar ação e filosofia.

A defesa da família e a crítica aos políticos que fazem qualquer coisa para ocuparem o poder, como fraudes nas eleições e negociatas com mafiosos são mostradas na série. Retrato dos novos tempos americanos, acrescida da reflexão: até que ponto a família é mais importante que a pátria, ou o sacrifício individual justifica a defesa da sociedade.

Heróis mistura ficção científica, histórias em quadrinhos com referências metalingüísticas, estilo de narrativa clássico e vida cotidiana. O tempo passa de forma aleatória. Presente no desenvolvimento dos acontecimentos, passado em preto em branco para explicar as causas do presente e futuro onde os personagens, que podem se tele-transportar, vêem os erros do presente e das ações que devem evitar.

Em geral, as manifestações artísticas apresentam duas características importantes. Heróis, por sua vez, incorpora elementos de várias outras séries e filmes contemporâneos como Matrix, Guerra nas Estrelas, Lost entre outros, que os críticos classificam como pastiche. Outra característica é refletir a sociedade contemporânea com suas tensões, medos, atrocidades e o uso dos últimos recursos tecnológicos. Mesmo no futuro os problemas sociais não são resolvidos e a civilização repete o passado.

Se o mitólogo, Joseph Campbell, estivesse vivo. Com certeza ele apontaria muitos arquétipos que a série faz uso. Talvez nos desse uma explicação mais profunda das questões filosóficas que entretém o telespectador e provavelmente diria que independente do que as histórias contem, os valores como amor, amizade, família, honestidade, solidariedade e um coração puro entre outros são a substância de todas elas.

7 de jul. de 2007

Palavras do Ernesto Diniz

Paixões: "Por árvores antigas, por avelã, chocolate, castelos, lealdade. Paixão pelo silêncio na hora certa, pela piada na hora errada, paixão pelas gargalhadas cúmplices. Paixão pela lua, pelas mudanças, pelo verso que passou e estamos em outro planeta. Paixão pela Poesia e pela Prosa, e, fatalmente, pela perdição entre as duas. Paixão por perfumes, andar na praia à noite, perder-me no tempo escrevendo ou lendo, a paixão pelos livros é confidente. Paixão pela liberdade, pela total falta de regras, mas paixão pela lealdade e pela força de espírito. Paixão menos pelo que é falado, mais pelo que é sentido."( Autor: Ernesto Diniz - blog: http://naselva.com/ernesto )

28 de jun. de 2007

Futebol e Literatura

( Quando os ídolos menosprezam a seleção vale lembrar o texto de Eduardo Galeano. As palavras do escritor faz recordar os dribles do Garrincha e suas peripécias. Um verdadeiro balé futebolístico.)


Em um belo dia a deusa dos ventos beija o pé do homem, o maltratado, desprezado pé, e desse beijo nasce o ídolo do futebol. Nasce em berço de palha e barraco de lata e vem ao mundo abraçado a uma bola.

Desde que aprende a andar, sabe jogar. Quando criança alegra os descampados e os baldios, joga e joga e joga nos ermos dos subúrbios até que a noite cai e ninguém mais consegue ver a bola, e quando jovem voa e faz voar nos estádios. Suas artes de malabarista convocam multidões, domingo após domingo, de vitória em vitória, de ovação em ovação.

A bola o procura, o reconhece, precisa dele. No peito de seu pé, ela descansa e se embala. Ele lhe dá brilho e a faz falar, e neste diálogo entre os dois, milhões de mudos conversam. Os Zé Ninguém, os condenados a serem para sempre ninguém, podem sentir-se alguém por um momento, por obra e graça desses passes devolvidos num toque, essas fintas que desenham os zês na grama, esses golaços de calcanhar ou de bicicleta: quando ele joga o time tem doze jogadores.

- Doze? Tem quinze! Vinte!

A bola ri,radiante, no ar. Ele a amortece, a adormece, diz galanteios, dança com ela, e vendo essas coisas nunca vistas, seus adoradores sentem piedade por seus netos ainda não nascidos, que não estão vendo o que acontece.

Mas o ídolo é ídolo apenas por um momento, humana eternidade, coisa de nada; e quando chega a hora do azar para o pé de ouro, a estrela conclui sua viagem do resplendor à escuridão. Esse corpo está com mais remendos que roupa de palhaço, o acrobata virou paralítico, o artista é uma besta:

- Com a ferradura, não!

A fonte da felicidade pública se transforma no pára-raios do rancor público:

- Múmia!

Às vezes, o ídolo não cai inteiro. E às vezes, quando se quebra, a multidão o devora aos pedaços.

(Eduardo Galeano, "Futebol, ao sol e à sombra")

25 de jun. de 2007

Copacabana que me desculpe

(Algumas impressões de um Rio de Janeiro, à época um pouco menos violento. Escrito em abril de 2002. A França só tinha ganho do Brasil uma vez e a violência já existia, mas era menos aparente...)

O dia amanhece. Eu ando nas areias da praia do Leblon, as ondas quebram no mar, mais a frente, uma mulher em trajes de banho caminha acompanhada de seu fiel cão. Apesar da beleza marítima, não se deve esquecer da segurança.

Copacabana que me desculpe, mas ver o dia nascer entre Leblon e Ipanema, tendo ao fundo a paisagem do Pão de Açúcar, é para francês nenhum botar defeito.

Passear pela capital fluminense num domingo de Abril, faz lembrar da música do Gilberto Gil, com abraços aos personagens sem esquecer da cidade que o cantor descreve com elogios.

Quando o sol já estava alto, vejo na famosa praia uma partida de futebol entre franceses e brasileiros, provando que no Rio o campeão é sempre o Brasil. A torcida estava composta por integrantes da bateria de alguma escola de samba e suas mulatas, sambando e sonhando com uma viagem pra fora.

Mais tarde, as ondas tentam derrubar os surfistas na praia do Arpoador. Eles, por sua vez, aproveitam-se das condições naturais para se exercitarem.

O pretexto para visitar a cidade foi a exposição “Utopia Gráfica”, que os camaradas tinham feito na União Soviética durante o período comunista, e, para minha surpresa, encontrei até campanha de cigarros, biscoitos, sabonetes.

Será que não era um capitalismo dentro do regime socialista? Na exposição podia se ver, além de cartazes de cinema, peças gráficas em formato grande com referências ao primeiro de maio, aos camponeses, e a união de todos os povos em um regime igualitário.

Ver esse conjunto de cultura, arte e beleza, faz a gente pensar na Joie de vivre. As cores azul e branco do jogador nos mostra que a liberdade e a paz entre os povos, embora difícil de ser alcançada pode ser vista num dia de domingo, no Rio de Janeiro.

27 de mai. de 2007

Escola Livre mostra outra perspectiva da dança

A seguinte reportagem foi feita para o Jornal Online da Universidade Santa Cecília, na edição de sábado, 26 de maio de 2007

Escola Livre mostra outra perspectiva da dança


Ao levar uma das filhas para a Escola Livre de Dança da Secretaria da Cultura de Santos, a artista plástica Karla Bernard descobriu que havia ali atividades também para ela. Karla fez o curso de dança moderna e contemporânea e, atualmente, dirige a Associação de Pais e Alunos Companhia da Dança, além de participar de dois grupos da escola.

Outras mães seguem o mesmo exemplo e participam dos cursos de extensão curricular e das oficinas oferecidas pela escola, enquanto as filhas se dedicam à dança.

A professora Adriana Ayres diz que as mães têm muito a ganhar ao participarem das atividades oferecidas. “A correção da postura corporal, os exercícios de dança e a interação criada pelos movimentos faz com que haja um ganho na qualidade de vida e uma melhora da auto-estima delas”, explica.

Já as meninas que não se encaixam nos padrões do balé clássico descobrem na escola o talento para a dança e a criação de coreografias. “As crianças podem fazer parte da Escola Livre de Dança, porque aqui não existe a obrigação de se encaixar na forma exigida pelo balé”, diz a professora Adriana.

Unindo arte e educação, a escola oferece oficinas de dança integrativa, iniciação à dança, flamenco e jazz. Nas duas últimas modalidades, participam crianças e adultos. As oficinas de dança têm duração de um ano e os cursos extracurriculares, de três. As crianças levam de sete a nove anos para se formar em dança moderna e contemporânea.

“A dança integrativa reúne jogos cooperativos, dança criativa, que trabalha o lado lúdico, e danças circulares, que remetem às danças antigas de todos os países do mundo. As danças circulares são realizadas da mesma forma como foram criadas”, explica a professora Fátima Abreu.

As aulas acontecem de duas a quatro vezes por semana, com uma hora de duração. Os alunos desenvolvem habilidades de coordenação motora, musicalidade, expressão corporal e participam de atividades complementares com aulas de iluminação, cenografia, teatro e moco, que mistura arte marcial, resistência, força e concepção de movimentos.

Os cursos de dança são procurados por alunos que desejam trabalhar como bailarinos profissionais. “A escola oferece uma formação em dança completa e os alunos aproveitam bem. O jazz, por exemplo, abre o leque para se dançar nos shows de cantores de músicas românticas”, conta a professora Joyce Santos.

“Depois de formados, os alunos podem trabalhar como bailarinos, professores ou coreógrafos”, diz a cenógrafa Cristiana Pieroni.

Nos cursos de dança moderna e contemporânea, o balé clássico está presente porque é um dos fundamentos. Fátima esclarece que a dança moderna permite uma maior possibilidade de movimentação e, em alguns casos, dispensa o uso de sapatilhas, como na linha de trabalho da bailarina Marta Graham.

Segundo ela, a dança contemporânea busca inovar. “Suas coreografias refletem o presente. Ela cria e recria através da movimentação corpórea. Uma das expoentes do estilo é a coreógrafa Deborah Colker, que faz uma pesquisa profunda para mesclar dança, resistência e força”.

Karla Bernard diz que a escola contribui na formação crítica dos alunos. Ela cita como exemplo o musical Olhares, espetáculo apresentado pela escola no final do ano retrasado, em que as crianças tiveram contato com a música do compositor Chico Buarque de Holanda.

“Do Sonho À Fantasia” foi o tema do último espetáculo, que teve a direção de Egbert Mesquita e homenageou Walt Disney. Na apresentação, as coreografias remetiam à infância do desenhista e retrataram a sua vida. Projeções de filmes ao fundo interagiam com as coreografias criando uma atmosfera de sonho.

Nos festivais de que participa, a Escola Livre de Dança tem sido representada por dois grupos: o “Vértice” e o “Arte N’Alma”, com premiações conquistadas no Festival Cidade de Santos — Dançar a Vida e no Passo da Arte de Cubatão.

No próximo dia 18 de junho, às 19 horas, no Teatro Municipal Brás Cubas, a escola vai apresentar um festival interno, aberto ao público, com coreografias sobre datas festivas do calendário. As coreografias serão desenvolvidas pelos próprios alunos e visam desenvolver o lado artístico.

Origem — Ao entrar na Escola Livre de Dança, o visitante ouve a música de uma das duas salas de aula, que envolve todo o ambiente. Na recepção, há livros de dança, revistas e fitas dos espetáculos de fim de ano. Alguns troféus conquistados pelo corpo de baile também estão expostos.

A escola foi fundada no ano 2000, a partir do projeto que as professoras Adriana Aires, Elaine Martins, Fátima Abreu e Sandra Alves levaram à Secretaria da Cultura de Santos. No início, oferecia dança criativa, estilo livre e dança moderna. Hoje, tem mais de 500 alunos matriculados.

Há um ano e meio, a coordenação da escola está a cargo de Aurora Sarro. A Escola Livre de Dança conta com a Associação de Pais e Alunos que se mantém com contribuições voluntárias. A arrecadação é revertida para a escola ou para os alunos quando, por exemplo, a associação negocia um melhor preço na compra de vestuário para dança, ou auxilia alguns dos estudantes com vale-transporte e figurinos.

A Escola Livre de Dança abre inscrições no começo do ano. Os alunos que participam dos cursos e oficinas recebem certificados. O endereço é Rua Antônio Bento, 49, Vila Mathias. Telefone (13) 3223-0629.

20 de mai. de 2007

Jornalismo Cidadão em pauta

A CNN tem uma nova e interessante forma de interação com os telespectadores, que podem participar através de vídeos, fotos e comentários. Além da notícia e de fatos que causem surpresa. O site dialoga com as pessoas em eventos como os dias da mães, e, após a morte de Bóris Ieltsin, os internautas escrevem depoimentos sobre a importância do lider soviético. No blog do CNN-Exchange há comentários sobre os vídeos e fotos apresentadas, às vezes com os bastidores das notícias. O ponto positivo é que a interatividade aproxima as pessoas ao veículo, indo além de mero telespectadores. No entanto, o entretenimento continua forte, mesmo em um canal jornalístico, prevalece o lazer em vez da reflexão.
O jornalismo cidadão tem como pioneiro o site OhmyNews que tem sua sede na Coréia do Sul e recebe reportagens de internautas, denominados repórteres cidadãos. Ele é igual a um jornal com diferentes editorias. Do Brasil, foi notícia a derrota do Flamengo e a visita do Papa. As notícias, a meu ver, estavam imparciais. O site conta com um manual de estilo, um código de ética (só permitido acesso a assinantes) e dicas para os repórteres postarem de acordo com os padrões. Se um repórter fizer 25 reportagens simples, sem dar manchete, ele recebe 50 dólares. o que provavelmente não paga o custo da operação. Também há uma adaptação do slogan do NY Times com: That's fit to share with you. Deveriam ter usado a criatividade do desenvolvimento do site também no slogan e não ficar copiando o Sr. Ochs

17 de mai. de 2007

Hai-Kai

Marias-sem-vergonha no jardim de Alá
Ondas quebrando na beira do mar
Bailarinas girando ao som de Bach

12 de mai. de 2007

Escolinhas em SV formam jogadores para times grandes

Em São Vicente, duas escolas preparam jogadores para times de todas as divisões do futebol paulista. No São Paulo Futebol Center e na Escolinha do São Caetano, os atletas que se destacam vão para as categorias de base desses e de outros clubes.

Muito esforço, vontade e dedicação fazem parte do dia-a-dia de cada jogador que busca se profissionalizar. “Hoje, o futebol exige dos jogadores que estão começando dedicação semelhante aos estudos para se chegar a uma faculdade. Qualquer jogador tem chance de atuar em um time grande. O principal requisito é ter vontade”, diz Wilson Topp, coordenador da escolinha do clube do ABC.

Para Topp, o futebol se profissionalizou e os treinadores dos times grandes e médios, quando vão fazer teste com os jogadores, observam, além do talento, o aspecto técnico: se o jogador sabe se posicionar, receber a bola e trocar passes, ou seja, se o garoto já tem domínio tático. Tudo isso facilita a escolha do jogador para as categorias de base.

De acordo com o coordenador, a escola de futebol aprimora o jogador nos aspectos físico e tático. Os treinos acontecem três vezes por semana e a duração média de duas horas. Os treinadores da escolinha do São Caetano são ex-jogadores com formação em educação física.

“Não existe um tempo mínimo para o aluno participar dos testes nos times. Encaminhamos o jogador quando ele está preparado”, afirma Wilson Topp.

O futebol de salão tem a preferência da garotada, diz o coordenador, porque "é mais fácil fazer gol, o campo é menor, geralmente coberto e os meninos não se sujam tanto quanto no campo". Mas ele ressalta que, quando se começa a jogar no tempo certo, na idade de 9 ou 10 anos, não faz muita diferença se é futebol de campo ou salão.

A escola de futebol do São Caetano começou na praia do Itararé há dois anos. Hoje ela tem 70 alunos. Sete deles jogam na Portuguesa Santista - cinco na categoria sub-15 e dois na sub-17.

A dedicação do jogador também é destacada pelo proprietário da escolinha São Paulo Futebol Center, José Celestino de Menezes. “A força de vontade e o esforço fazem a diferença em um jogador que queira se destacar e jogar em um time grande”.

Nos treinos, os meninos aprendem os fundamentos e a tática do futebol. “Não existe um tempo mínimo para aprender”, afirma Celestino. Ele diz que no ano passado um dos meninos fez teste para o São Paulo uma semana depois de ter entrado para a escola, e foi selecionado para o clube. Já outros ficam de dois a três anos e não passam nos testes.

Segundo Celestino, o São Paulo Futebol Clube realiza quatro avaliações dos jogadores da escola por ano. Duas são no centro de treinamento do clube paulistano e duas na escolinha. No ano passado, a escola tinha 200 meninos e cinco foram selecionados para as categorias de base do clube.

A escola prepara o jogador ensinando os fundamentos, aspectos táticos e preparo físico. Os treinos, com duração de três horas, ocorrem de segunda a sexta-feira, no 2º Batalhão de Infantaria Leve e no Jóquei Clube. Celestino ressalta que não existe a obrigatoriedade de se treinar todos os dias. "Os alunos têm livre arbítrio”.

Ele conta que decidiu ter uma escola do São Paulo por considerar que o clube é o que oferece melhor assistência aos franqueados, como palestras e cursos para os professores. O São Paulo, ao selecionar os jogadores das categorias de base, prioriza os das escolinhas franqueadas.

Celestino considera importante o aluno começar no futebol de salão, citando como exemplo jogadores como Djalminha, Ronaldo Fenômeno e Robinho.

Futsal - No Centro Esportivo Robinho, 420 meninos e 54 meninas participam das escolinhas de futebol de salão. Existem dez horários diferentes de treino. As equipes disputam campeonatos em todas as categorias. De acordo com o coordenador do centro esportivo, João Rodrigues, o Rodinha, há uma lista de espera grande.

“Noventa e cinco por cento dos jogadores de futebol de campo começam jogando no futebol de salão, que é a escola do futebol de campo, porque melhora a parte tática e fortalece a disciplina. O aluno tem que usar a camisa para dentro, não pode xingar, tem que ser educado e ao mesmo tempo fazer lances rápidos e marcar o time adversário”, explica Rodrigues.

Para o coordenador, a prática do esporte desenvolve o convívio social. “O esporte é tão importante quanto a saúde e a educação, porque trabalha a parte física e social”.

Jogadores - Wagner Hainklain Jaques Júnior, de 15 anos, é volante da Portuguesa Santista, onde joga na categoria sub-15. Ele começou a jogar futebol aos 8 anos e freqüenta a escolinha do São Caetano desde 2006.O jogador afirma que melhorou na escolinha, “Eu desenvolvi a musculatura, velocidade e resistência”, diz. Agora, Wagner pretende se tornar profissional. “Vou fazer o máximo possível para isso acontecer”, promete.

O zagueiro do time do Jabaquara, Ariel Silva Ribeiro dos Santos, de 14 anos, joga futebol desde os 8. Ele começou no Esporte Clube Beira Mar, onde frequentou a escolinha de futebol de salão por seis meses. Atualmente, tenta conciliar os estudos da sétima série com o futebol. Ele treina de segunda a sexta e tem como objetivo jogar num clube grande e seguir carreira no futebol.

Outro jogador do Jabaquara, Francisco Júnior, de 15 anos, é lateral esquerdo e também joga futebol desde os 8. Ele freqüentou escolinha por dois anos e diz que conseguiu se destacar. O jovem está na oitava série e afirma que consegue conciliar a escola com o futebol. No futuro, pretende jogar fora do Brasil.

Serviço - A Escolinha São Paulo Futebol Center treina às segundas, quartas e sextas, às 14 horas, no Segundo Batalhão de Infantaria Leve, em São Vicente. Informações pelos tels. (13) 9121-7402/3564-1717.

A Escolinha do São Caetano treina às terças, às 15 horas, na Praia do Itararé; às quintas às 15 horas; e aos sábados às 9 horas, no Segundo Batalhão de Infantaria Leve. Informações pelos tels. (13) 9141-5357/3026-6504.
( Reportagem Para o jornal online da Unisanta)

28 de abr. de 2007

Cidadania em pauta

Fórum da Cidadania quer transformar a sociedade

Organizar uma Agenda 21 e criar um centro de estudos e promoção da cidadania são os principais objetivos do Fórum da Cidadania para este ano. O cordenador geral, Célio Nori, quer debater o tema junto à Prefeitura e às entidades da sociedade civil. ( primeiro parágrafo da matéria publicada hoje no jornal online da Unisanta, para ler a matéria completa clique aqui)

24 de abr. de 2007

Tchecov reflete o ofício do escritor através de seu personagem

TRIGORIN "...A veces se le impone a uno, a la fuerza, un pensamiento... Le da a uno, por ejemplo, por pensar de día y de noche en la luna... !Pues bien!..., yo también tengo mi luna. De dia y de noche vivo dominado por este pensamiento fijo <> <> Apenas he escrito uma novela, ya..., sin saber por qué..., tengo que empezar otra... Luego una tercera y después una cuarta... Escribo sin darme tregua, !y no puedo obrar de otro modo!... ?Y qué -- le pregunto yo-- hay en todo esto de maravilloso o de claro?... !Ah!... !Que vida salvaje la mia!... Aqui estoy ahora hablando animadamente con usted y sin dejar, sin embargo, de recordar en todo momento que mi novela, aún no terminada, me espera... Si, por ejemplo, veo passar una nube cuya forma recuerda la del piano, pienso que habré de señalar en alguma novela el paso de una nube semejante... Huele a heliotropo..., y enseguida mi mente registra: <>, <>, <>... Cuando termino mi trabajo, corro al teatro o me voy a pescar. Aqui, donde debería haber descansado e olvidado..., no puedo ya hacerlo, pues dentro de mi cabeza comienza a dar vueltas otra pesada bala de peltre: un nuevo argumento!... Ya la mesa de despacho empieza a atraerme, y de nuevo hay que escribir, escribir y que escribir!...!Y así siempre, siempre!... !Yo soy el primer obstáculo a mi tranquilidade! Siento que devoro mi propia vida, pues para conseguir la miel que luego entrego a alguno de los seres que pueblan el espacio, he de recoger antes el polvo de mis mejores flores, destrozarlas y pisotear sus raíces... ?Acaso no soy un loco?... ?Es la actitud de mis amigos y conocidos la natural para con un ser de espíritu sanu?... <> --me dicen--. <>... !Siempre lo mismo! !Siempre lo mismo!... Y llega a parecerme que todo: la atención que me prestan los que me conocen, las alabanzas y los entusiasmos son puro engaño... Se me figura que me engañan como a un enfermo y, a veces, hasta temo que se me acerquen a hurtadillas por la espalda, me cojan y me lleven a un manicomio...Aquellos otros años, los mejores de mi juventude, cuando empezaba mi carrera literaria, fueron para mí un continuo martirio... El escritor de segunda fila, sobre todo cuando la suerte no lo acompaña, se antoja a sí mismo inepto..., se considera <>. Sus nervios desgatados se mantienen en constante tensión, y se pasa el tiempo vagando por los círculos literarios sin ser aceptado ni advertido por nadie. Teme mirar a los ojos de los demais, franca y valerosamente, como el jugador apasionado cuando no tiene dinero...Nunca he visto a mi lector, pero, sin saber por qué, la imaginación me lo repressenta predispuesto en contra mia y lleno de desconfianza... !He sentido miedo al público! Cuando llegaba el momento de representar una nueva obra, en cada estreno me parecía observar que los morenos me eran hostiles y los rubios fríamente indiferentes. !Qué terrible sensación! !Qué martirio!"
Tchecov en teatro (La Gaviota) págs 32 a 34

17 de abr. de 2007

Lucina, Zélia Duncan e Shakespeare

Adoro cortinas / que se abrem / adoro o silêncio / antes do grito / adoro o infinito / de um momento / rápido / o instrumento gasto / o ator aflito / o coração na boca / antes /da palavra louca /que eu naum digo /adoro te imaginar / mesmo sem ter / te visto / adoro os detalhes / olhares, atalhos / botões / adoro as pausas / entre as canções /soluções da natureza / riquezas da criação.

As an unperfect actor on the stage / Who with his fear is put besides his part, /Or some fierce thing replete with too much rage, / Whose strength's abundance weakens his own heart. /So I, for fear of trust, forget to say /The perfect ceremony of love's rite, / And in mine own love's strength seem to decay, / O'ercharged with burden of mine own love's might. /O, let my books be then the eloquence / And dumb presagers of my speaking breast, / Who plead for love and look for recompense / More than that tongue that more hath more express'd. / O, learn to read what silent love hath writ: / To hear with eyes belongs to love's fine wit.

( Soneto XXIII ao som de Coração na boca)

15 de abr. de 2007

Técnicas de rejuvenescimento

Na sala de um apartamento, a tv transmite o noticiário da noite. Diante da televisão, um jovem folheia a revista e pensa na namorada, que está na faculdade assistindo a aula sobre o idioma universal que se consolidou com a globalização e o avanço da internet.

Triiiimmm! triiiimmm! O celular toca no meio da aula. Todos olham. Ela se retira da sala para atender.

- Alô

- Oi Jéssica, sou eu, Renato.

- Oi R-e-n-a-t-o. Precisava me ligar no meio da aula? Faltam dez minutos para o intervalo.

- Desculpe, é que acabo de ouvir uma notícia na tv sobre um estudioso que virá ao Brasil expor uma nova filosofia de vida com base nas descobertas da ciência em que as pessoas vão poder viver o tempo que quiserem, não vão envelhecer, nem engordar e permanecerão com aparência de jovens.

- Renato, você tá louco?! Onde já se viu isso?

- Mas Jéssica, acabou de passar na tv. E outro dia vi uma foto dele na revista, estava com aparência de vinte e poucos anos, e ele tem mais de quarenta.

- Sério? E por que ele vem ao Brasil?

- Parece que o Brasil é o país que reúne as condições ideais para a implantação da sua filosofia.

- Condições ideais?! Sei. E quais são essas tais condições?

- Clima, praias, academias, pessoas que praticam esporte e se preocupam com a boa forma, alimentação. Ele afirmou que o Brasil já pratica em parte o seu método.

- Não sei não. Essa história está muito estranha.

-Mas se passou no jornal ?

- Se ele diz que a gente já pratica, não precisa de um filósofo que venha nos ensinar.

- É que ele vai trazer o elixir de rejuvenescimento feito com cartilagem de tubarão.

- Ah! Agora tem mais essa! O cara inventa uma fórmula, mata tubarões, e quer vender pra gente. Renato, acorda! Tô no meio da aula, tenho que checar meus e-mails e você me vem com essa história de filósofo.

- Desculpe amorzinho, é que você sempre sabe das novidades. Dessa vez queria te surpreender.

- Mas não com essa de filósofo e tubarão. Deixa eu voltar pra aula e quando eu sair da facu te ligo, tchau.

Jéssica volta pra sala e a aula havia acabado. Então ela atravessa os corredores e se dirige a sala de computadores para checar seus e-mails. Ao abrir sua caixa de mensagens com boletins do noticiário internacional, descobre: "Cientistas desenvolvem técnica de rejuvenescimento com cartilagem de tubarão".

-x-x-x-

Escrevi esta crônica em 2003, que foi publicada no Em Foco, o jornal laboratório da Firb. A idéia inicial era criticar os celulares que viviam tocando durante as aulas. A crônica acabou indo por outro caminho e os celulares ficaram em segundo plano. C'est la vie. Hoje, a gente já se acostumou com este hábito de atender telefone no meio da aula, mas alguns ainda continuam com aquelas campainhas infames que tiram a concentração de qualquer um. Hélas

11 de abr. de 2007

Pensamento, demasiado humano

A nossa única grande vantagem, o segredo do nosso sucesso, é o pensamento -- o pensamento caracteristicamente humano. Somos capazes de encontrar soluções para os problemas, imaginar acontecimentos que ainda vão ocorrer, entender a realidade. Foi assim que inventamos a agricultura e a civilização. O pensamento é a nossa benção e a nossa maldição, faz de nós o que somos. Carl Sagan em Bilhões e bilhões, pág. 193

10 de abr. de 2007

O Caminho de San Giovanni

(Que a vida também fosse desperdício, isso minha mãe não admitia ­­– ou seja, que também fosse paixão. Por isso nunca saía do jardim etiquetado planta a planta, da casa forrada de buganvílias, do escritório, com o microscópio debaixo da redoma de vidro e os herbários. Sem incertezas, ordeira, transformava as paixões em deveres, e deles vivia.
Mas o que movia meu pai a cada manhã pelo caminho de San Giovanni acima – e a mim abaixo pelo meu caminho –, mais que o dever de proprietário laborioso, ou o desprendimento de inovador de métodos agrícolas – e o que movia a mim, mais que as definições daqueles deveres que aos poucos iria me impor --, era paixão feroz, dor de existir – o que mais podia nos impelir, ele a subir pragais e bosques, eu a me entranhar num labirinto de muros e papéis escritos? Confronto desesperado com o que resta fora de nós, desperdício de si em oposição ao desperdício geral do mundo.) Ítalo Calvino em O Caminho de San Giovanni -- pág. 76

8 de abr. de 2007

Impressionista com um toque intimista

Perto do Coração Selvagem tem todas as cores de um romance de impressões. Os críticos o classificam como intimista. A autora, hábil em mesclar as duas coisas, expressa sentimentos e estados interiores com maestria. A paisagem que a circunda se relaciona ao seu mundo como se do exterior partisse a significação das emoções e vice-versa.

Clarice Lispector tem a faculdade de conversar com o leitor dividindo com ele as sensações, sejam de alegrias ou tristezas. Ao se adentrar na leitura do livro passa-se a habitar o universo interior da autora. A conversa é tão íntima, (talvez daí a classificação intimista dos críticos), que não se consegue imaginar os personagens separados da própria autora.

A escritora passa a ser Joana, a personagem principal, que é a própria Clarice, nas diferentes fases da vida: infância, adolescência, no período que antecede o casamento, e no momento da separação. Mas o foco de sua obra é o estado interior. O roteiro é apenas uma conveniência, e, realmente, a gente quer sempre saber o roteiro para tirar nossas conclusões internas ou para julgarmos se vale a leitura. Clarice vai no cerne da questão, ela faz com que o roteiro ocupe um papel secundário e, os sentimentos, o que se passa dentro de cada um de nós, e que faz com que tomamos nossas decisões, ocupe o papel principal.

Por expressar o seu íntimo o livro toma outra dimensão. Ela afirma dentro do próprio romance, na voz da personagem, que aquilo que sente não consegue expressar com palavras. Mas quando transforma em palavras, as palavras se transformam no que está sentindo.

Há uma controvérsia, surgida a partir do lançamento do romance, de que ela foi influenciada por James Joyce e Virginia Woolf contudo, Perto do Coração Selvagem, seu primeiro livro, escrito quando ela tinha pouco mais de 20 anos, está no mesmo nível da obra dos outros autores impressionista e com um toque intimista.

Não estranhe se durante a leitura do romance você se sinta como os personagens do livro e depois passe a ver o mundo com mais atenção aos seus sentimentos interiores, semelhante ao que disse uma atriz sobre a influência do personagem no ator, em que adquiria uma forma de ver, pensar e sentir muito próxima do papel que representava.

7 de abr. de 2007

Desejo de Poesia


"A dor cansada numa lágrima simplificada.

"Se eu me visse na terra lá das estrelas ficaria só de mim.

"Um simples olhar surpreso esgotaria todos os fatos

"Havia um meio de ter as coisas sem que as coisas a possuíssem

"A chuva e as estrelas, essa mistura fria e densa me acordou, abriu as portas do meu bosque verde e sombrio, desse bosque com cheiro de abismo. Onde corre água. E uniu-o à noite.

"A palavra estala entre meus dentes em estilhaços frágeis

"Mas o sonho é mais completo que a realidade, esta me afoga na inconsciência

"Palavras muito puras, gotas de cristal. Sinto a forma brilhante e úmida debatendo-se dentro de mim.

"Vagarosamente entristeceu de uma tristeza insuficiente e por isso duplamente triste

"Inútil seguir por outros caminhos, quando para um só seus passos a guiavam.

"Porque os últimos cubos de gelo haviam-se derretido e agora ela era tristemente uma mulher feliz

"Sons como setas grossas, cravando-se nos móveis, nas paredes, nela própria maciamente

"Erguia-se pura uma nova manhã, docemente viva. E sua felicidade era pura como o reflexo do sol na água. Cada acontecimento vibrava em seu corpo como pequenas agulhas de cristal que se espedaçassem

"Eu toda nado, flutuo, atravesso o que existe com os nervos, nada sou senão um desejo, a raiva, a vaguidão, impalpável como a energia.

"Gosto, mas eu nunca sei o que fazer das pessoas ou das coisas de que eu gosto, elas chegam a me pesar, desde pequena

"Há uma substância assustada e leve no ar, eu consegui obtê-la, é como o instante que precede o choro de uma criança

"Eu mesma posso morrer de sede diante de mim. A solidão está misturada à minha essência.

"Há certo instante na alegria de poder que ultrapassa o próprio medo da morte.

"Era inútil abrigar-se na dor de cada caso, revoltar-se contra os acontecimentos, porque os fatos eram apenas um rasgão no vestido, de novo a seta muda indicando o fundo das coisas, um rio que seca e deixa ver o leito nu."

Pequenos trechos do livro Perto do Coração Selvagem de Clarice Lispector.

25 de mar. de 2007

Jornalismo em questão (discussões a partir da aula)

O jornalismo continua com o mesmo espaço na produção da informação. Antes os outros meios também produziam informação, nem tanto de caráter político, como é a maior vertente do jornalismo, ou de influenciar em decisões da população . Porém esses meios como o cinematográfico e o musical produziam informações reflexivas, por exemplo Tempos Modernos de Chaplin, as canções do Geraldo Vandré, Chico Buarque e Caetano Veloso (É proibido proibir).

A tecnologia advinda com a cibernética tem por finalidade organizar, controlar e administrar (no sentido de quem tem acesso a quê) a informação, que por sua vez está controlada por grandes conglomerados que fazem a agenda setting e a jurisprudência (termo usado pelo Luís Nassif) do jornalismo.

Assim o computador continua sendo a ferramenta. A possibilidade de um site ou blog ou vídeo (ex. You Tube) alcançar milhares pessoas gera uma repercussão momentânea que não chega a influenciar diretamente ao público. O viés maior de sua influência é o entretenimento, ou no máximo, uma informaçao passageira.

A diferença principal, e aí está o poder do jornalismo, é a formação do leitor. Quando o jornalista publica um texto ele preenche as lacunas que o seu público desconhecia. O interesse em ler, ver ou ouvir está justamente na posição que o cidadão irá tomar a partir do que ficou sabendo.

A produção de informação por diferentes canais aumenta a discussão sobre um determinado tema e amplia os horizontes de quem está interessado em descobrir os diferentes ângulos do assunto. Contudo, o tempo disponível das pessoas é escasso e elas vão buscar a fonte mais confiável que continua sendo de caráter jornalístico.

Dessa forma o jornalista continua exercendo importante papel na sociedade, sua importância tende a aumentar se ele respeitar os príncipios da profissão. Infelizmente isso não tem acontecido, devido a tomada de partido da imprensa em determinadas questões.

Mas aí o debate sai desta esfera e vai para a questão: profissional /empresa. E, para parafrasear o Kipling, é assunto para outro pôr do sol.

23 de mar. de 2007

Para lembrar dos anos idos

A semana tem sido corrida. E, para variar, vou relembrar a idéia original, ou melhor, a primeira vez que pensei em criar um blog. Foi nos idos de 2003. Durante as conversas de fim de noite na casa da Sandra (Nossa amiga e conselheira, sempre com uma visão diferenciada da vida e da sociedade, além de uma sinceridade incomum).
Bom, então a gente caminhava pelas ruas de Pinheiros e terminava tomando um último café, feito numa cafeteira italiana, como despedida da conversa. E, lembro que disse para o Phillip (Um cara super gente boa; Grande Irmão) e a Sandra: -- O que vocês acham de eu fazer um blog? Então a Sandra a responde que eu tenho que atualizar todo dia. O Phillip confirma. E eu penso...
Não tenho tempo para postar todo dia, vai ser complicado. Ai o Phillip dizia: "O Léo é o cara das mil idéias, amanhã ele vai estar com outro projeto na cabeça...". E tenho que dar razão a ele, o projeto só saiu da massa cinzenta depois de quatro anos, sem contar a solicitação dos profs.
Tempos bons aqueles. A gente chamava professor de profe. Eu fazia uma crítica silenciosa dos quadros do Andy Warhol que a sandra adorava. Sem contar o Prof. Valmir que nos divertia e quando achava que a gente tava abusando da paciência dele, radicalizava, rs. E a gente se revoltava mas entregava os trabalhos a tempo.
Hoje a Sandra passa uma temporada na Espanha. Ela agora resolveu se dedicar à Gastronomia, e pelo que sei, está indo bem. Daqui há alguns anos provavelmente poderemos visitar um bistrô -torço para que seja em sampa- e saborear os excelentes pratos que a Sandra já fazia antes da pós.
O Phillip continua na Selva de pedra trabalhando com cinema e um pouco de jornalismo mais para fotográfico. Até acho que ele não gosta muito de Jornalismo. Mas quando sai para fazer reportagem. O cara é bom.
Eu sigo estudando para terminar o curso. Com umas reportagens para as disciplinas do curso que logo logo estarão nesse blog. Então se vocês acharem o blog um pouco parado visitem alguns dias depois, pois sempre haverá novidades.