11 de dez. de 2008

Palavras de Aldir Blanc em Resposta ao tempo

Batidas na porta da frente

é o tempo

Eu bebo um pouquinho pra ter

argumento

Mas fico sem jeito, calado

ele ri

Ele zomba de quanto eu chorei

porque sabe passar

e eu não sei

 

Num dia azul de verão sinto vento

há folhas no meu coração é o tempo

recordo um amor que eu perdi

ele ri

Diz que somos iguais

se eu notei

pois não sabe ficar

e eu também não sei

 

E gira em volta de mim

sussurra que apaga os caminhos

que amores terminam no escuro

sozinhos

 

Respondo que ele aprisiona,

eu liberto

Que ele adormece as paixões

e eu desperto

E o tempo se vai com inveja

de mim

Me vigia querendo aprender

Como eu morro de amor

pra tentar reviver

 

No fundo é uma eterna criança

que não soube amadurecer

Eu posso, ele não vai poder

me esquecer

10 de dez. de 2008

acendedor de lampiões das estrelas

Como jornalismo é igual em qualquer lugar do mundo, bem vale a pena ler a definição da profissão pelo mestre Gay Talese. Conhecedor de todos os meandros do ofício, não se furta de contar as vantagens e desvantagens. Sem contar o parecer que no nosso ramo é mais importante do que o ser. Abaixo o trecho do livro 'O Reino e o Poder' disponível no site da editora que publica no Brasil.


Em sua maioria, os jornalistas são incansáveis voyeurs que vêem os defeitos do mundo, as imperfeições das pessoas e dos lugares. Uma cena sadia, que compõe boa parte da vida, ou a parte do planeta sem marcas de loucura não os atraem da mesma forma que tumultos e invasões, países em ruínas e navios a pique, banqueiros banidos para o Rio de Janeiro e monjas budistas em chamas - a tristeza é seu jogo, o espetáculo, sua paixão, a normalidade, sua nêmese.

Os jornalistas viajam em bandos, a tensão à flor da pele, e mal podem adivinhar em que medida essa presença tem o poder de desencadear um incidente, acender as pessoas. As entrevistas coletivas, com suas câmeras e microfones, se tornaram de tal forma parte integrante dos acontecimentos de nosso tempo que ninguém sabe mais se são as pessoas que fazem as notícias ou vice-versa: o general Ki, no Vietnã, sentindo-se sem dúvida mais poderoso depois de ser pela sexta vez matéria de capa de uma revista, desafia a China; a polícia de Nova York invadiu o quartel-general de alguns jovens delinqüentes e descobriu que os líderes da gangue mantinham livros de recortes da imprensa; em Baltimore, um dia depois de o Relatório Huntley-Brinkley mencionar que a cidade tinha sobrevivido ao verão sem nenhum episódio de tumulto racial, houve um desses episódios. Se a imprensa está ausente, políticos cancelam seus discursos, manifestantes em defesa dos direitos civis adiam suas marchas, alarmistas deixam de fazer suas previsões lúgubres. Os soldados que guardam o Muro de Berlim, amplamente ignorados desde que o Vietnã tomou seu lugar nas manchetes, observam, despreocupados, as garotas que passam.

Uma notícia não publicada não causa impacto. Poderia muito bem não ter acontecido. Assim, o jornalista é um aliado importante da ambição, é o acendedor de lampiões das estrelas. É convidado para festas, cortejado e cumprimentado, tem acesso a telefones que não constam da lista e a muitos estilos de vida. Pode mandar para os Estados Unidos uma matéria provocativa sobre pobreza na África, sobre distúrbios e ameaças tribais, e depois dar um mergulho na piscina do embaixador. Às vezes, o jornalista pode supor erroneamente que é seu charme, e não sua utilidade, que lhe rende esses privilégios; mas, em sua maioria, são homens realistas que não se deixam enganar pelo jogo. Eles o usam tanto quanto são usados. Ainda assim, são seres inquietos. Seu trabalho, publicado instantaneamente, é quase instantaneamente esquecido e o tempo todo eles precisam procurar algo novo, conservar o nome nas páginas dos jornais para não ser esquecidos, devem suprir o apetite insaciável dos jornais e das redes de televisão, a ânsia comercial por novos rostos, modas, modismos, rixas; não devem se preocupar quando as notícias parecem acontecer porque eles estão lá, nem devem pensar na possibilidade de que tudo que testemunharam e escreveram ao longo de suas vidas pode um dia ocupar apenas umas poucas linhas nos livros de texto do século XXI.

E assim, a cada dia, sem pensar na história, mas apenas no instante, jornalistas de todas as crenças e, qualidades registram de seu modo peculiar as notícias do mundo como eles as vêem, ouvem, e crêem compreender. Depois, boa parte delas é distribuída por todos os Estados Unidos, milhões de palavras por minuto, e milhares delas chegam a uma grande fábrica de fatos de catorze andares localizada na rua 43, perto da Broadway, o prédio do The New York Times, onde todo os dias úteis, às quatro horas da tarde - antes que estejam prontas para ser impressas, antes que possam influenciar o Departamento de Estado, deixar perplexo o presidente do país, irritar o produtor teatral David Merrick, abalar Wall Street e fazer cabeças rolarem no Congo -, são apresentadas pelos editores do Times, sentados em torno de uma mesa de conferências, ao diretor de redação Clifton
Daniel.
Trata-se de um homem de aparência muito interessante, mas difícil de descrever porque as palavras que de início o captam bem parecem totalmente inadequadas para qualquer homem. Mas a impressão persiste. Clifton Daniel é quase adorável. Seu rosto longo, pálido e suave, dominado por grandes olhos negros e cílios muito compridos, e seus cabelos grisalhos e ondeados, apuradamente penteados, dão a ele essa aparência. Seus ternos são bem talhados; suas mãos e unhas, imaculadas; sua voz, uma mistura suave e acetinada do sotaque da Carolina do Norte, onde nasceu numa pequenina cidade dedicada ao tabaco, e da Inglaterra, onde atingiu a maioridade como jornalista, namorou mulheres da moda e era chamado, às vezes, de xeque da Fleet Street.
 
Naqueles dias, durante e logo depois da Segunda Guerra Mundial, Londres era uma grande cidade para jovens jornalistas americanos. Havia um sentimento para objetivos comuns e de simpatia com os britânicos, um laço romântico criado durante os bombardeios e blecautes; a sociedade britânica era democrática em todos os níveis, e se um jornalista americano, em especial um solteiro de boa aparência, possuísse também, como Clifton Daniel, certa formalidade e reserva, certo charme discreto - modos conservadores que, no caso de Daniel, eram, em parte, conseqüência da timidez do rapaz nascido numa cidade sulista pequena -, então Londres podia ser uma cidade ainda mais sensível, como foi com Daniel.
 
Ele era requisitado por anfitriãs londrinas, era visto muitas vezes acompanhando mulheres distintas ao teatro e ao balé. Em geral, evitava os clubes masculinos e freqüentava as salas de visitas, onde, em companhia de Bea Lillie e Noel Coward, Margot Fonteyn e Clarissa Spencer-Churchill, que se casou mais tarde com Anthony Eden, podia ouvir as últimas fofocas da política e da sociedade, da mesma forma como fizera anos antes, quando trabalhara atrás do balcão da farmácia de seu pai em Zebulon, Carolina do Norte.
Hoje, é difícil imaginar Clifton Daniel, mesmo quando menino, numa farmácia. Sua elegância cool, o modo cortês com que conduz as questões empresariais do New York Times, a facilidade com que, sem nenhuma pretensão, rejeita uma boa garrafa de vinho no Oak Room, no Plaza, tudo sugere que se trata de um homem que cresceu num mundo de privilégios e poder. E é essa impressão, essa fachada que Daniel exibe, seus modos londrinos, o que a maioria de seus editores e subordinados no jornal vê. Eles raramente o encontram fora do trabalho, e assim o contato pessoal mais próximo ocorre na reunião da redação que se realiza em seu escritório todas as tardes, às quatro horas, e nem um segundo depois.

16 de out. de 2008

Uma canção para acalmar os colegas da faculdade...

Prepare o seu coração
Prás coisas
Que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar...

Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo prá consertar...

Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu...

Boiadeiro muito tempo
Laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
E boiadeiro era um rei...

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos
Que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei...

Então não pude seguir
Valente em lugar tenente
E dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente...

Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto prá enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar

Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu...

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei

7 de out. de 2008

A benção do Samba por Vinícius de Moraes

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é melhor coisa que existe
É assim como a luz do coração
Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba, não 

Senão, é como amar uma mulher só linda. E daí? Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza. Qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade. Um molejo de amor machucado. Uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher, feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor e pra ser só mulher. 

Fazer samba não é contar piada
Quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
A tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não 

Feito essa gente que anda por aí brincando com a vida. Cuidado companheiro! A vida é pra valer. E não se engane não, tem uma só. Duas mesmo que é bom ninguém vai me dizer que tem, sem provar muito bem provado, com certidão passada em cartório do céu e assinada embaixo: Deus. E com firma reconhecida! A vida não é brincadeira, amigo. A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Há sempre uma mulher à sua espera, com os olhos cheios de carinho e as mãos cheias de perdão .

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não
Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
E se hoje ele é grande na poesia
Ele é negro demais no coração

28 de set. de 2008

SOUVENIR DE MARIE A. pour Bertold Brecht

1

C'était par un beau jour du bleu septembre,
Silencieux, sous un jeune prunier,
Entre mes bras comme en un rêve tendre,
Je la tenais, la calme et pâle aimée.
Par dessus nous, dans le beau ciel d'été,
Il y avait tout là-haut un nuage,
Toute blancheur, longuement je le vis,
Et quand je le cherchai, il avait fui.

2

Depuis ce jour, beaucoup, beaucoup de mois,
Avec tranquillité s'en sont allés.
On a sans doute abattu les pruniers
Et si tu viens à me dire: Et l'aimée?
Je répondrai: je ne me souviens pas.
Bien sûr, je sais ce que tu as pensé,
Mais son visage, il n'est plus rien pour moi,
Ce que je sais, c'est que je l'embrassai.

3

Et ce baiser serait en quel oubli,
Si n'avait pas été là ce nuage!
Je me souviens et souviendrai de lui
Toujours, de lui très blanc qui descendait.
Les pruniers peut-être ont encor fleuri
Et la femme en est au septième enfant,
Mais ce nuage, lui, n'eut qu'un instant
Et quand je le cherchai, mourait au vent.

(traduction Maurice Regnaut)

Poem from the Life of Others By Bertrolt Brecht

1

On a certain day in the blue-moon month of September

Beneath a young plum tree, quietly

I held her there, my quiet, pale beloved

In my arms just like a graceful dream.

And over us in the beautiful summer sky

There was a cloud on which my gaze rested

It was very white and so immensely high

And when I looked up, it had disappeared.

2

Since that day many, many months

Have quietly floated down and past.

No doubt the plum trees were chopped down

And you ask me: what's happened to my love?

So I answer you: I can't remember.

And still, of course, I know what you mean

But I honestly can't recollect her face

I just know: there was a time I kissed it.

3

And that kiss too I would have long forgotten

Had not the cloud been present there

That I still know and always will remember

It was so white and came from on high.

Perhaps those plum trees still bloom

And that woman now may have had her seventh child

But that cloud blossomed just a few minutes

And when I looked up, it had disappeared in the wind.

7 de set. de 2008

"Todas as estradas vão pro Oeste”

“Chris tratava a si e aqueles a seu redor com um código de normas rígido e impiedoso. Ele arriscou-se no que poderia ter sido um caminho solitário e cruel, mas encontrou companhia nos personagens dos livros que gostava de escritores como Tolstoy, Jack London e Thoreau. E evocava suas palavras para adaptarem-se a cada situação, que geralmente combinavam.”


“Esqueci de perguntar qual citação ele reservara para o jantar de graduação, mas tinha uma boa idéia de quem seria o alvo. Era inevitável o rompimento de Chris. E quando acontecesse, ele o faria do seu jeito desequilibrado.


"Não se pode negar que a liberdade sempre nos extasiou. Está associado em nossas mentes como fuga da história da opressão e das obrigações entediantes. Liberdade Absoluta. "


Trecho do filme Na Natureza Selvagem (Into the Wild) dirigido por Sean Pean, baseado no livro homônimo de John Krakauer.

20 de ago. de 2008

Olimpíadas para chinês ver

Em competições esportivas, principalmente a atual, ouve-se falar, às vezes em espírito olímpico. Na prática ocorre uma exaltação ao vencedor, como um herói que cumpriu a missão a que estava submetido. Há quem diga que o esporte substitui a guerra, pois direciona nossos instintos e desejos para um objetivo menos bélico e mais, digamos, artístico.

A experiência que tenho de jogos esportivos é que certa vez, ainda menino, quando me aventurei pelo futebol num campo de várzea, tomei um jogo de corpo que me deixou desnorteado. Passei a pensar na deslealdade do jogo e dos jogadores aliada à minha pouca vontade de jogar bola, que foram suficientes para abandonar a carreira nada promissora.

Todavia descobri o Xadrez, este sim, uma guerra na prática, onde uma das maiores qualidades talvez seja a lealdade dos jogadores. Um lance fora do regulamento é facilmente percebido, qualquer tentativa de se desestabilizar o adversário fora do tabuleiro pode ser respondida com um simples silêncio, onde as palavras, no melhor sentido budista, ficam com quem as pronunciou.

Bom, é lógico que o xadrez faz pouco sucesso, além dos esforços de raciocínio, memorização e antecipação de jogadas, muitas vezes o jogo está decidido algum tempo antes do fim. Razão dos abandonos de partida.

Como não tenho o talento de começar um texto com o título. Mas, tentando, pegar o fio da meada. Vou citar Caetano e corrigir o traçado, no meio da corrida: Sejamos imperialistas!

As chances do Brasil, como tem se comprovado, no quadro de medalhas são remotas. A disputa, desta "guerra esportiva" se dá entre Estados Unidos e China. Com a vantagem, que o país do oriente está jogando em casa. O mesmo país que pretende mostrar que consegue aliar crescimento econômico com boas condições de vidas para os chineses. Ao menos os que participam das competições esportivas e lutam por um ideal.

Nesse caso preferiria torcer para o outro império que, queremos ou não, tem oferecido melhores condições à sociedade com contas pagas por outros países, mas isto é outra história.

Todavia a Rússia, com alguns esportistas consegue se interpor entre os dois impérios. E é aqui que entra o mote deste texto. A russa, destaque no salto com vara e uma mão nas costas competiu com a americana que se esforçou como nunca, e, perdeu.

A imagem que fica é a mulher correndo, o instante em câmera lenta, pode-se ouvir o coração da atleta, a vontade de ganhar em todos os esforços. Dos passos da corrida ao impulso do salto. No momento em que ela salta, a tv nos mostra os detalhes com perfeição, por um momento torcemos para que ela ganhe.

Mas, a contração do corpo a impede, ela derruba a barra. Da primeira vez, tem mais uma chance, se esforça ao máximo e, quando a gente acha que conseguirá, seu olhar expressa a busca da vitória. A barra, tinha a barra que mais uma vez, sem um pingo de sentimento, a derruba novamente.

Nesse momento a atleta vai do ponto mais alto de suas expectativas ao mais baixo da esperança. E é Provável que tenha uma noite de insônia, buscando por todos os caminhos, o momento que poderia ter feito a diferença.

Quando o atleta se encontra derrotado é que se percebe a fragilidade do espírito olímpico. Os esportistas estão lá para ganhar, o que vale, de fato, é a batalha. Mesmo que seja uma batalha perdida. Parece algo típico do ser humano.

Fernando Pessoa dizia que os conhecidos eram campeões em tudo e nunca havia conhecido alguém que tivesse levado porrada. No momento que a atleta perdeu, nós percebemos que ela não era uma semideusa, e como todos nós, uma mortal. Talvez em busca de uma imortalidade, de um feito para ficar na história.

O que importa de fato e talvez não se perceba, é que na derrota se aprende muito mais do que na vitória. Está aí a razão do poema. Sejamos humanos e deixemos os chineses com seus fogos de artifícios e a falsa impressão do que eles desejam ser, mas não esqueçamos que foram eles que invadiram o Tibet, torturaram e expulsaram os monges de um país teocrático. E vale perguntar: será que, na prática, não são os regimes políticos e econômicos o ópio do povo?

Poema em linha reta

By (Fernando Pessoa) Álvaro de Campos


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

10 de ago. de 2008

...e vamos na vidas sem ter jardim... by Jorge Humberto

"Orgulhosos de nós a soberba nos inspira
Antipatia, é como um caminho feito a sós
Onde não cabe o outro, que assim se retira
Deixando-nos para trás, desatando os nós,

Que, se antes os ligava, agora os separa,
Mormente todo o eufemismo que caiba aqui.
Porque, infringido a lei, ninguém repara
Em nós e vamos na vida sem ter jardim.

Deixai para trás essa impostora, pedestal
De todo o nosso sentir, se assim não for
Não teremos ninguém a quem chamar igual.

Quanto mais não vale o altruísmo, a verdade,
E toda a forma viva de dizer amor,
Conquanto reine aqui toda a sua simplicidade."


3 de ago. de 2008

Um dia você aprende: After a While... by Veronica Shoffstall

After a while you learn
the subtle difference between
holding a hand and chaining a soul
and you learn
that love doesn't mean leaning
and company doesn't always mean security.
And you begin to learn
that kisses aren't contracts
and presents aren't promises
and you begin to accept your defeats
with your head up and your eyes ahead
with the grace of woman, not the grief of a child
and you learn
to build all your roads on today
because tomorrow's ground is
too uncertain for plans
and futures have a way of falling down
in mid-flight.
After a while you learn
that even sunshine burns
if you get too much
so you plant your own garden
and decorate your own soul
instead of waiting for someone
to bring you flowers.
And you learn that you really can endure
you really are strong
you really do have worth
and you learn
and you learn
with every goodbye, you learn...

"This poem has been plagiarized, bastardized, renamed, reworded,
redesigned, expanded and reduced. But it is my work, which I wrote at
the age of 19 and had published in my college yearbook. Why anyone
would want to claim it is beyond me, but for what it's worth, I wrote
it, and if I'd known it was going to be this popular, I'd have done a
better job of it. - Veronica Shoffstall
(Obs: Eu também pensei que este poema fosse do Shakespeare. Uma das
utilidades da Internet é lançar luzes sobre autores e textos...)

27 de jul. de 2008

Clube da Escrita no Limão

Para compensar a falta de textos no blog, o autor destas linhas vai passar o link do Clube da Escrita. Comunidade de estudantes e afins da Unisanta que gostam de um bom texto, uma boa literatura, contos e outras histórias. Nela pode-se encontrar criações originais e em primeira mão dos estudantes e professores. Então: Visite, participe e envie seus textos. A comunidade é aberta, também a novos autores...

20 de jul. de 2008

Let's go the way you know

I want you here
I want you everywhere
Please, just stay with me
You are the one I care
It's like a dream coming true
The stars keep shining
and the sky is blue
You make me happy
and you make me smile
When we are together
when you're by my side
Let's go the way you know
Let's go the way you know

(Tema do comercial da Peugeot.
 Publicidade e Amor a desenvolver
nos próximos dias)

Scrivimi, quando il vento avrà spogliato gli alberi

Gli altri sono andati al cinema, ma tu vuoi restare sola

Poca voglia di parlare allora scrivimi

 

Servirà a sentirti meno fragile, quando nella gente troverai

Solamente indifferenza, tu non ti dimenticare mai di me

 

E se non avrai da dire niente di particolare

Non ti devi preoccupare, io saprò capire

A me basta di sapere che mi pensi anche un minuto

Perché io so accontentarmi anche di un semplice saluto

Ci vuole poco per sentirsi più vicini

 

Scrivimi, quando il cielo sembrerà più limpido

Le giornate ormai si allungano

Ma tu non aspettar la sera, se hai voglia di cantare

Scrivimi, anche quando penserai, che ti sei innamorata...

 

E se non avrai da dire niente di particolare

Non ti devi preoccupare, io saprò capire

A me basta di sapere che mi pensi anche un minuto

Perché io so accontentarmi anche di un semplice saluto

Ci vuole poco per sentirsi più vicini

Scrivimi, anche quando penserai, che ti sei innamorata...

Tu scrivimi.

13 de jul. de 2008

Um Ensaio do Cinema Falado by Caetano Veloso

--Toda vanguarda começa pelas artes plásticas.

-- E pela poesia.

-- Não! Pelas artes plásticas

-- A pintura es la fotografia hecha a mano

-- Acontece que o mundo das artes plásticas é vizinho do mundo da moda

-- A moda é a alegria da ilusão do câmbio

-- Um dia desses em Paris, fui ver uma grande exposição, uma retrospectiva de Matisse. Milhares de pessoas, quase não se podia andar, um inferno. Perto dali, numa pequena galeria, estavam expostos os trabalhos de um pintor acadêmico. Às moscas. Refugiei-me ali e acabei descobrindo que aqueles trabalhos eram mais belos que os festejados borrões de Matisse.

-- É. Os esnobes gostavam de Cubismo, por exemplo, quando só três ou quatro gostavam de Cubismo. Agora, que as Demoiselles D'Avignon andam pelas ruas de Londres e de São Paulo, eles preferem os acadêmicos.

-- O belo deixa de ser belo quando é belo para todos

-- Picasso não é um bom pintor. Por causa dele se abandonou toda uma tradição de adestramento minucioso no ateliês.

-- É. Stalin é que tinha razão e também Hitler contra o bolchevismo cultural.

-- Tudo que o Hélio Oiticica fazia era música

-- A música sempre esteve na retaguarda

-- Buñuel, Dali e René Clair estão nos videoclipes como as formas de Mondrian na minissaia de uma puta.

-- O Neo Rock 'n Roll inglês, dos Beatles até os Smiths, é um esnobismo de massas.

-- A linha orgânica aparece quando duas superfícies planas e de mesma cor são justapostas; esta linha não aparece quando duas superfícies são de cores diferentes.

-- Antônio Dias, dias dias dias dias

-- Se queres desenhar fecha os olhos e canta.

"Primavera no Alasca"

O Última Pauta está em nova fase, depois de um ano e quatro meses de existência, o blog passará a ter atualizações semanais, nos dois sentidos.
Então para começar a semana vai um link da revista Piauí com um texto do mineiro Marco Merlin, que à semelhança do mago, conseguiu encaixar a frase do concurso num texto inteligente. Primavera no Alasca, de fato, foi um achado. O texto nos surpreende no momento certo. E revela no tempo literário, alguns meandros dessa arte. Sei não! Esse Merlin tem alguns coelhos na cartola, e ele nem tirou as cartas da manga. Uai sô!De repente começou a aparecer alguns raios
aqui na tela. Ele não é de Minas? Brincadeiras a parte; Parabéns MM.

11 de jul. de 2008

Idéias para um ensaio

A ironia de Nabokov é muito semelhante à de Machado de Assis, todavia prefiro aquele por ter mais riquezas descritivas e por querer causar um maior estranhamento no leitor.

Os dois, provavelmente, beberam na fonte dos escritores franceses. Machado traduziu Victor Hugo, entre outros. O autor russo deve ter lido, durante seus anos de formação intelectual, muitos autores franceses.

Interessante que os dois, por conviverem com as descrições minuciosas e às vezes exaustivas do romantismo francês, tentaram cortar este aspecto em suas narrativas. Derivando como corolário para o naturalismo, realismo e modernismo (modernismo não se encaixa bem, há controvérsias, melhor usar pós-romantismo).

Como Machado sofreu a discriminação brasileira e de sua época, acabou fazendo uma literatura mais comportada, retratando o período e a sociedade, caracterizando a fina ironia. Nabokov, até pela vida que teve, foi mais radical. Devido aos altos e baixos (isso quer dizer o exílio na Inglaterra e a fuga de Berlim passando por Paris e indo viver nos Estados Unidos) começou a encarar a vida como um desafio e com certa altivez diante do mundo e das pessoas que a rodeiam. As descrições dos professores das universidades americanas em 'Pnin' podem comprovar o que digo.

Enquanto Machado fazia uma literatura para pertencer à sociedade, embora a ironizando. Nabokov sentia como um sacrifício pertencer a um ambiente alheia às origens. (Não havia jogadores de xadrez como os russos da família aristocrática a que pertencia, nem as festas, nem os mesmos assuntos. Devia ser maçante conversar sobre corridas de cavalo, bolsas de apostas, ações e negócios lucrativos).
 
Não há dúvida que os dois ganharam reconhecimento internacional. Machado tem o mérito de ter aprendido muita coisa quando trabalhava de ajudante numa oficina tipográfica. O que vai dar no famoso perfil do brasileiro: se você me der oportunidade eu vou longe, ou ele faz sucesso porque foi ajudado. A História tem muitos relatos do tipo, caracterizando, e muito, a mentalidade de colônia. E até egoísta da nossa sociedade. Isso me irrita.

Com Nabokov acontece o oposto, e é uma pena não conhecer a sociedade russa, mas pode se ver que a má administração, aliás a Rússia é mestra nesta arte, derivou nas revoluções, derrocada e exílio da realeza e da aristocracia. Comprovando que por caminhos diferentes pode-se chegar ao mesmo lugar.

Vale lembrar que não quero exaltar uma cultura em relação à outra. Pindorama tem condições de estar à altura de qualquer um dos outros países famosos por sua cultura. Com um pouquinho de solidariedade e inteligência a gente superava nossos vizinhos do Norte. Talvez a coisa funcione por imitação, nossos vizinhos procuram imitar a Inglaterra e nós continuamos atrasados imitando Portugal e Espanha. A Rússia, por sua vez tinha uma cultura própria, graças ao Vladimir, e não precisou imitar ninguém. Todavia caiu na auto-exaltação. Costume muito comum nos impérios.

Ao leitor que chegou até aqui peço desculpas por ter me estendido, todavia você acaba de ter acesso a, digamos, noventa por cento do ensaio. Só preciso descartar alguns pensamentos paralelos e desenvolver as idéias iniciais, pesquisar mais um pouco e formatar. Sem contar que as idéias também darão outros ensaios. Agradecimentos ao Victor Hugo, à Adele e à Juliete Drouet.

6 de jul. de 2008

Ipods carregam o vazio poético da geração atual

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
No Sábado à noite, ao ouvir Boas Novas do Cazuza, pensei que a geração atual está precisando de um poeta. Acho que o excesso de informação acabou deixando um vazio para meninos e meninas. Por mais que os jogos, as comunidades virtuais, os msns e as parafernálias de última geração tenha permitido a extrema individualização de cada um.

Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Um poeta, aquele que vê e transforma em palavras, carregadas de sentimentos, todos os anseios de uma geração não existe neste momento. Cazuza era mestre nessa sinceridade. Chegou a ter uma canção na abertura de uma novela em que denunciava: "Brasil mostra tua cara, quero ver quem paga pra gente ficar assim / Brasil, qual é o seu negócio, o nome do seu sócio confie em mim, confie em mim".

Todo o Mundo é composto de mudança
As palavras na voz dele transmitiam um sentimento difícil de reproduzir na letra impressa, mas os que ouviram se lembrarão com facilidade do tom de indignação do cantor.

Tomando sempre novas qualidades.
Cazuza foi o retrato de sua geração. Era sincero no discurso, mas não agia no dia-a-dia. Não o culpo, o primeiro papel do artista mostrar as aguras da sociedade, e, se possível agir de alguma forma. Ele fazia da crítica uma mea culpa.

Continuamente vemos novidades,
Cazuza estava por demais envolvido no meio, que também o abraçava como representante e mediador. O garoto que queria mudar o mundo, mas que num arroubo de sinceridade confessava freqüentar as festas do Gran Mondeo.

Diferentes em tudo da esperança;
Ele almejava uma também uma ideologia para viver. As teorias políticas e econômicas, daquele tempo, já não o enganavam mais. Continuava tudo igual, novas palavras repetindo velhos paradigmas. No amor, as oscilações da geração se refletiam nas canções, de Exagerado a Faz Parte do Meu Show.

Do mal ficam as mágoas na lembrança,
Contudo a canção que mais me impressiona é Um Trem Para As Estrelas, letra do poeta e melodia de Gilberto Gil. O Cristo na janela, as pessoas nos pontos de ônibus, as esperança, extras de um filme, cicerones, todos querem se dar bem, manchetes de jornal, tristeza como forma de se salvar. A canção é o retrato mais pungente da realidade.

E do bem (se algum houve...) as saudades.
Os críticos vão lembrar do menino mimado das festas, das drogas e dos abusos. Mas ele tinha essa visão de inconformismo, e, infelizmente a insatisfação acabou o levando aos excessos... Da mesma forma, aquela geração também estava insatisfeita, mas a insatisfação não foi suficiente a sociedade a tragou permitindo os mesmos excessos e oferecendo o doce sabor da classe média.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Naquele tempo, os ambientalistas já existiam, e eram os mais ativos, mas o meio ambiente não assombrava como hoje. Os discursos soavam como pregar no deserto. Poucas ações foram feitas. A campanha contra a poluição do rio Tietê foi a mais produtiva. E, de qualquer forma demorou-se para chegar a resultados concretos.

Que já coberto foi de neve fria,
Eu passei de soslaio por aquela geração, foi uma época em que lia as crônicas do Caio Fernando Abreu no jornal conservador e me informava acompanhando a revista liberal da classe média. No jornal também havia um cronista que falava maravilhas de Nova York. Gostaria de ter assistido Manhatan Connection naqueles anos, nem sei se havia. Mas no domingo as crônicas do velhinho de óculos com lentes grossa eram uma diversão à parte.

E em mim converte em choro o doce canto.
Até quando repetia o chavão de: No meu tempo, um amigo mais velho repetia: O seu tempo é hoje. E depois do filme do Paulinho da Viola, se o próprio compositor diz a mesma frase. Me rendo à contemporaneidade.

E, afora este mudar-se cada dia,
Mas, mesmo com todos os conjuntos e canções, inclusive o rap, hip-hop e outras manifestações do gênero. Não existe o poeta, que como Vinícius representava em seu tempo a geração. Vamos acrescentar o Tom aqui para dar equilíbrio à época.

Outra mudança faz de mor espanto:
O que há atualmente é música de tribo, ou de gueto como preferir que representam segmentos da sociedade. Ipods e Mp3, que são a última tecnologia na música, podem estar carregados de canções mas levam também o vazio poético desta geração.
Que não se muda já como soía.


São 7 horas da manhã
Vejo Cristo da janela
O sol já apagou sua luz
E o povo lá embaixo espera
Nas filas dos pontos de ônibus
Procurando aonde ir
São todos seus cicerones
Correm pra não desistir
Dos seus salários de fome
É a esperança que eles tem
Neste filme como extras
Todos querem se dar bem

Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas

Estranho o teu Cristo, Rio
Que olha tão longe, além
Com os braços sempre abertos
Mas sem protejer ninguém
Eu vou forrar as paredes
Do meu quarto de miséria
Com manchetes de jornal

Pra ver que não é nada sério
Eu vou dar o meu desprezo
Pra você que me ensinou
Que a tristeza é uma maneira
Da gente se salvar depois

Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas


Para saber mais

3 de jul. de 2008

O jornalismo e as diferentes realidades

O resgate da ex-candidata a presidente da Colômbia, Ingrid Betancourt, pelo exército colombiano demonstra, claramente, como todo fato que se torna história, possue mais de uma realidade que é abordada pela imprensa.

Num primeiro momento, os meios de comunicação não têm tempo para investigações mais aprofundadas e convém acreditar na versão oficial. Todavia as notícias possuem desdobramentos desencadeando as suítes. A partir delas, dentro de 15 a 30 dias pode se fazer um retrato bem próximo do que aconteceu.

Houve uma supervalorização da operação militar com declarações da resgatada de 'perfeita'. Mas, Betancourt em seu depoimento sobre o resgate fala que acordou quatro horas da manhã e rezou com bastante fé. Em outro momento ela se questiona: 'será que isso é um circo, que vamos novamente ser vítimas de outra palhaçada'. Ora, se ela estava sendo encaminhada para outro acampamento, como poderia pensar dessa forma.

O autor destas linhas, na quarta-feira (2) à noite, pesquisou os diferentes sites de notícias para ficar inteirado de cada realidade explicada pelos meios. Surpreendente foi a cobertura do New York Times que com repórteres nos três continentes conseguiu fazer um retrato mais aproximado da 'realidade jornalística'. O Times escreve que os Estados Unidos deram suporte à operação, no planejamento e em outros aspectos, não explicados. O jornal também não embarcou no resgate cinematográfico que foi abraçado pela imprensa de Pindorama.

Vale ressaltar que o episódio está sendo usado como arma política, não só pela senadora, mas também pelos presidentes colombianos e franceses. Até o candidato McCain aproveitou para elogiar o trabalho da Casa Branca como mostra o Ny Times. Nesse item a Folha conseguiu colocar uma notícia explicando um dos interesses do presidente Uribe; Refazer o referendo de que legitimava as eleições de 2006.

Relembrando o slogan do Arquivo X, 'A verdade está lá fora'. Resta a nós interessados nas diferentes realidades dos fatos aguardar pelos desdobramentos das notícias para termos um melhor ponto de vista do que realmente aconteceu. E fica no ar a questão: Por quê o presidente da Venezuela não fala mais no assunto, nem fez nenhuma declaração relacionada ao resgate. E abandonou seu envolvimento com a guerrilha já há algum tempo.

19 de jun. de 2008

Une Nouvelle Magazine

Na noite do 8 de maio, uma quinta-feira perto da hora em que a gente sai para ir ao bistreaux, nasceu a Revista Pausa com uma abordagem nova sobre o documentário trés chic e trés esclarecedor do nosso compositor da Nouvelle Music.

Atarefado com algumas reportagens e trabalhos acadêmicos, não percebi a produção cultural dos amigos que efervescia. De toda forma, agora, aproveito para homenagear a iniciativa e colaborar com alguns textos e matérias.

A revista que tem formato inicial de weblog merece uma visita quase que diária para se saber o que jornalistas e escritores, antenados com a cidade, estão descobrindo e dividindo com os leitores.

O raro brinde com a coca-cola é um desejo de sorte,inovação, cultura, páginas impressas e vida longa à Revista Pausa. Cheers!!!

1 de mai. de 2008

Uma vida dedicada à arte gráfica

Um menino negro corre empunhando a bandeira do Brasil. As estrelas dos 27 estados caem e se espalham pelo chão iluminando o caminho percorrido pelo garoto. Ao fundo aparecem colagens de obras gráficas feitas nos anos do regime militar. Todo o conjunto é obra do artista gráfico Elifas Andreato que ministrou aula magna na Unisanta para os alunos do curso de Produção Multimídia, na quinta-feira, 24 de abril.

Por meio da animação, exibida na aula e feita para a abertura da minissérie Queridos Amigos, Andreato mostrou um panorama de sua carreira. Dos primeiros anos como chargista do jornal dos operários quando trabalhava como aprendiz de torneiro mecânico para uma fábrica de fósforo até a luta contra a ditadura em que ilustrava a idéia dos jornalistas contrários ao regime da época. No mesmo período fez capas de disco para os cantores e compositores da música popular brasileira(MPB). Naquele momento, a MPB foi porta voz das insatisfações impostas pelo regime militar.

O artista, que se considera um cidadão brasileiro, um profissional de imprensa e um desenhista gráfico, ressaltou a importância de ser coerente com obra que se realiza e ter humildade ao ilustrar trabalhos de outros autores, como capas de discos e livros, ilustrações e cartazes.

“Quando comecei a trabalhar como artista gráfico eu parti de um princípio simples, seria o sujeito que traduziria para o papel um convite para que as pessoas conhecessem obras muito maiores que a minha, e esta consciência me trouxe uma enorme responsabilidade, que é de traduzir corretamente o conteúdo das coisas, porque ninguém ouve um disco ou lê um livro sem antes ver a capa, e também para se ir assistir a uma peça de teatro, primeiro se vê o cartaz”.

Andreato falou sobre o processo criativo em que para expressar uma grande obra é preciso conhecê-la profundamente. Isso marcou a sua forma de buscar um contato não só com a obra, mas também com o autor. Nas capas de discos, o artista retratou momentos particulares dos compositores. Um dos casos é a capa que mostra o músico Paulinho da Viola, com lágrimas nos olhos, oferecendo um buquê de flores. A imagem ilustrou o disco Nervos de Aço. De forma sutil o ilustrador fazia referência à separação do compositor.

Sendo um artista experiente, Andreato disse que ainda sente uma certa insegurança ao realizar alguma encomenda. “Com o passar do tempo tudo fica mais difícil porque a tua exigência é maior e o que as pessoas esperam também é maior. Não se iludam vai ser difícil a vida toda”.

Dois elementos são marcantes na obra de Andreato. Personalidades com rosto de palhaço e estrelas. Para o artista, as estrelas representam a esperança, o inalcançável e o nascimento. Uma lembrança da infância no interior, onde o céu noturno sempre estrelado o fazia colocar no papel na tentativa de alcançá-las. O palhaço para Andreato representa um dos objetivos da arte. “O palhaço se entrega aos outros sem esperar nada em troca, apenas o sorriso”.

3 de abr. de 2008

Sarau na biblioteca retrata o amor com canções autorais

(Matéria publicada no site da Universidade Santa Cecília em 03 de abril 2008)

Na última quinta-feira de março, a biblioteca central da UNISANTA foi o palco para trovadores modernos. Em cena, canções e poesias de amor, interpretadas por Anna Beatriz, Anna Fecker, Rita Massutti e Íris La Cava acompanhadas no violão por Zéllus Machado e Bruno Volgi.

Intercalando poesias e canções autorais como Bela de Balzac, Lia Mar, Selva de Chacais, Enamorada e Deusa da Noite, o grupo fez o público, por um momento, esquecer das preocupações cotidianas e sonhar com os romances retratados nas páginas dos livros.

A declamação das poesias foi acompanhada por suaves acordes que, em seguida, davam formas às canções. Antíteses, metáforas e outras figuras de linguagem estavam presentes ao tentar explicar os sentimentos de amor e amizade.

O criador do espetáculo e autor das canções, Zéllus Machado, elogiou a iniciativa e sugeriu que, "se tenha mais gente se apresentando na biblioteca, unindo literatura e musicalidade". Zéllus também lembrou que a apresentação tem um lado lúdico que visa melhorar o ser humano.

"Amores é um show sensível que fala das emoções, tão em voga hoje em dia", afirmou a produtora cultural Marcia Abbud, que assistia a apresentação e disse que o show tem uma boa concepção artística.

A apresentação foi encerrada com a canção Jorge de Capadócia, que segundo Zéllus é uma benção para o show continuar. A tradição do auxílio divino aos cavaleiros medievais é seguida pelos trovadores modernos principalmente quando se trata de cantar o amor.