13 de nov. de 2007

Mistura que dá Samba

(Matéria publicada na revista Viração - n° 36 – Setembro de 2007)

Por Leonardo Leal e Marta Molina

Foi com os acordes da canção Maracatu Atômico que o músico, compositor e escritor, Jorge Mautner, e seu parceiro no violão, Nelson Jacobina, iniciaram a perfomance com os integrantes da banda Querô, do Instituto Arte no Dique. A interação, que não havia sido ensaiada, aconteceu no galpão do Instituto Arte no Dique, na Zona Noroeste, região da periferia de Santos (SP).

Mautner homenageou o amigo e dramaturgo Plínio Marcos com uma canção de Assis Valente, e com seu violino executou alguns sambas, além de composições de sua autoria como: Samba dos animais, Homem Bomba e Morre-se Assim.

“Muito bom, uma alegria e uma emoção muito grande”, diz o violonista Nelson Jacobina sobre a apresentação na Baixada Santista

Mautner e Jacobina desenvolvem um projeto de apresentações e palestras em Pontos de Cultura espalhados por todo o Brasil. Nesse projeto fazem contatos com a cultura local e dividem experiências. “Cada um tem autonomia de mostrar a sua diversidade”, ressaltou o compositor sobre a iniciativa do Ministério da Cultura. “Há um ano e meio a gente está fazendo esse projeto. Em março do ano passado, eu e o Jorge fomos ao Nordeste, tocamos com os rabequeiros do Norte, músicos de Goiás e Minas Gerais”.

“O Brasil tem uma cultura inata tremenda, é só você despertar, dá um sopro que cresce além das dimensões que você calculou, planejou”, explicou Jorge Mautner, que considera a arte como uma das formas de se reduzir a violência e desigualdade do País. “Se você der um mínimo de incentivos aos jovens, eles se transformam de maneira total.”

Para os integrantes da banda Querô, o projeto deve continuar porque funciona como uma aprendizagem. “As interações com os Pontos de Cultura são muito interessantes. Não só o Jorge Mautner, outros artistas também têm que participar. Isso para os alunos é um aprendizado, tem que continuar”, disse Ubiratan dos Santos, professor de percussão, que está há quatro anos participando dos projetos do Instituto Arte no Dique e faz parte do grupo Olodum.
”Foi uma experiência que a gente ainda não havia tido. Tocamos músicas diferentes que a gente ainda não havia colocado no repertório”, afirmou a integrante Liliana Lima, de 14 anos. Os integrantes da banda Querô ensaiam três horas diariamente. A percussionista Juliana Rosa, de 15 anos, também se emocionou com a experiência. “Foi muito bom, vou lembrar para o resto da vida”, disse.

Para a gestora do convênio do Ponto de Cultura, Thaís Polydoro Ribeiro, alcançou-se o objetivo proposto de proporcionar o encontro entre o artista e a comunidade. “Trazer acesso à cultura, às coisas que a população daqui não tem no seu cotidiano, é o que me nutre, é o que me faz buscar esse tipo de parceria dentro dos Pontos de Cultura”.