"Acredito que estamos encarando um desafio. É preciso repensar os cursos de comunicação e as novas especificidades de nossa área.
Questionar a obrigatoriedade ou não do diploma deixa para trás um debate mais profundo: na prática, nas rotinas de assessorias e redações, o que nos diferencia de um bom leitor com o mínimo de técnica para um lead e a "inteligência" de fazer um clipping?
Qualquer um aprende os métodos.
Tenho percebido no dia a dia que o curso pelo qual passamos é extremamente deficiente em diversos pontos.
Aprendemos sociologia, filosofia, sim. Mas quase tudo a que somos instruídos se perde no limbo do tempo (dead line) e nas necessidades empresariais que sobrepõem qualquer livre pensamento.
E nossa profissão não está ligada ao simples escrever bem - atribuição mínima - mas, também e principalmente, à discussão de como solucionar problemas de comunicação e novas ferramentas que levem a mensagem (opinativa, informativa, o que for...) a quem dela necessita. Isso vale para periódicos como vale para estratégias de assessoria. Somos comunicólogos, acima de tudo.
Se não encontrarmos novas soluções para os problemas de comunicação existentes hoje - caso consigamos identificá-los, já que não "nos orientaram" sobre isso - não haverá muito sentido em insistir num atestado que nos reconhece como uma "categoria de pensadores que, por motivos óbvios, não pode pensar, sob o risco de ficar desempregada". Devemos enveredar para o estudo da comunicação em si. Devemos ser mais teóricos da comunicação do que idealistas com mordaças. Acredito que seria uma melhor justificativa para nosso suado diploma.
Quero chegar ao ponto de que, como profissionais de comunicação, precisamos repensar os formatos (e meios) de comunicação existentes com o objetivo de nos tornarmos profissionalmente mais independentes do sistema ao qual temos que nos sujeitar - e que tanto aprendemos a criticar no meio acadêmico, e sempre sem propor soluções, infelizmente. Assim devem pensar as universidades e assim devem pensar os estudantes e jornalistas.
O futuro é esse. Ou então podemos continuar a despejar sorrisos amarelados em entrevistas de emprego (agora concorrendo com ex-atletas, administradores, advogados...).
Vale ressaltar de quem veio o latido para a não obrigatoriedade do diploma."