22 de fev. de 2009

Sertão das Águas



Milton Nascimento e Ronaldo Bastos
(Do álbum Txai, 1990)


Vem e me abraça
Me leva pra beira do igarapé
Mapas escorrem das mãos
Que vão me fazer cafuné
A vida começa agora
Ilhas de mel
São rios de mel
Remansos e correnteza

Sertão das águas o amor quando quer é bater e valer
Inunda os dias de sol, pode chover se quiser
Lá no sertão quando vem a noite chover estrelas
Pingos de luz
São contas de luz teus olhos na corredeira
Sertão veredas do Grão-Pará

Sertão canoa das populações ribeirinhas
Que vivem dos frutos da mata e que não podem
A floresta ver destruída

Não venha o fogo queimar
Nem trator poder arrastar
Pra que a vida queira pulsar
E correr

Rede que embala o amor e lambuza de tambatajá
Lábios com fino licor sede de se lambuzar
O meu pensamento voa, chega primeiro a minha voz

Cai nos meus braços, aperta os laços desfaz os nós
O grito dessas pessoas
No fundo dos seringais
Devia ser escutado em Beléns e Manais

Corre nas veias, remar e seguir a viagem
Viver só carece coragem, esperança que a paz reine na floresta

Não venha o fogo queimar
Nem trator poder arrastar
Pra que a vida queira pulsar
E correr

Sertão das águas o amor quando quer é bater e valer
Inunda os dias de sol e pode chover se quiser
O meu pensamento vai, chega primeiro a minha voz

Cai nos meus braços, aperta os laços desfaz os nós
O grito dessas pessoas
No fundo dos seringais
Precisa ser escutado em Beléns e Manais

Obs: aprendi com o Altino:http://altino.blogspot.com/2009/02/sertao-das-aguas.html

20 de fev. de 2009

Trecho da coluna do Contardo Calligaris sobre os trotes aos calouros _FSP 19.02.2009

"A partir de 68, na Europa, por efeito da contracultura, ser universitário não foi mais um passaporte para o privilégio, mas uma responsabilidade social. Em 92, estudantes brasileiros pintaram a cara por uma razão diferente do trote: teria sido uma boa ocasião para eles deixarem de ver a celebração do duvidoso privilégio de esculachar os moradores do andar (social) de baixo. Não aconteceu: a selvageria da divisão social continuou falando mais alto.
Na Folha de domingo passado, José Goldenberg, ex-reitor da USP, observou que as instituições universitárias não podem intervir em acontecimentos que, em geral, são externos à faculdade. Discordo.
Não são tão "externos" assim: o trote compromete o próprio sentido do ensino, alimentando uma visão doentia do privilégio conferido pelo fato de frequentar uma universidade. A universidade e as próprias profissões às quais ela dá acesso deveriam, no mínimo, impor aos responsáveis pelos trotes uma formação suplementar: anos de serviço social e de cursos básicos de ética. Afinal, queremos uma "elite" que se ufana de seu privilégio e de seus abusos ou uma elite sem aspas?"

9 de fev. de 2009

Ser mineiro -- por um Autor desconhecido (mineiro, uai)

Ser mineiro é não dizer o que faz nem o que vai fazer. É fingir que
não sabe, falar pouco e escutar muito. É passar por bobo e ser
inteligente. É vender queijos e possuir bancos.

Um bom mineiro não laça boi com embira, não da rasteira no vento, não
pisa no escuro, não anda no molhado, não estica conversa com
estranhos. Só acredita na fumaça quando vê o fogo, Não troca um
pássaro na mão por dois voando.

Ser mineiro é dizer 'uai' e ser diferente, é ter marca registrada, é
ter historia. Ser mineiro é ter simplicidade e pureza, humildade e
modéstia, Coragem e bravura, fidalguia e elegância.

Ser mineiro é ver o nascer do sol e o brilhar da lua. É ouvir o cantar
dos pássaros e o mugir do gado. É sentir o despertar de tempo e o
amanhecer da vida.

Ser mineiro é ser religioso e conservador. É cultivar as letras e as
artes.É ser poeta e literato. É gostar de política e amar a liberdade.
É viver nas montanhas e ter vida interior.