26 de ago. de 2010

O operário em construção por Vinícius de Moraes

E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
– Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
– Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.


Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
– Garrafa, prato, facão –
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
– Exercer a profissão –
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.

E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:

Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
– "Convençam-no" do contrário –
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.

Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
– Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

– Loucura! – gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
– Mentira! – disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.

Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.

16 de ago. de 2010

Tempo de travessia por Fernando Pessoa

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...
Que já têm a forma do nosso corpo ...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos
mesmos lugares ...

É o tempo da travessia ...
E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ... para sempre ...
À margem de nós mesmos..."

13 de jul. de 2010

Minha terra por Valéria Fagundes

Minha terra por ventura
merece tal descrição
lá a vida é menos dura
qualquer um lhe estende a mão

O céu é menos cinzento
lá não tem poluição
só existe um argumento
que me parte o coração

Ver o povo madrugar
e seguir para o roçado
mas se a chuva não chegar
perde-se o que foi plantado

Eu agora exilada
só me resta descrever
aqui não encontro nada
que me motive a viver
mas falar da minha terra
ah, isso me dá prazer

E mesmo aqui tão distante
tenho algo a pedir
quero agora, neste instante
voltar para Manari
pois eu não quero morrer
sem de lá me despedir.

30 de abr. de 2010

Dante - Divine Comedy - Canto XXXIII - Prayer to the Virgin. The Threefold Circle of the Trinity. Mystery of the Divine and Human Nature.

«Vergine Madre, figlia del tuo figlio,
umile e alta più che creatura,
termine fisso d’etterno consiglio,

tu se’ colei che l’umana natura
nobilitasti sì, che ’l suo fattore
non disdegnò di farsi sua fattura.

Nel ventre tuo si raccese l’amore,
per lo cui caldo ne l’etterna pace
così è germinato questo fiore.

Qui se’ a noi meridïana face10
di caritate, e giuso, intra ’ mortali,
se’ di speranza fontana vivace.

Donna, se’ tanto grande e tanto vali,
che qual vuol grazia e a te non ricorre,
sua disïanza vuol volar sanz’ ali.

La tua benignità non pur soccorre
a chi domanda, ma molte fïate
liberamente al dimandar precorre.

In te misericordia, in te pietate,
in te magnificenza, in te s’aduna20
quantunque in creatura è di bontate.

Or questi, che da l’infima lacuna
de l’universo infin qui ha vedute
le vite spiritali ad una ad una,

supplica a te, per grazia, di virtute
tanto, che possa con li occhi levarsi
più alto verso l’ultima salute.

E io, che mai per mio veder non arsi
più ch’i’ fo per lo suo, tutti miei prieghi
ti porgo, e priego che non sieno scarsi,30

perché tu ogne nube li disleghi
di sua mortalità co’ prieghi tuoi,
sì che ’l sommo piacer li si dispieghi.

Ancor ti priego, regina, che puoi
ciò che tu vuoli, che conservi sani,
dopo tanto veder, li affetti suoi.

Vinca tua guardia i movimenti umani:
vedi Beatrice con quanti beati
per li miei prieghi ti chiudon le mani!».

Li occhi da Dio diletti e venerati,40
fissi ne l’orator, ne dimostraro
quanto i devoti prieghi le son grati;

indi a l’etterno lume s’addrizzaro,
nel qual non si dee creder che s’invii
per creatura l’occhio tanto chiaro.

E io ch’al fine di tutt’ i disii
appropinquava, sì com’ io dovea,
l’ardor del desiderio in me finii.

Bernardo m’accennava, e sorridea,
perch’ io guardassi suso; ma io era50
già per me stesso tal qual ei volea:

ché la mia vista, venendo sincera,
e più e più intrava per lo raggio
de l’alta luce che da sé è vera.

Da quinci innanzi il mio veder fu maggio
che ’l parlar mostra, ch’a tal vista cede,
e cede la memoria a tanto oltraggio.

Qual è colüi che sognando vede,
che dopo ’l sogno la passione impressa
rimane, e l’altro a la mente non riede,60

cotal son io, ché quasi tutta cessa
mia visïone, e ancor mi distilla
nel core il dolce che nacque da essa.

Così la neve al sol si disigilla;
così al vento ne le foglie levi
si perdea la sentenza di Sibilla.

O somma luce che tanto ti levi
da’ concetti mortali, a la mia mente
ripresta un poco di quel che parevi,

e fa la lingua mia tanto possente,70
ch’una favilla sol de la tua gloria
possa lasciare a la futura gente;

ché, per tornare alquanto a mia memoria
e per sonare un poco in questi versi,
più si conceperà di tua vittoria.

Io credo, per l’acume ch’io soffersi
del vivo raggio, ch’i’ sarei smarrito,
se li occhi miei da lui fossero aversi.

E’ mi ricorda ch’io fui più ardito
per questo a sostener, tanto ch’i’ giunsi80
l’aspetto mio col valore infinito.

Oh abbondante grazia ond’ io presunsi
ficcar lo viso per la luce etterna,
tanto che la veduta vi consunsi!

Nel suo profondo vidi che s’interna,
legato con amore in un volume,
ciò che per l’universo si squaderna:

sustanze e accidenti e lor costume
quasi conflati insieme, per tal modo
che ciò ch’i’ dico è un semplice lume.90

La forma universal di questo nodo
credo ch’i’ vidi, perché più di largo,
dicendo questo, mi sento ch’i’ godo.

Un punto solo m’è maggior letargo
che venticinque secoli a la ’mpresa
che fé Nettuno ammirar l’ombra d’Argo.

Così la mente mia, tutta sospesa,
mirava fissa, immobile e attenta,
e sempre di mirar faceasi accesa.

A quella luce cotal si diventa,100
che volgersi da lei per altro aspetto
è impossibil che mai si consenta;

però che ’l ben, ch’è del volere obietto,
tutto s’accoglie in lei, e fuor di quella
è defettivo ciò ch’è lì perfetto.

Omai sarà più corta mia favella,
pur a quel ch’io ricordo, che d’un fante
che bagni ancor la lingua a la mammella.

Non perché più ch’un semplice sembiante
fosse nel vivo lume ch’io mirava,110
che tal è sempre qual s’era davante;

ma per la vista che s’avvalorava
in me guardando, una sola parvenza,
mutandom’ io, a me si travagliava.

Ne la profonda e chiara sussistenza
de l’alto lume parvermi tre giri
di tre colori e d’una contenenza;

e l’un da l’altro come iri da iri
parea reflesso, e ’l terzo parea foco
che quinci e quindi igualmente si spiri.120

Oh quanto è corto il dire e come fioco
al mio concetto! e questo, a quel ch’i’ vidi,
è tanto, che non basta a dicer ‘poco’.

O luce etterna che sola in te sidi,
sola t’intendi, e da te intelletta
e intendente te ami e arridi!

Quella circulazion che sì concetta
pareva in te come lume reflesso,
da li occhi miei alquanto circunspetta,

dentro da sé, del suo colore stesso,130
mi parve pinta de la nostra effige:
per che ’l mio viso in lei tutto era messo.

Qual è ’l geomètra che tutto s’affige
per misurar lo cerchio, e non ritrova,
pensando, quel principio ond’ elli indige,

tal era io a quella vista nova:
veder voleva come si convenne
l’imago al cerchio e come vi s’indova;

ma non eran da ciò le proprie penne:
se non che la mia mente fu percossa140
da un fulgore in che sua voglia venne.

A l’alta fantasia qui mancò possa;
ma già volgeva il mio disio e ’l velle,
sì come rota ch’igualmente è mossa,

l’amor che move il sole e l’altre stelle.

"Thou Virgin Mother, daughter of thy Son,
Humble and high beyond all other creature,
The limit fixed of the eternal counsel,

Thou art the one who such nobility
To human nature gave, that its Creator
Did not disdain to make himself its creature.

Within thy womb rekindled was the love,
By heat of which in the eternal peace
After such wise this flower has germinated.

Here unto us thou art a noonday torch10
Of charity, and below there among mortals
Thou art the living fountain-head of hope.

Lady, thou art so great, and so prevailing,
That he who wishes grace, nor runs to thee,
His aspirations without wings would fly.

Not only thy benignity gives succour
To him who asketh it, but oftentimes
Forerunneth of its own accord the asking.

In thee compassion is, in thee is pity,
In thee magnificence; in thee unites20
Whate'er of goodness is in any creature.

Now doth this man, who from the lowest depth
Of the universe as far as here has seen
One after one the spiritual lives,

Supplicate thee through grace for so much power
That with his eyes he may uplift himself
Higher towards the uttermost salvation.

And I, who never burned for my own seeing
More than I do for his, all of my prayers
Proffer to thee, and pray they come not short,30

That thou wouldst scatter from him every cloud
Of his mortality so with thy prayers,
That the Chief Pleasure be to him displayed.

Still farther do I pray thee, Queen, who canst
Whate'er thou wilt, that sound thou mayst preserve
After so great a vision his affections.

Let thy protection conquer human movements;
See Beatrice and all the blessed ones
My prayers to second clasp their hands to thee!"

The eyes beloved and revered of God,40
Fastened upon the speaker, showed to us
How grateful unto her are prayers devout;

Then unto the Eternal Light they turned,
On which it is not credible could be
By any creature bent an eye so clear.

And I, who to the end of all desires
Was now approaching, even as I ought
The ardour of desire within me ended.

Bernard was beckoning unto me, and smiling,
That I should upward look; but I already50
Was of my own accord such as he wished;

Because my sight, becoming purified,
Was entering more and more into the ray
Of the High Light which of itself is true.

From that time forward what I saw was greater
Than our discourse, that to such vision yields,
And yields the memory unto such excess.

Even as he is who seeth in a dream,
And after dreaming the imprinted passion
Remains, and to his mind the rest returns not,60

Even such am I, for almost utterly
Ceases my vision, and distilleth yet
Within my heart the sweetness born of it;

Even thus the snow is in the sun unsealed,
Even thus upon the wind in the light leaves
Were the soothsayings of the Sibyl lost.

O Light Supreme, that dost so far uplift thee
From the conceits of mortals, to my mind
Of what thou didst appear re-lend a little,

And make my tongue of so great puissance,70
That but a single sparkle of thy glory
It may bequeath unto the future people;

For by returning to my memory somewhat,
And by a little sounding in these verses,
More of thy victory shall be conceived!

I think the keenness of the living ray
Which I endured would have bewildered me,
If but mine eyes had been averted from it;

And I remember that I was more bold
On this account to bear, so that I joined80
My aspect with the Glory Infinite.

O grace abundant, by which I presumed
To fix my sight upon the Light Eternal,
So that the seeing I consumed therein!

I saw that in its depth far down is lying
Bound up with love together in one volume,
What through the universe in leaves is scattered;

Substance, and accident, and their operations,
All interfused together in such wise
That what I speak of is one simple light.90

The universal fashion of this knot
Methinks I saw, since more abundantly
In saying this I feel that I rejoice.

One moment is more lethargy to me,
Than five and twenty centuries to the emprise
That startled Neptune with the shade of Argo!

My mind in this wise wholly in suspense,
Steadfast, immovable, attentive gazed,
And evermore with gazing grew enkindled.

In presence of that light one such becomes,100
That to withdraw therefrom for other prospect
It is impossible he e'er consent;

Because the good, which object is of will,
Is gathered all in this, and out of it
That is defective which is perfect there.

Shorter henceforward will my language fall
Of what I yet remember, than an infant's
Who still his tongue doth moisten at the breast.

Not because more than one unmingled semblance
Was in the living light on which I looked,110
For it is always what it was before;

But through the sight, that fortified itself
In me by looking, one appearance only
To me was ever changing as I changed.

Within the deep and luminous subsistence
Of the High Light appeared to me three circles,
Of threefold colour and of one dimension,

And by the second seemed the first reflected
As Iris is by Iris, and the third
Seemed fire that equally from both is breathed.120

O how all speech is feeble and falls short
Of my conceit, and this to what I saw
Is such, 'tis not enough to call it little!

O Light Eterne, sole in thyself that dwellest,
Sole knowest thyself, and, known unto thyself
And knowing, lovest and smilest on thyself!

That circulation, which being thus conceived
Appeared in thee as a reflected light,
When somewhat contemplated by mine eyes,

Within itself, of its own very colour130
Seemed to me painted with our effigy,
Wherefore my sight was all absorbed therein.

As the geometrician, who endeavours
To square the circle, and discovers not,
By taking thought, the principle he wants,

Even such was I at that new apparition;
I wished to see how the image to the circle
Conformed itself, and how it there finds place;

But my own wings were not enough for this,
Had it not been that then my mind there smote140
A flash of lightning, wherein came its wish.

Here vigour failed the lofty fantasy:
But now was turning my desire and will,
Even as a wheel that equally is moved,

The Love which moves the sun and the other stars


Source content: http://italian.about.com/library/anthology/dante/blparadiso033.htm

16 de abr. de 2010

Leo in Dublin ( Phoenix Park)









Hello my friends! Are they Happy? Are they ok? There are some photos from my adventure in Dublin. In the Picture there two brazillians and one Irish. Good Guys!

Photos by Marcel Pinheiro

24 de mar. de 2010

Don't take yourself too seriously! Just listen, practice, practice, practice and accept correction when it is given. Have fun with it. And above all, stay humble and don't let pride stand in your way.

Keys to Learning A Foreign Language: Be Humble

To learn another language, imitate how children learn. Don't be afraid of making mistakes or looking silly. Do what kids do - use what you know and accept help and correction.

Learning a new language can be a challenge at any age, but it can be especially hard for some adults. A key quality necessary to learning a new language is humility. Unfortunately, this runs counter to what our society values: Pride. When you think about it, we are constantly indoctrinated: school pride, pride of country, pride of race, pride of accomplishment. And the flip side to that is a fear of losing face, a fear of failing and being judged harshly. Fortunately for them, children learn language before that indoctrination takes too firm a hold on them.

Content Source: Bukisa - Keys to Learning A Foreign Language: Be Humble

1 de mar. de 2010

Um homem que sabia das limitações da vida por Celso Ming

Não dá para separar o empresário do homem de cultura, ambos notáveis.

O nome de José Mindlin figurou em todas as listas de lideranças empresariais dos anos 70, 80 e primeira metade dos anos 90.

Mas nunca foi um líder convencional, desses que às vezes aplaudem e outras, discursam contra o governo e sua política econômica para ficar bem conceituado nos corredores da sede da Fiesp e candidatar-se depois aos favores de Brasília com os quais não contava, definitivamente.

Era visto com desconfiança pelos dirigentes do governo militar “porque falava russo” e porque convivia com intelectuais, sempre tão suspeitos.

Com aquela fala pausada, quase discreta, e sorriso tímido, avisava que o empresário não pode contar com favores dos governantes. Se a política do governo coincidir com os objetivos de sua empresa, então é justo tirar proveito dela. Mas empresário que é empresário não pode depender dos créditos oficiais. Tem de avançar com seus próprios meios.

Mais do que isso, tem de investir em si mesmo, tem de preparar-se para ser o administrador de seu negócio e depois dotá-lo com a melhor tecnologia disponível no momento.

Lamentava, sim, as agruras do custo Brasil, a excessiva carga tributária, os juros altos demais, a burocracia paralisante, a Justiça tão lenta e tão displicente na busca de solução para os conflitos que cercam o setor produtivo.

Mas considerava essas deficiências apenas problemas adicionais com que lidar e juntar energia para avançar, apesar de tudo.

Enquanto pôde, manteve a empresa que dirigiu, a Metal Leve, na ponta do setor de autopeças. Abriu seu capital no início dos anos 70, modernizou-a, dotou-a de tecnologia avançada, transformou-a em ilha de excelência, anteviu que seu futuro pedia mais do que simplesmente atendimento ao mercado interno e, por isso, investiu no projeto de internacionalização.

Um dia entendeu que tinha chegado a seu limite e que o processo de globalização exigia mais do que simplesmente arrojo e redução de custos. Exigia escala de produção ainda maior, mais contratos e mais conexões no mundo dos negócios. E que a falta de tudo isso derrubava decisivamente a qualidade da administração.

Isto posto, não ficou lamentando pelos cantos, como tantos no seu tempo. A despeito da oposição inicial dos seus sócios, decidiu passar o controle de sua empresa. Os entendimentos afunilaram para um dos seus concorrentes internacionais, a alemã Mahle. E assim foi feito.

No século 4º antes de Cristo, os sete sábios da Grécia de então foram convocados ao santuário de Delfos para sintetizar, em frases curtas, o ideal do pensamento grego. E eles apontaram duas: “conheça-te a ti mesmo” e “nunca passa do teu limite”.

Mindlin já havia mostrado antes que sabia conter-se. Mas foi no episódio do desembarque da Metal Leve que essa qualidade ficou conhecida. “Meu filho, não é fácil parar. Mas quem não para quando tem de parar, destrói-se a si próprio” – disse, naqueles dias. Quem tem a sabedoria de parar quando é preciso, também tem a sabedoria anterior, a de conhecer-se a si próprio, porque sabe dos seus limites.

Quando repassou a direção da Metal Leve em 1996, deixou também seu ofício de administrador de empresas. E dedicou-se definitivamente à Cultura, à sua biblioteca e às leituras. E aí, novamente, teve de enfrentar as limitações da vida.

Pouco depois de ter completado seus 80 anos, contava quanto inevitável foi ter de fazer novas escolhas. “Não posso ler mais do que dois ou três livros por mês, no máximo 36 por ano. E quantos anos mais terei pela frente? Uns 10? Isso significa que só posso ler mais 360 livros, talvez 400…”

Na condição de consagrado bibliófilo, José Mindlin foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2006. Paradoxalmente, ele nos deixa agora quando o livro passa pela revolução tecnológica mais importante depois da invenção da imprensa por Gutenberg, no século 15.

Sabe-se lá até que ponto engenhocas eletrônicas, como o Kindle da Amazon, vêm para ficar. Em todo o caso parece inevitável que o livro virtual ou aquilo que virá depois dele está fadado a transformar o próprio livro. Exigirá o redesenho de bibliotecas e livrarias e, eventualmente, mudará o conceito do que hoje é ser bibliófilo.

(Texto publicado no caderno Vida& do Estadão desta segunda-feira, 1º/03)

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/celso-ming/2010/03/01/um-homem-que-sabia-das-limitacoes-da-vida/

1 de fev. de 2010

Sobre o ofício do jornalismo

Diálogo entre Mercúcio Parla e o espírito do avô dele, Luís, na casa do Pajé¹

-- O que o levou a escolher o jornalismo?


-- O jornalismo tem encanto para quem o pratica com um mínimo de empenho: preserva a juventude. Sabe por quê? Porque um dia é igual ao outro e as personagens a serem relatadas são sempre as mesmas, embora mudem de nome. E os enredos se repetem à exaustão. A certa altura,vvocê acha que o tempo não passou e jamais passará, inclusive para você.

--Mas é ilusão -- interrompe Mercúcio. O avô ri:-- Esta, meu caro, é mera questão semântica.

-- Você não chegou a ficar velho?

-- Poderia ter morrido decrépito e seria a mesma coisa. Desde quando fugi de casa, aos quinze anos, porque mamãe, morto meu pai, se casara com um camarada insuportável, e me ofereci como contínuo do jornal da minha cidade, ficou claro que eu seria jovem para sempre...

--Queria falar daquilo que deu sentido à sua vida de jornalista, você lutou contra a ditadura, foi perseguido, perdeu o emprego...

-- Sim, algumas vezes achei que valia a pena ser jornalista, larguei o florete, com o qual desafiava os adversários da pena quando me considerava gravemente ultrajado -- na maioria dos casos, era um teatro, pode crer, atendia ao meu temperamento afogueado e, também, ao meu impulso para a diversão arriscada --, e passei a andar de pistola no bolso, um pequeno revólver com o gatilho retrátil. Recebia muitas ameaças e toda noite atravessava uma zona portuária ao voltar para casa, área escura, hirta de casarões, ensobrecem os becos que descem carregadando para o mar o vento vindo do próprio mar e rebatido pela crista dos nossos...Ah, veja como estas recordações me tornam falante, e estou com pressa, não posso perder o bonde...

Mercúcio queria perguntar a respeito do castelo, a visão da infância que há tempos nãos e repetia, e sem mais nem menos, o lustre inundou a sala com sua luz familiar. Lamentou ao esfregar os olhos ofuscados pela súbita claridade: -- Pajé, Pajé, foi rápido demais...

----
1- Excerto do livro A sombra do Silêncio de Mino Carta - pág, 73

14 de jan. de 2010

O FUTURO por Marcelo Gama

Hora, o futuro!

É sol, é lua,

é estrela cadente.

É fruto, é flor,

é broto em forma de gente.

É luz, é sombra,

é puro reflexo,

inconsequente.

É perola da areia e é sempre,

o melhor e mais precioso

presente