15 de set. de 2007

Novidades da Ciência mais perto do público

( a seguinte reportagem foi feita para o Jornal Online da Unisanta)


As publicações científicas informam a sociedade, debatem temas polêmicos e servem para aproximar o público do universo dos pesquisadores. Seus objetivos são contribuir para o desenvolvimento científico e demonstrar a importância da pesquisa para o país. Revistas, sites e jornais especializados se dedicam a traduzir a linguagem dos cientistas para os leigos.

A professora Elenice dos Santos conheceu a revista Scientific American Brasil (Sciam) na faculdade, quando cursava licenciatura em Física. Para ela, a revista aumentou o interesse pelas descobertas científicas, por temas relacionados ao que leciona e sobre as novas teorias do cosmo. Atualmente, Elenice compra também a Astronomy Brasil e edições especiais da revista que retratam a vida dos cientistas.

"A Scientific American nos dá uma visão diferente, um jeito novo de olhar as coisas. Você observa a lua e não vê simplesmente um pontinho branco. Existem mil informações por trás da imagem que contemplamos", explica a professora do ensino médio.

As publicações científicas procuram desmistificar o conhecimento científico e, ao mesmo tempo, criar interesse no campo da ciência para enriquecer o conhecimento acumulado da sociedade.Além da Sciam e da Astronomy Brasil, as pessoas podem acessar outros periódicos como o Jornal da Ciência, a revista Pesquisa FAPESP, a Ciência Hoje e alguns sites de universidades que acompanham e divulgam os resultados das pesquisas.

O professor do Instituto de Física da USP Reynaldo Daniel Pinto acompanha com maior freqüência o Jornal da Ciência e a Revista da FAPESP. "O Jornal da Ciência é excelente porque discute política científica, assuntos polêmicos e éticos, como por exemplo, o caso do estudo das células tronco. A revista da FAPESP, além de publicar sobre as pesquisas e financiamentos dentro do estado de São Paulo, também publica assuntos e resultados de pesquisas novas e inovadoras em nível nacional e internacional".

De acordo com o professor, as revistas têm um jornalista que faz a redação final do artigo para adequá-lo ao público leigo. Segundo ele, o resultado do artigo depende da qualidade do jornalista, o que às vezes ocasiona desentendimentos entre pesquisadores e jornalistas. "Quando isso acontece, a qualidade do trabalho fica muito ruim e até pode acontecer de sair publicada uma coisa que não é nem próxima da realidade da pesquisa que está sendo feita", diz Reynaldo Pinto.

O jornalista e editor da Scientific American Brasil, Ulisses Capozzoli, discorda da do ponto de vista do professor Reynaldo Pinto porque a Scientific American sempre envia, antes de publicar, um arquivo no formato pdf aos colaboradores para aprovação. Capozzoli afirma que "a maioria dos artigos que chega às redações não tem como serem publicados sem serem trabalhados o que, em alguns casos, inclui até mesmo problemas de informação que o jornalista precisa checar ou corrigir".

"O jornalismo Científico é um tipo de jornalismo interpretativo, contextualizado historicamente que possibilita uma inteligibilidade possível que consiste em passar para o leitor noções das leis científicas de forma clara para que ele use os conceitos e compreenda o significado das informações. Guardadas as proporções, é o mesmo que um cientista ou pesquisador faz: observa os fenômenos da natureza, aplica conceitos científicos, faz deduções, e descobre as razões dos fenômenos. Dessa forma o jornalismo ensina, desperta o interesse pela ciência e contribui na construção de cidadania", esclarece Capozzoli

Para ele, "o conhecimento é o produto mais sofisticado de uma sociedade e, essa é a razão da importância dos centros de pesquisa de boa qualidade". Com a divulgação das pesquisas e dos trabalhos científicos ocorre um reconhecimento do trabalho do pesquisador e da importância do desenvolvimento científico para o país.

Interesse Científico – Ulisses Capozzoli explica que todas as pessoas têm interesse em ciência, até as mais simples, porque, por exemplo, quando alguém vê um meteoro à noite, esta pessoa tem a curiosidade de querer saber o que acontece quando ele risca o céu noturno e por quê isso acontece.Segundo Capozzoli, o estudo da Ciência no Brasil é uma tradição recente que teve origem à época em que a Corte de Portugal se transferiu para o País em 1808. À época, Dom João VI criou a Imprensa Régia e trouxe também os primeiros pesquisadores.

13 de set. de 2007

Notícias, curiosidades e cultura nos Podcasts

Análise de três podcasts para Jornalismo Online

Por Liliana Caldeira e Leonardo Martins

As séries de tv têm um podcast exclusivo com comentários, notícias e curiosidades. Ouça o podcast nº 8 ( Primeiro Programa de 2007). Apresentado por Flávia Motta, Carlos Alexandre Monteiro e Cláudia Kroik.

Pontos Positivos: O aúdio está bom, o download foi rápido. Os apresentadores são descontraídos e envolvem o internauta/ouvinte. O conteúdo é bastante adequado, e os apresentadores sabem de todas as novidades das séries americanas. Pra quem é amante delas, é muito legal ouvir esse podcast para se atualizar sobre os detalhes daquela de sua preferência. (The O.C,Prision Break, Hannah Montana,entre outras) Músicas, personagens, comentários sobre a temporada, informações de jornais, revistas e sites do Brasil e do exterior. O programa inteiro é dedicado às séries que dão o que falar na TV Brasileira. Bem legal.

Pontos Negativos: O tempo é um pouco comprido, mais de 30 minutos, pode ser um pouco cansativo. Nesse podcast, os apresentadores, algumas vezes, se perderam no assunto e demoraram para voltar no caminho. Não gostei das más analogias que os apresentadores fizeram da série infantil Hannah Montana. Eu achei um pouco preconceituosa. Para melhorar, poderia até haver um podcast das séries infantis, mais precisamente as da Disney. Ia ser bem legal para a criançada ouvir um podcast com as novidades dessas séries e também de filmes da Disney.

Canal de Podcast do Estadão - O Estadão tem um canal de podcasts com com vinhetas, músicas de fundo e ilustrações. O site tem reportagens do jornal adaptado para o rádio, sem vinhetas, mas com depoimentos das fontes. O Podcast Sub trata de canções, motociclismo e vida urbana é muito parecido com um programa de rádio. Às vezes fica um pouco cansativo devido aos apresentadores não terem um limite de tempo para falar. Um outro podcast fez um obituário do tenor Luciano Pavarotti e na página havia links para o internauta escutar algumas interpretações do tenor. Uma das vantagens do canal é a facilidade do acesso aos links com possibilidade de ouvir e baixar os arquivos. As etiquetas (tags) facilitam a busca.

FrenchPodClass - Uma outra função dos Podcasts é, além de oferecer o acesso a um idioma estrangeiro, aprendê-lo. O site FrenchPodClass tem esta finalidade, com a estrutura de um programa de rádio, com abertura, vinhetas e um apresentador que fala pausadamente facilitando o aprendizado. Conversações e canções francesas com explicação das palavras, inclusive os neologismos, fazem parte do programa. O site aborda assuntos atuais e leva o idioma para próximo dos internautas. A desvantagem é que a tradução é inglesa e o ouvinte precisa conhecer bem o idioma americano. No programa foi falado sobre a volta da frança e uma canção francesa foi traduzida com os significados das expressões. Mesmo não sendo um programa jornalístico, faz com que o internauta aumente seu conhecimento da atualidade.

9 de set. de 2007

Quadrinhos juntam poesia, filosofia e comunicação

(Reportagem feita para o Jornal Online da Unisanta - edição especial do Intercom 2007)

O trabalho sobre os quadrinhos poéticos-filosóficos de Gazy Andraus, apresentado pelo professor Elydio dos Santos Neto, da Universidade Metodista de São Paulo foi indicado pelo Núcleo de Produção Editorial como o que melhor reflete os objetivos do Intercom, por apresentar elementos de interdisciplinaridade entre arte, comunicação e filosofia.

A história do Hurizen, baseado no personagem do poeta inglês William Blake e publicada por Andraus em um fanzine, foi analisada pelo Elydio. Ele falou sobre os elementos filosóficos, poéticos e espirituais contidos na obra. Elydio estabeleceu relações entre a concepção antropológica, a visão do filosófo Kant do ser humano e o conceito de Homo Complexus de Edgar Morin.

Na obra de Gazy Andraus, o professor vê reflexão, auto-conhecimento e a crítica aos valores dominantes. Elydio também falou sobre o processo criativo do autor. "Ele muitas vezes desenha direto com a caneta nanquin, que se torna o traço definitivo. Às vezes ele desenha ouvindo música".

Circo Editorial - O professor Roberto Elísio dos Santos apresentou um panorama da Circo Editorial, responsável por uma produção alternativa durante as décadas de 80 e 90. Santos analisou as produções do período dentro do contexto histórico e as características do humor urbano, político, erótico, social e de comportamento. De acordo com Santos, o período foi de intensa criatividade para os quadrinhos brasileiros.

O professor e cartunista Luiz Gê comentou o trabalho e explicou que a criação underground era uma tentativa para se criar fora dos moldes do mercado. Ele falou de uma maior influência dos quadrinhos europeus, da questão política e da tentativa de se criar quadrinhos brasileiros.

Núcleo discute Cony, livros de bolso e obras didáticas

(Reportagem feita para o Jornal Online da Unisanta - edição especial do Intercom)

O sétimo encontro do Núcleo de Pesquisa em Produção Editorial do Intercom, em sua segunda sessão, tratou do livro brasileiro.

João Elias Nery, pesquisador da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) apresentou trabalho feito em parceria com Gisele Taboada da Silva, da Universidade Cândido Mendes, sobre o livro O Ato e o Fato e as crônicas do escritor Carlos Heitor Cony. Na visão de Nery, existe uma relação entre a imprensa e os folhetins, romances apresentados em capítulos publicados pelos jornais. "Muitos escritores passaram a escrever regularmente na imprensa e o folhetim se tornou muito importante", explicou.

A análise de João Elias Nery mostrou que Carlos Heitor Cony é um autor que transita entre as diferentes mídias. Ele usou como exemplo os comentários do quadro Liberdade de Expressão, veiculado na rádio CBN, que depois foram compilados e transformados em crônicas publicadas em livro e no site do escritor.

O professor Livio Lima de Oliveira, da Faculdade Editora Nacional (Faenac), apresentou trabalho sobre os livros de preços acessíveis e fez um panorama do livro de bolso durante as décadas de 60 a 90. De acordo com ele, a recente coleção Companhia de Bolso é uma tentativa da editora de oferecer o livro ao público pelo mesmo preço que custaria uma fotocópia.

A coleção Heróis e Campeões foi apresentada como um estudo de caso pela professora Monica Martinez, das Faculdades Integradas Alcântara Machado (Unifiam/FAAM), junto com o professor Dimas Kunsch. Monica explicou o planejamento da coleção e o uso de técnicas do jornalismo literário, como narrativa, descrição de cenas e ambientação, entre outras.

A pesquisadora Célia Cassiano apresentou trabalho mostrando que na América Latina, com exceção do México, a produção editorial de livros didáticos é feita por empresas privadas e que o Governo brasileiro é o maior comprador de livros, por meio do Programa Nacional do Livro Didático. Célia também falou sobre a concentração do mercado em grandes editoras, que produzem livros didáticos e sistemas de ensino.

De acordo com Célia, três editoras espanholas (Oceano, Santillana e Planeta) lideram o mercado na América Latina. As pequenas editoras são incorporadas pelas grandes.

3 de set. de 2007

J-Aliança quer mídia mais responsável e com participação da sociedade

( A seguinte reportagem foi publicada no jornal Online da Unisanta durante o Intercom)

A Aliança Internacional (J-Aliança) dos jornalistas promoveu um debate sobre responsabilidade da mídia com professores universitários, jornalistas brasileiros e estrangeiros, representantes da sociedade civil e estudantes, nesta sexta-feira, na Unimonte. A questão abrangeu diversos assuntos, como a concentração da imprensa em poucos grupos, a fragmentação da comunicação pela Internet e a necessidade da sociedade civil apresentar sua opinião e ser representada nos veículos de comunicação. Debateu-se também a imprensa alternativa, as rádios comunitárias e a Internet como meio aglutinador de todos os canais.

A professora Cicília Peruzzo, da Metodista, disse que para se chegar a práticas de comunicação cidadã, é preciso começar melhorando a qualidade da mídia. Ela explicou que a mídia presta serviços à sociedade, dentro de uma lógica que gera contradições. "Há falhas no sistema jurídico, como incriminar rádios comunitárias, apesar do serviço social que elas prestam".

Citando Claude-Jean Bertrand, especialista em ética, Cicília disse que é "preciso criar sistemas de responsabilização da mídia". Ela usou como exemplos os conselhos de ética e de imprensa, bem como algumas ONGs, que são experiências de mecanismos que funcionam.

Cicilia lembrou, também, da campanha Ética na TV, que classificou programas de baixo nível, como o Tardes Quentes, apresentado por João Kleber, e moveu ações contra o programa Domingo Legal, por veicular falsas entrevistas com supostos integrantes de uma facção criminosa.

A questão das mídias alternativas também foi abordada por Cicília Peruzzo, que falou da rádio comunitária Heliópolis, do site Overmundo e de grupos como a Central Única das Favelas e o Nós do Morro. "Centenas de experiências criam a possibilidade de uma outra comunicação, de um outro nível de comunicação", afirmou.

A jornalista Sílvia Costa, representante do jornal A Tribuna, citou os meios que o leitor pode usar, como: Jornal Escola e Comunidade, Agenda Cidadã, Plantão AT, Carta ao Leitor e Tribuna livre. Sílvia disse que os canais para a sociedade se manifestar no jornal são abertos, mas que poucos se utilizam deles. Ela acredita que é preciso dar poder ao leitor para que ele possa exercer seu papel de cidadão.

Para a jornalista Ísis de Palma, responsável pela Aliança Internacional de Jornalistas (J-Aliança) no Brasil, "a participação da sociedade é uma necessidade imensa". Ísis citou números da concentração da mídia no Brasil: 686 veículos e 286 emissoras estão concentradas em seis redes de TV do Brasil. Somente 35 emissoras escapam das grandes redes por pertencerem à rede pública de TV.

Ísis também citou o controle da informação por quatro agências internacionais. De acordo com a jornalista, a responsabilidade é proporcional ao poder e ao conhecimento. E citou o escritor Eduardo Galeano, ao afirmar que quando se diz que a responsabilidade é de todos, ela não é de ninguém. "Existe a necessidade de se assumir responsabilidades compartilhadas para sair da imobilização".

Antonio Martins, representante do jornal Le Monde Diplomatique – Brasil, explicou que, atualmente, há uma crise tanto na democracia como nos meios de comunicação.

O professor de Ética Helder Marques, da UNISANTA, lembrou que está havendo um enxugamento das redações, e, por outro lado, o crescimento do número de jornalistas nas assessorias dos órgãos governamentais. De acordo com Marques, há o risco da máquina pública ser usada em benefício dos candidatos que ocupam cargos nos governos.

No início do debate foi feita uma uma homenagem à jornalista e professora Ivanéa Pastorelli, falecida recentemente. O mediador, jornalista Alessandro Atanes, fez uma breve apresentação da carreira da professora e citou um trecho do poema Memória, de Carlos Drummond de Andrade.

Jornalista do Le Monde Diplomatique aponta crise na democracia e na comunicação

( A seguinte matéria foi publicada no jornal Online da Unisanta durante a cobertura do Intercom)

O representante do jornal Le Monde Diplomatique – Brasil, Antonio Martins, afirmou durante debate sobre responsabilidade da mídia, promovido pela J-Aliança nesta sexta-feira, na Unimonte, que quando se fala em responsabilidade da mídia há duas questões envolvidas: a dos jornais e a da democracia. Segundo Martins, hoje existe uma crise na democracia e nos meios de comunicação.

Antonio Martins considera que é responsabilidade dos jornais oferecer um conjunto de informações para que o leitor possa tirar suas conclusões e escolher seu próprio caminho. "Os meios de comunicação têm um poder que lhe é atribuído desde a Revolução Francesa, que é o quarto poder".

Na sua origem, os jornais estavam ligados aos partidos políticos. Hoje, pertencem às empresas e correspondem a interesses empresariais, disse Martins. Assim, há uma mudança de objetivos com ênfase nos interesses do mercado. Os jornais querem conquistar cada vez mais público e oferecer este público para os anunciantes.

O jornalista vê uma "docilidade" dos meios de comunicação em relação às empresas. Para ele, há uma movimentação de recursos financeiros volumosos e um desenvolvimento tecnológico que subverte a relação entre emissor e receptor. Ao mesmo tempo foram surgindo outros poderes, que são as organizações multilaterais de poder internacional, sem teor democrático, como por exemplo o Fundo Monetário Internacional, a Organização Mundial do Comércio e o Banco Mundial.

Martins explica que a sociedade tem se articulado por meio de diferentes movimentos para buscar uma representação, como uma alternativa às eleições que ocorrem a cada quatro anos. "É uma outra forma de tentar ser político".

Ele considera positiva a multiplicação dos emissores, por gerar formas de participação, mas alerta que se corre o risco de criar um "caos informativo". "A responsabilidade da mídia está em aceitar os desafios dos múltiplos emissores e construir formas de diálogo e de sujeitos sociais para criar formas de democracia".

O Le Monde Diplomatique - Brasil passou a ter edição impressa a partir de mês de agosto de 2007. Com tiragem de 40 mil exemplares, a edição é mensal e tem como editor o jornalista Antonio Martins.