Você já viu uma ilha de edição? Você sabe como fazer uma matéria sobre menores infratores, quais os limites, as cautelas? Um texto sobre portador de deficiência física? Qual é o jargão do jornalismo econômico, do jornalismo científico, do texto político? Como tratar adequadamente uma matéria sobre um cadáver ou um acidente? Quando um box (texto menor que o principal, que traz informações extras etc. Ele se diferencia da retranca por estar dentro de uma "caixa", em negrito) é necessário na sua reportagem principal? Como saber fazer o relato de um fato, apontando todos os lados envolvidos. O que são os critérios de proximidade, relevância e atualidade de uma matéria? O que é uma notícia quente ou fatual, o que vem a ser notícia fria ou de "validade expandida"? Você sabe o que é um "lead" ou consegue escrever um título adequado à matéria, ou seja, que não revele tudo, que atraia a atenção do leitor para o texto, que caiba em duas, três, quatro colunas? Por que o título costuma ser na voz ativa? Quando deve estar no tempo passado ou refletir o presente?
O que é "chapéu" (geralmente uma ou duas palavras, colocadas acima do título, que identificam o assunto geral tratado por aquela notícia) ou "olho" (frase colocada em destaque na matéria, que oferece uma informação a mais sobre o assunto).
Qual é o ritual para uma entrevista coletiva, o que é pauta, réplica, direito de resposta ou sigilo da fonte? Ou pior, como checar as fontes e apurar a verdade que vai para as páginas do jornal? Ou linha fina, créditos de repórter, de fotos ou ilustrações, retranca e selo? Tudo isso você terá de saber no Google depois que o Ministro Gilmar Mendes, assinando o maior equívoco de todos os tempos cometido pelo Supremo Tribunal Federal (afinal, nove ministros o acompanharam no erro), extinguiu a obrigatoriedade da formação acadêmica do jornalista. Batendo uma vez no prego, outra na estopa, o Ministro disse que não extinguia os cursos superiores de jornalismo, o que é verdade. A Corte apenas disse que o diploma não é obrigatório para o exercício da profissão. Na verdade, não há como se exercer a profissão sem a formação acadêmica, sem uma faculdade, pois são tantos os detalhes técnicos, as facetas, os equipamentos, as exigências do jornalismo moderno, o tratamento da cor em uma foto, a localização precisa de um texto na página que um pretendente a jornalista, a bem da verdade, nunca vai chegar lá. Ou seja, o Supremo errou feio, decidiu contra uma categoria inteira que acreditou na prevalência da formação sobre a aventura e não chegou a lugar algum. Os grandes jornais e as maiores emissoras de TV vão preferir o jornalista formado. Não por uma questão de lei, de jurisprudência ou de reserva de mercado, mas de qualidade na prestação de um dos bens mais preciosos da humanidade: a informação. |
Como no mito de Sísifo,o último assunto é sempre o próximo a ser tratado pelos jornalistas. Conjunto de reportagens, entrevistas e textos afins.