As publicações científicas informam a sociedade, debatem temas polêmicos e servem para aproximar o público do universo dos pesquisadores. Seus objetivos são contribuir para o desenvolvimento científico e demonstrar a importância da pesquisa para o país. Revistas, sites e jornais especializados se dedicam a traduzir a linguagem dos cientistas para os leigos.
A professora Elenice dos Santos conheceu a revista Scientific American Brasil (Sciam) na faculdade, quando cursava licenciatura em Física. Para ela, a revista aumentou o interesse pelas descobertas científicas, por temas relacionados ao que leciona e sobre as novas teorias do cosmo. Atualmente, Elenice compra também a Astronomy Brasil e edições especiais da revista que retratam a vida dos cientistas.
"A Scientific American nos dá uma visão diferente, um jeito novo de olhar as coisas. Você observa a lua e não vê simplesmente um pontinho branco. Existem mil informações por trás da imagem que contemplamos", explica a professora do ensino médio.
As publicações científicas procuram desmistificar o conhecimento científico e, ao mesmo tempo, criar interesse no campo da ciência para enriquecer o conhecimento acumulado da sociedade.Além da Sciam e da Astronomy Brasil, as pessoas podem acessar outros periódicos como o Jornal da Ciência, a revista Pesquisa FAPESP, a Ciência Hoje e alguns sites de universidades que acompanham e divulgam os resultados das pesquisas.
O professor do Instituto de Física da USP Reynaldo Daniel Pinto acompanha com maior freqüência o Jornal da Ciência e a Revista da FAPESP. "O Jornal da Ciência é excelente porque discute política científica, assuntos polêmicos e éticos, como por exemplo, o caso do estudo das células tronco. A revista da FAPESP, além de publicar sobre as pesquisas e financiamentos dentro do estado de São Paulo, também publica assuntos e resultados de pesquisas novas e inovadoras em nível nacional e internacional".
De acordo com o professor, as revistas têm um jornalista que faz a redação final do artigo para adequá-lo ao público leigo. Segundo ele, o resultado do artigo depende da qualidade do jornalista, o que às vezes ocasiona desentendimentos entre pesquisadores e jornalistas. "Quando isso acontece, a qualidade do trabalho fica muito ruim e até pode acontecer de sair publicada uma coisa que não é nem próxima da realidade da pesquisa que está sendo feita", diz Reynaldo Pinto.
O jornalista e editor da Scientific American Brasil, Ulisses Capozzoli, discorda da do ponto de vista do professor Reynaldo Pinto porque a Scientific American sempre envia, antes de publicar, um arquivo no formato pdf aos colaboradores para aprovação. Capozzoli afirma que "a maioria dos artigos que chega às redações não tem como serem publicados sem serem trabalhados o que, em alguns casos, inclui até mesmo problemas de informação que o jornalista precisa checar ou corrigir".
"O jornalismo Científico é um tipo de jornalismo interpretativo, contextualizado historicamente que possibilita uma inteligibilidade possível que consiste em passar para o leitor noções das leis científicas de forma clara para que ele use os conceitos e compreenda o significado das informações. Guardadas as proporções, é o mesmo que um cientista ou pesquisador faz: observa os fenômenos da natureza, aplica conceitos científicos, faz deduções, e descobre as razões dos fenômenos. Dessa forma o jornalismo ensina, desperta o interesse pela ciência e contribui na construção de cidadania", esclarece Capozzoli
Para ele, "o conhecimento é o produto mais sofisticado de uma sociedade e, essa é a razão da importância dos centros de pesquisa de boa qualidade". Com a divulgação das pesquisas e dos trabalhos científicos ocorre um reconhecimento do trabalho do pesquisador e da importância do desenvolvimento científico para o país.