3 de jul. de 2008

O jornalismo e as diferentes realidades

O resgate da ex-candidata a presidente da Colômbia, Ingrid Betancourt, pelo exército colombiano demonstra, claramente, como todo fato que se torna história, possue mais de uma realidade que é abordada pela imprensa.

Num primeiro momento, os meios de comunicação não têm tempo para investigações mais aprofundadas e convém acreditar na versão oficial. Todavia as notícias possuem desdobramentos desencadeando as suítes. A partir delas, dentro de 15 a 30 dias pode se fazer um retrato bem próximo do que aconteceu.

Houve uma supervalorização da operação militar com declarações da resgatada de 'perfeita'. Mas, Betancourt em seu depoimento sobre o resgate fala que acordou quatro horas da manhã e rezou com bastante fé. Em outro momento ela se questiona: 'será que isso é um circo, que vamos novamente ser vítimas de outra palhaçada'. Ora, se ela estava sendo encaminhada para outro acampamento, como poderia pensar dessa forma.

O autor destas linhas, na quarta-feira (2) à noite, pesquisou os diferentes sites de notícias para ficar inteirado de cada realidade explicada pelos meios. Surpreendente foi a cobertura do New York Times que com repórteres nos três continentes conseguiu fazer um retrato mais aproximado da 'realidade jornalística'. O Times escreve que os Estados Unidos deram suporte à operação, no planejamento e em outros aspectos, não explicados. O jornal também não embarcou no resgate cinematográfico que foi abraçado pela imprensa de Pindorama.

Vale ressaltar que o episódio está sendo usado como arma política, não só pela senadora, mas também pelos presidentes colombianos e franceses. Até o candidato McCain aproveitou para elogiar o trabalho da Casa Branca como mostra o Ny Times. Nesse item a Folha conseguiu colocar uma notícia explicando um dos interesses do presidente Uribe; Refazer o referendo de que legitimava as eleições de 2006.

Relembrando o slogan do Arquivo X, 'A verdade está lá fora'. Resta a nós interessados nas diferentes realidades dos fatos aguardar pelos desdobramentos das notícias para termos um melhor ponto de vista do que realmente aconteceu. E fica no ar a questão: Por quê o presidente da Venezuela não fala mais no assunto, nem fez nenhuma declaração relacionada ao resgate. E abandonou seu envolvimento com a guerrilha já há algum tempo.