Heroes, doravante  denominado Heróis é uma série americana em que seus personagens  principais possuem habilidades especiais, como voar, ficar invisível,  mover objetos, viajar através do tempo e do espaço, ouvir pensamentos,  regenerar o corpo, atravessar paredes entre outros que podem surgir  a cada novo episódio. 
Cada personagem tem um  dom particular, porém dois deles são diferentes Peter (Milo Ventimiglia) e Sylar  (Zachary Quinto). O mocinho e o vilão. O primeiro absorve os poderes  quando está próximo de outra pessoa que possua algum poder. O segundo  mata os heróis para ficar mais poderoso, aniquilar todos os outros  e ser único. 
Os 23 episódios da primeira  temporada contam a origem dos personagens e seus poderes. A primeira  vista são pessoas normais que de uma hora para outra se deparam com  algum poder que desconheciam anteriormente e agora não sabem como usá-lo  ou até que ponto esta nova habilidade pode ser útil ou prejudicial.
 
A histórias se passam  em vários estados norte-americanos, do Texas à Nova York. Como existem  personagens japoneses e indianos, alguns episódios apresentam cenas  no Japão e na Índia. O herói japonês, Hiro Nakamura (Masi Oka),  tem o dom congelar tempo e espaço, além de viajar para o passado e  futuro. 
O Indiano Mohinder Suresh (Sendhil Ramamurthy) não tem habilidades especiais à primeira vista, contudo, o pai dele, Chandra Suresh (Erick Avari), que era geneticista, teve uma filha especial, descobriu as mudanças genéticas que fazem as pessoas desenvolverem os poderes, cruzou os diferentes códigos genéticos e fez uma lista com os nomes e os endereços dos que nasceram diferentes.
Chandra Suresh procura  localizar as pessoas com estas aptidões e estudá-las, porém, o resultado  não ocorreu como ele esperava. 
Mortes cruéis acontecem  no decorrer dos episódios. Não há pistas para a polícia. Os agentes  federais encontram o nome de Sylar por trás dos assassinatos, todavia,  os crimes acontecem em diversos estados. O assassino seria somente uma  pessoa ou várias e por que as mortes ocorrem de forma desumana
 
Se dividíssemos a série  em três partes. A primeira vai narrar o surgimento dos heróis, do  vilão, de uma agência do governo com a fachada de uma fábrica de  papel e da batalha para o mocinho salvar a líder de torcida. “Salve  a líder de torcida e salve o mundo”, é o refrão dos diferentes  personagens no decorrer dos primeiros episódios acompanhado dos conflitos  que envolvem a vida da garota.
A segunda parte relata  uma reviravolta na história decorrentes do surgimento de novos personagens,  dos heróis que se rebelarem contra a agência e a descoberta de uma  nova missão. Proteger Nova York de uma explosão nuclear que ocorrerá  poucos dias após as eleições congressistas.
Como cada personagem  tem histórias pessoais, uma boa parte da série envolve a vida das  pessoas e como elas lidam com seus poderes no dia-a-dia. Os dramas particulares  são explorados nos episódios. Vale lembrar que um seriado tem estrutura  semelhante a uma novela e para se cativar o telespectador é preciso  fazer com que a vida dos heróis possuam características em comum com  a de quem assiste.
A inovação na série  é que os heróis não são imortais. Na terceira parte, mais alguns  deles morrem. Outros passam a se ajudarem mutuamente na tentativa de  evitar a explosão nuclear e se livrarem dos perigos. A luta do bem  contra o mal, maniqueísmo que faz parte do modo americano de ver as  coisas, é bem delimitada em toda a série, apesar dos mistérios. Reflexões  filosóficas permeiam quase todos os episódios da série, numa tentativa  de se juntar ação e filosofia.
A defesa da família  e a crítica aos políticos que fazem qualquer coisa para ocuparem o  poder, como fraudes nas eleições e negociatas com mafiosos são mostradas  na série. Retrato dos novos tempos americanos, acrescida da reflexão:  até que ponto a família é mais importante que a pátria, ou o sacrifício  individual justifica a defesa da sociedade.
Heróis mistura  ficção científica, histórias em quadrinhos com referências metalingüísticas,  estilo de narrativa clássico e vida cotidiana. O tempo passa de forma  aleatória. Presente no desenvolvimento dos acontecimentos, passado  em preto em branco para explicar as causas do presente e futuro onde  os personagens, que podem se tele-transportar, vêem os erros do presente  e das ações que devem evitar.
Em geral, as manifestações  artísticas apresentam duas características importantes. Heróis,  por sua vez, incorpora elementos de várias outras séries e filmes  contemporâneos como Matrix, Guerra nas Estrelas, Lost entre  outros, que os críticos classificam como pastiche. Outra característica  é refletir a sociedade contemporânea com suas tensões, medos, atrocidades  e o uso dos últimos recursos tecnológicos. Mesmo no futuro os problemas  sociais não são resolvidos e a civilização repete o passado.
 
Se o mitólogo, Joseph Campbell, estivesse vivo. Com certeza ele apontaria muitos arquétipos que a série faz uso. Talvez nos desse uma explicação mais profunda das questões filosóficas que entretém o telespectador e provavelmente diria que independente do que as histórias contem, os valores como amor, amizade, família, honestidade, solidariedade e um coração puro entre outros são a substância de todas elas.